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Para PSDB, falta de dólar é causa de juro alto
É possível ainda algum aumento
da carga tributária para acomodar
os gastos crescentes com a dívida
pública ou no novo governo, em
2003, será necessário um aumento
ainda maior que o previsto atualmente de corte de despesa pública? Os senhores pretendem aumentar o superávit fiscal em 2003
para mais de 3,75% do PIB?
Vamos dizer com todas as letras,
mais uma vez:
a) José Serra é contra aumentar
a carga tributária em 2003 ou no
resto de seu mandato, pois ela já é
demasiadamente alta;
b) Os gastos com o serviço da
dívida cairão com um governo
que tenha credibilidade e responsabilidade -perfil que, na campanha eleitoral deste ano, tem José Serra como representante;
c) Nosso programa de governo
tem um compromisso claro: sempre gerar o superávit que for necessário para reduzir e manter a
dívida pública em patamar confortável.
A carga tributária cresceu muito
nos últimos anos e está no limite.
Aumentá-la só vai estimular a sonegação, inviabilizar investimentos produtivos das empresas e reduzir o consumo das famílias, inviabilizando a retomada de taxas
mais vigorosas de crescimento
econômico.
A solução para a equação financeira está no aumento da produção e das exportações. O país precisa exportar mais e substituir importações, produzir mais para
criar empregos e elevar a arrecadação sem aumentar os impostos.
O aumento do PIB e a redução da
taxa de câmbio, pela retomada da
confiança no futuro do país, vão
melhorar a relação entre a dívida
pública e o PIB, diminuir os encargos financeiros e permitir condições mais vantajosas de negociação da dívida pública.
O superávit primário de 3,75%
estabelecido para o ano que vem
está adequado, se mantidos os
fundamentos atuais da política
econômica e desde que o governo
deixe claro o seu compromisso
com a austeridade e a responsabilidade fiscal, com a responsabilidade cambial, o controle da inflação e o respeito aos contratos em
vigor.
Os bancos e cidadãos com aplicações financeiras em títulos públicos são considerados grandes beneficiários das altas taxas de juros
dos últimos nove anos. Os senhores
acreditam que os ganhos de bancos devem ser mais tributados? Os
senhores acreditam que o excesso
de tributação sobre os bancos
(além de problemas como a falta de
garantias legais suficientes para a
recuperação de empréstimos) é
uma causa do alto nível das taxas
de juros para o consumidor?
Aumentar a tributação sobre os
bancos e sobre as aplicações financeiras é uma boa estratégia de
marketing. Mas sem resultados
práticos.
Há gente, de quem se esperaria
responsabilidade, que acusa o governo de aumentar os juros para
engordar o lucro dos bancos e beneficiar os especuladores. Essa é
uma visão primária, de quem desconhece os mecanismos do mercado e acha que o governo federal
age deliberadamente para transferir renda dos mais pobres para
os ricos.
Mas discurso não reduz taxa de
juros nem inflação. Os juros só
vão baixar quando eliminarmos a
vulnerabilidade externa da economia brasileira. O Brasil se ressente da falta de dólares. O déficit
no balanço de pagamentos é que
obriga o país a manter altas taxas
de juros a fim de captar investimentos estrangeiros. A saída é investir e trabalhar A fim de aumentar a produção interna de petróleo, ampliar as exportações, reduzir as importações e captar dólares por meio da expansão do turismo.
Tudo como prevê o programa
bem articulado e consistente de
José Serra.
José Roberto Rodrigues Afonso, 42,
respondeu por José Serra às questões da
Folha. Economista, mestre em economia
pela UFRJ, funcionário de carreira do
BNDES, atualmente superintendente licenciado da área de assuntos fiscais e
emprego do BNDES, é um dos coordenadores do programa de José Serra.
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