São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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Para PSDB, falta de dólar é causa de juro alto

É possível ainda algum aumento da carga tributária para acomodar os gastos crescentes com a dívida pública ou no novo governo, em 2003, será necessário um aumento ainda maior que o previsto atualmente de corte de despesa pública? Os senhores pretendem aumentar o superávit fiscal em 2003 para mais de 3,75% do PIB?
Vamos dizer com todas as letras, mais uma vez:
a) José Serra é contra aumentar a carga tributária em 2003 ou no resto de seu mandato, pois ela já é demasiadamente alta;
b) Os gastos com o serviço da dívida cairão com um governo que tenha credibilidade e responsabilidade -perfil que, na campanha eleitoral deste ano, tem José Serra como representante;
c) Nosso programa de governo tem um compromisso claro: sempre gerar o superávit que for necessário para reduzir e manter a dívida pública em patamar confortável.
A carga tributária cresceu muito nos últimos anos e está no limite. Aumentá-la só vai estimular a sonegação, inviabilizar investimentos produtivos das empresas e reduzir o consumo das famílias, inviabilizando a retomada de taxas mais vigorosas de crescimento econômico.
A solução para a equação financeira está no aumento da produção e das exportações. O país precisa exportar mais e substituir importações, produzir mais para criar empregos e elevar a arrecadação sem aumentar os impostos. O aumento do PIB e a redução da taxa de câmbio, pela retomada da confiança no futuro do país, vão melhorar a relação entre a dívida pública e o PIB, diminuir os encargos financeiros e permitir condições mais vantajosas de negociação da dívida pública.
O superávit primário de 3,75% estabelecido para o ano que vem está adequado, se mantidos os fundamentos atuais da política econômica e desde que o governo deixe claro o seu compromisso com a austeridade e a responsabilidade fiscal, com a responsabilidade cambial, o controle da inflação e o respeito aos contratos em vigor.

Os bancos e cidadãos com aplicações financeiras em títulos públicos são considerados grandes beneficiários das altas taxas de juros dos últimos nove anos. Os senhores acreditam que os ganhos de bancos devem ser mais tributados? Os senhores acreditam que o excesso de tributação sobre os bancos (além de problemas como a falta de garantias legais suficientes para a recuperação de empréstimos) é uma causa do alto nível das taxas de juros para o consumidor?
Aumentar a tributação sobre os bancos e sobre as aplicações financeiras é uma boa estratégia de marketing. Mas sem resultados práticos.
Há gente, de quem se esperaria responsabilidade, que acusa o governo de aumentar os juros para engordar o lucro dos bancos e beneficiar os especuladores. Essa é uma visão primária, de quem desconhece os mecanismos do mercado e acha que o governo federal age deliberadamente para transferir renda dos mais pobres para os ricos.
Mas discurso não reduz taxa de juros nem inflação. Os juros só vão baixar quando eliminarmos a vulnerabilidade externa da economia brasileira. O Brasil se ressente da falta de dólares. O déficit no balanço de pagamentos é que obriga o país a manter altas taxas de juros a fim de captar investimentos estrangeiros. A saída é investir e trabalhar A fim de aumentar a produção interna de petróleo, ampliar as exportações, reduzir as importações e captar dólares por meio da expansão do turismo.
Tudo como prevê o programa bem articulado e consistente de José Serra.


José Roberto Rodrigues Afonso, 42, respondeu por José Serra às questões da Folha. Economista, mestre em economia pela UFRJ, funcionário de carreira do BNDES, atualmente superintendente licenciado da área de assuntos fiscais e emprego do BNDES, é um dos coordenadores do programa de José Serra.



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