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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF afasta delegado e faz intervenção branca para controlar investigações
Orientação é restringir acesso a informações e concentrar apuração em policiais de confiança do diretor do órgão
O delegado Edmilson Pereira Bruno, que prendeu petista e ex-policial em São Paulo e fez a apreensão do dinheiro, está fora do caso
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal tentou abafar o caso do dossiê após descobrir o envolvimento de petistas
no escândalo. Em São Paulo,
onde um ex-agente da PF foi
preso, a orientação era restringir ao máximo o acesso a informações e concentrar a investigação nas mãos de policiais de
confiança do diretor-executivo
da PF, delegado Zulmar Pimentel, 55, segundo homem na
hierarquia do órgão.
Segundo a Folha apurou, o
delegado Edmilson Pereira
Bruno, que estava de plantão
na madrugada de sexta-feira e
prendeu o petista Valdebran
Padilha, foi afastado do caso.
Durante a operação, o delegado prendeu ainda o ex-agente da PF Gedimar Passos -que
negociava o dossiê com Padilha, no hotel Ibis-, apreendeu
R$ 1,7 milhão e colheu os primeiros depoimentos.
Na segunda-feira, Bruno foi
afastado. No lugar dele foram
acionados policiais ligados ao
superintendente em exercício
da PF em São Paulo, Severino
Alexandre, indicado para a diretoria executiva do órgão pelo
diretor-executivo Pimentel.
Como o superintendente em
exercício, a Folha apurou que
o policial preso também fazia
parte do grupo de agentes que
gozavam da confiança do diretor-executivo -a PF de Brasília
não confirmou a informação.
Por orientação do superintendente em exercício, todos
os delegados e agentes foram
proibidos de falar sobre o caso.
Também foi vetada a divulgação de imagens do dinheiro
apreendido no hotel.
As fitas de vídeo gravadas pelo circuito interno do Ibis, segundo um funcionário do hotel, haviam sido prometidas ao
delegado Bruno, que deveria
retirá-las na segunda-feira. Por
determinação do superintendente em exercício, o material
foi lacrado e encaminhado diretamente para ele.
Uma das situações consideradas "estranhas" por agentes
da PF, que pediram para que
seus nomes não fossem divulgados, foi o depoimento de
Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O superintendente em exercício determinou que Godoy
fosse ouvido na segunda-feira
por uma delegada assistente
dele, considerada "novata" na
profissão. O normal, dizem, seria Bruno ter assumido o interrogatório já que ele ouviu os
presos e é delegado de classe
especial, último grau na polícia.
A Folha tentou entrar em
contato ontem com o delegado
Bruno e com o superintendente em exercício. O primeiro, segundo a assessoria da PF, não
tinha autorização para falar
com a imprensa. Precisava da
aprovação de Alexandre.
A reportagem telefonou cinco vezes para o gabinete do superintendente Alexandre. As
secretárias informaram que
transmitiriam o recado, mas
que ele dificilmente fala com
jornalistas. Localizado por telefone, Bruno se negou a falar.
A PF em Brasília foi informada
sobre o teor da reportagem,
mas não retornou as ligações.
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