|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANPOCS
26ª edição do evento reúne 1.500 em MG e apresenta mais de 300 trabalhos
Encontro discutirá futuro da pesquisa na área social
DA SUCURSAL DO RIO
Principal encontro de cientistas
sociais do país, o Congresso da
Anpocs (Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em
Ciências Sociais) começa hoje sua
26ª edição com a preocupação de
discutir o futuro das disciplinas
que estudam a sociedade e o fato
de estarem perdendo terreno para
a genética nas explicações difundidas e aceitas sobre o comportamento humano.
O congresso, que acontece de
hoje até sábado, em Caxambu (sul
de Minas Gerais), reunirá 1.500
participantes e servirá para a
apresentação e a discussão de
mais de 300 estudos nas áreas de
sociologia, antropologia e ciência
política.
Segundo a secretária-geral da
Anpocs, a socióloga da USP (Universidade de São Paulo) Maria
Arminda do Nascimento Arruda,
a maior importância adquirida
pela genética para tentar explicar
ações humanas é uma "tendência
conservadora". Cabe às ciências
sociais, diz, "resgatar a centralidade da cultura e mostrar que, tendo
ou não base genética, os comportamentos humanos são apreendidos na sociedade".
A importância da discussão, segundo a socióloga, não estaria numa simples defesa corporativa do
ofício de sociólogos, antropólogos e cientistas políticos. Para ela,
o limite dessas posições "conservadoras, simplistas, que haviam
sido ultrapassadas" seria a adoção
de soluções "eugênicas", ou seja,
tentativas de "melhoramento" de
características da espécie humana
por meio de manipulações feitas
em seus genes.
Mas o Congresso da Anpocs
"não é voltado para uma única
discussão temática". Arruda diz
que "uma particularidade desse
encontro é a relação muito mais
definida entre os temas de reflexão propostos e as questões sociais atuais".
Atualidades
Entre esses temas de palestras e
grupos de trabalho estarão questões recentes como a crise argentina, violência, crise do Oriente
Médio e, inevitavelmente, eleições
presidenciais no Brasil.
Amanhã, por exemplo, a quatro
dias do segundo turno do pleito
pela Presidência, uma mesa redonda discutirá as "eleições 2002
e cenários pós-eleitorais". Participarão os cientistas políticos Luiz
Werneck Vianna e Wanderley
Guilherme dos Santos, ambos do
Iuperj, e os economistas Luiz
Gonzaga Belluzzo (Unicamp) e
Roberto Borges Martins do Ipea.
Na quinta, uma outra mesa tratará da própria Anpocs e seus 25
anos. Fundada em 1977, a partir
do trabalho de pesquisadores do
Cebrap (Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento), paulista,
e do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro),
a associação serviria para retomar, com a abertura política, a
discussão crítica e a institucionalização das ciências sociais.
Arruda destaca o trabalho realizado por alguns cientistas sociais
brasileiros Francisco Weffort
(atualmente ministro da Cultura),
Olavo Brasil, Wanderley Guilherme dos Santos e do presidente
Fernando Henrique Cardoso como fundamentais para a criação
da associação.
Texto Anterior: Justiça: Deputado será julgado por 3 homicídios Próximo Texto: Brasil Profundo: Mais 57 trabalhadores são libertados no PA Índice
|