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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Petistas articulam a saída de Berzoini
Fortalecidos ao lado de Lula na campanha, ministros e dirigentes trabalham para evitar PT paulista forte num próximo governo
Discussão só deve ocorrer após eleições; Tarso pediu a Berzoini unidade no PT para que seja mantida chance de vitória de Lula no 1º turno
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O enfraquecimento político
do presidente nacional do PT,
Ricardo Berzoini, antecipa um
debate interno na legenda sobre a estrutura de poder na máquina partidária e os grupos
que estarão ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
num eventual segundo mandato. Ministros e dirigentes petistas hoje fortalecidos e ao lado
de Lula trabalham para evitar
que o PT paulista tenha força
num próximo governo, caso o
presidente se reeleja.
Essa articulação passa pelo
afastamento de Berzoini da
presidência do PT, mas está
sendo conduzida com cautela
para não provocar novas disputas internas que prejudiquem
ainda mais as chances de vitória num primeiro turno. A idéia
desse grupo é que o debate sobre o afastamento de Berzoini
só ocorra depois de outubro ou
no início de 2007.
Berzoini evitou a imprensa
ontem, após ser desligado da
coordenação-geral da campanha de Lula. Ele permaneceu
em Brasília. Recebeu a visita do
ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro. A visita
foi para selar um pacto de unidade no PT até o fim da eleição.
A expectativa do núcleo mais
próximo do presidente é que
ele próprio dê as coordenadas
de como afastar Berzoini. Por
enquanto, Lula disse considerar que o presidente do PT já
recebeu a punição merecida.
O novo coordenador-geral da
campanha, Marco Aurélio Garcia, vice-presidente do PT; os
ministros Tarso Genro, Dilma
Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência); e lideranças petistas
fora do circuito paulista, como
Jorge Viana, ex-governador do
Acre, Fernando Pimentel, prefeito de Belo Horizonte, e Marcelo Déda, candidato ao governo de Sergipe, fazem parte do
núcleo que quer abrir o debate
sobre a "banda podre" do PT
em São Paulo.
"O desconforto no PT é enorme. É muita coincidência essa
gente estar sempre envolvida:
os paulistas, com trajetória no
movimento sindical, do ABC",
disse um membro da cúpula.
Berzoini tem mandato até
2008. No final de 2007 seria
realizado o Congresso do PT.
Até o momento não é cogitada a
antecipação dele. O que deve
ocorrer é uma convocação do
diretório nacional para discutir
as crises que abalaram o partido: a do mensalão e a do dossiê.
Caso Berzoini renuncie à
presidência do PT ou peça licença temporária, o diretório
nacional tem poderes para eleger um novo presidente. "Qualquer membro do diretório
[neste caso] pode virar presidente", explica Valter Pomar,
membro da coordenação de
campanha de Lula e um dos vice-presidentes do PT.
Pomar disputou a eleição do
PT com Berzoini. Ele diz que
"não há elementos para questionar Berzoini na presidência". A única ressalva é se o nome dele aparecer de forma direta nas investigações sobre a
venda do dossiê da família Vedoin, que incriminaria tucanos.
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