São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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Relatório do TCU liga governador a desvio de R$ 55 milhões no DF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) concluído no dia 3 deste mês aponta o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição, como um dos responsáveis por um prejuízo aos cofres públicos de R$ 55 milhões -valor atualizado- decorrente de quatro desapropriações de terras.
Com base no documento, os ministros do TCU, quando julgarem o caso, podem condenar o governador a devolver parte desse valor à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) -estatal que administra as terras públicas no DF-, lesada nas negociações. Como a União tem 49% do capital da Terracap, o TCU tem poderes para fiscalizar seu desempenho.
Roriz nega responsabilidade no caso. O relatório, a ser enviado nos próximos dias ao ministro Lincoln Magalhães da Rocha, mostra quatro negociações que produziram o prejuízo.
1) Em 8 de agosto de 1994, a Terracap pagou R$ 6,556 milhões à Vale do Simental Agropecuária por uma área de 339 hectares, que havia sido adquirida pela empresa três anos antes por R$ 63 mil.
O negócio foi celebrado a pedido da Vale do Simental. Roriz assinou decreto (nš 15.532, de 24 de março de 1994) declarando a terra "de utilidade pública" e determinando sua "desapropriação urgente". Para o TCU, foi de forma indevida. Os auditores entenderam que "se configurou crime de responsabilidade".
2) Em 25 de outubro de 1999, a Terracap pagou R$ 3,6 milhões, novamente à Vale do Simental, por imóvel no Setor de Postos e Motéis Norte. Segundo o TCU, a empresa havia incorporado a área por R$ 410 mil cinco anos antes. Numa transação com a própria Terracap. Outra vez, sem que nenhuma benfeitoria tivesse sido construída.
3) Cinco glebas do núcleo rural Alexandre Gusmão foram desapropriadas a valores superfaturados. Três delas por pelos menos 44 vezes seu valor real e duas por ao menos 23 vezes, segundo o relatório do tribunal.
4) Na desapropriação de parte da fazenda Monjolos, a Terracap deixou de incorporar áreas pagas aos antigos donos nos documentos de transmissão do imóvel. Depois, enfrentou ação judicial para que fosse feito novo pagamento.
A investigação do TCU levantou um documento que relata de forma minuciosa os encontros de Roriz com o deputado eleito Pedro Passos (PSD-DF), acusado de grilagem de terras no DF. Pedro e seu irmão Márcio tiveram a prisão decretada. Pedro obteve habeas corpus. Márcio está foragido.
Esse documento é o "Livro de entrada e saída de Águas Claras e da fazenda Palmas". Elaborado pela Casa Militar, subordinada a Roriz, relata 12 visitas de Passos à residência oficial do governador e à sua fazenda particular no segundo semestre de 1994.



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