São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Petistas articulam a saída de Berzoini

Fortalecidos ao lado de Lula na campanha, ministros e dirigentes trabalham para evitar PT paulista forte num próximo governo

Discussão só deve ocorrer após eleições; Tarso pediu a Berzoini unidade no PT para que seja mantida chance de vitória de Lula no 1º turno


MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O enfraquecimento político do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, antecipa um debate interno na legenda sobre a estrutura de poder na máquina partidária e os grupos que estarão ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva num eventual segundo mandato. Ministros e dirigentes petistas hoje fortalecidos e ao lado de Lula trabalham para evitar que o PT paulista tenha força num próximo governo, caso o presidente se reeleja.
Essa articulação passa pelo afastamento de Berzoini da presidência do PT, mas está sendo conduzida com cautela para não provocar novas disputas internas que prejudiquem ainda mais as chances de vitória num primeiro turno. A idéia desse grupo é que o debate sobre o afastamento de Berzoini só ocorra depois de outubro ou no início de 2007.
Berzoini evitou a imprensa ontem, após ser desligado da coordenação-geral da campanha de Lula. Ele permaneceu em Brasília. Recebeu a visita do ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro. A visita foi para selar um pacto de unidade no PT até o fim da eleição.
A expectativa do núcleo mais próximo do presidente é que ele próprio dê as coordenadas de como afastar Berzoini. Por enquanto, Lula disse considerar que o presidente do PT já recebeu a punição merecida.
O novo coordenador-geral da campanha, Marco Aurélio Garcia, vice-presidente do PT; os ministros Tarso Genro, Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência); e lideranças petistas fora do circuito paulista, como Jorge Viana, ex-governador do Acre, Fernando Pimentel, prefeito de Belo Horizonte, e Marcelo Déda, candidato ao governo de Sergipe, fazem parte do núcleo que quer abrir o debate sobre a "banda podre" do PT em São Paulo.
"O desconforto no PT é enorme. É muita coincidência essa gente estar sempre envolvida: os paulistas, com trajetória no movimento sindical, do ABC", disse um membro da cúpula.
Berzoini tem mandato até 2008. No final de 2007 seria realizado o Congresso do PT. Até o momento não é cogitada a antecipação dele. O que deve ocorrer é uma convocação do diretório nacional para discutir as crises que abalaram o partido: a do mensalão e a do dossiê.
Caso Berzoini renuncie à presidência do PT ou peça licença temporária, o diretório nacional tem poderes para eleger um novo presidente. "Qualquer membro do diretório [neste caso] pode virar presidente", explica Valter Pomar, membro da coordenação de campanha de Lula e um dos vice-presidentes do PT.
Pomar disputou a eleição do PT com Berzoini. Ele diz que "não há elementos para questionar Berzoini na presidência". A única ressalva é se o nome dele aparecer de forma direta nas investigações sobre a venda do dossiê da família Vedoin, que incriminaria tucanos.


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