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"Sem-documento" ficam sem benefícios
DA AGÊNCIA FOLHA
Vivendo debaixo de barracos
de lona, uma população espalhada pelo país de cerca de 100 mil
pessoas -semelhante à de cidades como Angra dos Reis (RJ) e
Cubatão (SP)- está impedida de
ingressar no programa de reforma agrária ou de simplesmente
receber o cartão do Fome Zero.
Em comum, elas não possuem
documentos básicos, como certidão de nascimento, RG e CPF,
exigência obrigatória para aderir
aos programas. Segundo as superintendências regionais do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), são 25,7
mil famílias nessas condições
-13% das acampadas.
Para uma família entrar nessa
estatística, basta que o marido ou
a mulher não tenha CPF, por
exemplo. Essa burocracia evita
que integrantes da mesma família
recebam dois lotes do governo.
"Isso é o extremo da falta de cidadania. Do ponto de vista oficial,
a pessoa nem existe. É necessária
uma mobilização para mudar esse quadro", disse Manoel José dos
Santos, presidente da Contag
(Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
O maior número dos chamados
"sem-documento" está na Bahia
-são 5.611 famílias entre as 18,1
mil acampadas no Estado. Na sequência vem Pernambuco, Mato
Grosso e Alagoas. Segundo a
ONG Ação da Cidadania, entre
20% e 30% das famílias carentes
do país não têm documentos.
Para solucionar o problema dos
acampados na Bahia, a superintendência regional do Incra e o
governo do Estado firmaram um
convênio. "Vamos aos acampamentos regularizar as famílias",
disse o superintendente regional
do Incra, Marcelino Martins Galo.
"É lamentável, mas faz parte da
grave realidade do campo. Temos
de evitar que uma pessoa fique fora da reforma por falta de um documento", declarou Gilmar Mauro, da direção nacional do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
O governo, que não tem ação
definida para o problema, estuda
uma parceria do Ministério do
Desenvolvimento Agrário com a
Coep -Rede Nacional de Mobilização Social.
(EDUARDO SCOLESE)
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