São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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ANPOCS

26ª edição do evento reúne 1.500 em MG e apresenta mais de 300 trabalhos

Encontro discutirá futuro da pesquisa na área social

DA SUCURSAL DO RIO

Principal encontro de cientistas sociais do país, o Congresso da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) começa hoje sua 26ª edição com a preocupação de discutir o futuro das disciplinas que estudam a sociedade e o fato de estarem perdendo terreno para a genética nas explicações difundidas e aceitas sobre o comportamento humano.
O congresso, que acontece de hoje até sábado, em Caxambu (sul de Minas Gerais), reunirá 1.500 participantes e servirá para a apresentação e a discussão de mais de 300 estudos nas áreas de sociologia, antropologia e ciência política.
Segundo a secretária-geral da Anpocs, a socióloga da USP (Universidade de São Paulo) Maria Arminda do Nascimento Arruda, a maior importância adquirida pela genética para tentar explicar ações humanas é uma "tendência conservadora". Cabe às ciências sociais, diz, "resgatar a centralidade da cultura e mostrar que, tendo ou não base genética, os comportamentos humanos são apreendidos na sociedade".
A importância da discussão, segundo a socióloga, não estaria numa simples defesa corporativa do ofício de sociólogos, antropólogos e cientistas políticos. Para ela, o limite dessas posições "conservadoras, simplistas, que haviam sido ultrapassadas" seria a adoção de soluções "eugênicas", ou seja, tentativas de "melhoramento" de características da espécie humana por meio de manipulações feitas em seus genes.
Mas o Congresso da Anpocs "não é voltado para uma única discussão temática". Arruda diz que "uma particularidade desse encontro é a relação muito mais definida entre os temas de reflexão propostos e as questões sociais atuais".

Atualidades
Entre esses temas de palestras e grupos de trabalho estarão questões recentes como a crise argentina, violência, crise do Oriente Médio e, inevitavelmente, eleições presidenciais no Brasil.
Amanhã, por exemplo, a quatro dias do segundo turno do pleito pela Presidência, uma mesa redonda discutirá as "eleições 2002 e cenários pós-eleitorais". Participarão os cientistas políticos Luiz Werneck Vianna e Wanderley Guilherme dos Santos, ambos do Iuperj, e os economistas Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp) e Roberto Borges Martins do Ipea.
Na quinta, uma outra mesa tratará da própria Anpocs e seus 25 anos. Fundada em 1977, a partir do trabalho de pesquisadores do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), paulista, e do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro), a associação serviria para retomar, com a abertura política, a discussão crítica e a institucionalização das ciências sociais.
Arruda destaca o trabalho realizado por alguns cientistas sociais brasileiros Francisco Weffort (atualmente ministro da Cultura), Olavo Brasil, Wanderley Guilherme dos Santos e do presidente Fernando Henrique Cardoso como fundamentais para a criação da associação.


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