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Recurso de Toffoli suspende condenação
Apelo à Justiça do Amapá dentro do prazo legal susta efeito de sentença que condena advogado-geral a ressarcir Estado em R$ 420 mil
Magistrado não apreciou
argumentos da defesa de
Toffoli, indicado por Lula ao
STF; decisão fica suspensa
até julgamento da apelação
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A Justiça do Amapá recebeu
ontem a apelação da sentença
que havia condenado José Antonio Dias Toffoli, advogado-geral da União, a ressarcir os
cofres do Estado em R$ 420
mil. Na prática, isso suspende
os efeitos da decisão.
Em seu despacho, o juiz titular da 2ª Vara Cível de Macapá,
Mário Euzébio Mazurek, não
chega a apreciar os argumentos
da defesa de Toffoli, indicado
pelo presidente Lula para uma
vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Como o recurso
foi apresentado dentro do prazo legal, Mazurek não poderia
ter deixado de aceitá-lo.
O objetivo da suspensão, prevista no Código de Processo Civil, é evitar que Toffoli seja
obrigado a cumprir a decisão,
proferida no último dia 8, antes
de sua defesa ser apreciada pelo
Tribunal de Justiça do Amapá.
A partir da publicação do
despacho de ontem, Annibal
Barcellos, ex-governador do
Estado e autor da ação popular
que levou à condenação, terá 15
dias para apresentar seus argumentos. Só depois disso é que o
TJ-AP decidirá se derruba ou
mantém a sentença.
Especialistas em direito
constitucional ouvidos pela
Folha afirmaram que, mesmo
que Toffoli se torne ministro
antes de o TJ julgar a apelação,
o processo continuará com os
desembargadores do Amapá.
Isso porque os ministros do
STF não têm foro diferenciado
nas questões cíveis, segundo
afirmaram os especialistas.
Toffoli, seu ex-sócio Luís Maximiliano Telesca, o ex-governador João Capiberibe (PSB-AP) e o então procurador-geral
do Amapá, João Batista Plácido, foram condenados a restituir o valor pago a partir de
2001 para que os advogados defendessem o Estado em tribunais superiores.
O valor do contrato, ganho
por meio de uma licitação, chega a R$ 700 mil, em valores
atualizados. A sentença havia
entendido que o contrato era
nulo por dois motivos centrais.
Primeiro, a sentença aponta
irregularidades no processo licitatório, já que ele não foi devidamente acompanhado pela
comissão estadual que cuida
das concorrências públicas.
Segundo, concluiu que o governo não precisaria ter contratado mais advogados para
fazer o serviço e poderia ter
usado seus próprios servidores.
Outro lado
Em sua defesa, Toffoli argumentou que o trabalho foi efetivamente prestado e que, durante o processo, teve seu direito de defesa cerceado.
Afirmou que há decisões de
tribunais superiores confirmando a legalidade desse tipo
de contrato.
Capiberibe afirmou não ter
responsabilidade nenhuma em
relação à contratação. Segundo
ele, a ação tem motivação "política" e é uma das mais de 190
ações populares movidas por
desafetos seus. Ele já ganhou
cerca de 140 delas, disse.
Telesca, ex-sócio de Toffoli,
disse que "a contratação questionada na ação foi completamente lícita" e que os serviços
"foram devidamente prestados". Plácido não foi localizado
pela reportagem da Folha.
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