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Governo cogita "sacrificar" indicado ao Dnit para retomar votações
Por trégua com oposição, líderes governistas tentam acordo que retiraria Luiz Antonio Pagot do começo da lista de nomeações; tucanos resistem ao nome
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes da base governista no
Senado articulam um acordo
que pode sacrificar a indicação
de Luiz Antonio Pagot para a
direção do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura
de Transportes) em troca de
uma trégua da oposição para
retomar as votações e aplacar a
pressão sob o presidente da Casa, Renan Calheiros.
Reservadamente, Renan deu
aval à operação. A avaliação dele é que a disputa para aprovar
o nome de Pagot tem se refletido em derrotas para ele. Além
disso, como a indicação irrita o
PSDB, poderia servir como aceno para a reaproximação.
A pauta da Casa está trancada à espera da votação de medidas provisórias. Quando isso
ocorre, somente indicações de
autoridades podem ser votadas. O nome de Pagot é o primeiro da fila. O governo tentou
votá-lo duas vezes nesta semana, mas não conseguiu colocar
41 senadores no plenário -mínimo necessário para segurar o
quórum de votação. Renan insistiu nas votações.
Para que a indicação perca a
prioridade basta que um senador proponha a alteração da ordem de votação. Isso, entretanto, abriria caminho para que
seu nome fosse rejeitado.
Pagot foi indicado pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR). Ele é filiado ao
PR e foi secretário de Infra-Estrutura do Estado. Sua indicação para o Dnit foi aprovada em
sabatina no dia 7 de agosto
-por 17 votos a 6- pela Comissão de Infra-Estrutura da Casa.
Braço operacional do Ministério dos Transportes, também
cota do PR na Esplanada, o
Dnit gerencia orçamento anual
de quase R$ 12 bilhões -somados restos a pagar.
O PSDB resiste à indicação
de Pagot. Na sabatina, o senador Mário Couto (PSDB-PA) o
criticou por ter omitido que
trabalhou no Senado entre
1995 e 2002, mas simultaneamente trabalhava em empresa
privada. Esse acúmulo de empregos seria ilegal.
Pagot afirma que o Senado
sabia que ele tinha dois empregos e atribui a resistência a
questões locais, como a rivalidade com o ex-senador Antero
Paes de Barros (PSDB-MT).
Diante do impasse, líderes do
governo cogitam deixar a indicação de lado. "Se esse for o
problema para desobstruir a
pauta, não me oponho. A discórdia está sendo o Pagot. Tem
outras matérias que a oposição
quer votar", disse o líder do
PMDB, Valdir Raupp (RO).
"Se houver acordo e possibilidade regimental de suspender
a votação em andamento, eu
concordo. É uma indicação que
há meses enfrenta problemas",
afirmou a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).
Caso isso ocorra, o governo
tentará votar outras indicações, como a de Paulo Lacerda
para chefiar a Abin (Agência
Brasileira de Inteligência).
Apesar da obstrução, os partidos de oposição aceitam votar
algumas indicações e projetos
do governo caso consigam dar
prioridade na pauta para três
itens: o projeto que acaba com
sessões secretas em votações
de cassação de mandato, a PEC
(Proposta de Emenda Constitucional) que determina o voto
aberto, e o projeto que afasta da
Mesa senadores com processos
no Conselho de Ética. Desses
três itens, apenas o primeiro
deve passar.
"Melhor nome"
O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), afirmou
ontem que se Luiz Antonio Pagot ficar fora da presidência do
Dnit poderá ser nomeado para
qualquer secretaria do governo
estadual. "É o melhor nome
que temos", afirmou.
Maggi disse que conversou
com a ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) e o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações
Institucionais) no fim da semana passada sobre a demora na
nomeação de Pagot, que precisa ser aprovada no Senado. "Eu
disse que [se fosse necessário]
retiraria o nome [de Pagot para
o cargo]", afirmou Maggi.
A resposta dos ministros, segundo o governador, foi: "Nós
precisamos dele [Pagot] no governo [Dnit]".
Além de ter sido secretário
estadual de Educação e de Infra-Estrutura, Pagot trabalhou
de 1993 a 1999 como consultor
do grupo André Maggi, que pertence ao governador. De 1995 a
2002, foi diretor-superintendente da Hermasa Navegação
da Amazônia, outra empresa de
Blairo Maggi.
Colaborou HUDSON CORRÊA, da Agência Folha,
em Campo Grande
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