|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROLO TRIBUTÁRIO
Propostas de interesse imediato do governo podem valer já em 2004
Relator decide manter regra
da CPMF, mas altera o ICMS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da reforma tributária
no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), decidiu manter inalteradas,
na nova versão do projeto, as propostas de interesse mais imediato
para os caixas da União e dos governadores. Jucá fez mudanças,
porém, na principal inovação introduzida pelo projeto -a unificação da legislação do ICMS.
A estratégia segue os interesses
do Planalto e dos Estados: os pontos aprovados com a mesma redação pela Câmara e pelo Senado
poderão ser promulgados ainda
neste ano e vigorar em 2004, como a prorrogação da CPMF e os
repasses de recursos federais a Estados e municípios.
Temas mais controversos, incluindo o novo ICMS e o fim da
guerra fiscal entre Estados pela
atração de empresas, objeto de alteração pelos senadores, terão de
ser apreciados novamente pelos
deputados.
"Acredito que apenas 20% do
projeto terá de retornar à Câmara", disse Jucá. No início do mês, o
Senado, a partir de acordo entre
todos os partidos, havia anunciado a intenção de promover uma
ampla reformulação do texto
aprovado pelos deputados.
O relatório de Jucá deverá ser
apresentado oficialmente hoje à
Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas sua votação
não ocorrerá antes da próxima semana. Pelo que o senador antecipou, as alterações mais importantes estarão concentradas no
ICMS, imposto sobre a venda de
mercadorias e serviços que é a
maior fonte de receita de Estados
e municípios.
No relatório de Jucá, a palavra
final sobre a alíquota incidente sobre cada produto não caberá mais
aos Estados, e sim ao Senado. Para especialistas, os governadores,
em busca de mais receitas, tendem a nivelar as alíquotas por cima. Os Estados já sinalizaram que
aceitam a nova regra.
Jucá decidiu incluir, entre os
produtos tributados pela menor
alíquota do ICMS, os insumos
agrícolas e o consumo de energia
elétrica pela população de baixa
renda. Pelo texto da Câmara, o benefício, que pode chegar à isenção
total do ICMS, valia apenas para
artigos da cesta básica e medicamentos de uso popular.
Apesar das mudanças, o senador disse acreditar na possibilidade de promulgar, ainda neste ano,
a unificação do ICMS -essa hipótese pressupõe que o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), julgue que o cerne
da proposta não foi alterado.
Guerra fiscal
O relatório vai autorizar a prorrogação por 11 anos dos benefícios fiscais concedidos pelos Estados até 30 de abril para a atração
de empresas, alterando o prazo de
30 de setembro fixado pelos deputados. Os benefícios concedidos entre uma data e outra serão
examinados pelo Senado. "Esse é
o filtro que vai separar o joio do
trigo", disse Jucá.
A data estabelecida pela Câmara
provocou o acirramento da guerra fiscal entre os Estados, que promoveram uma corrida para a
aprovação de novos incentivos.
O assunto divide os governadores. O Centro-Oeste, liderado por
Goiás e apoiado por Estados como o Ceará, quer a data de 30 de
setembro. São Paulo e Minas lideram as pressões por regras mais
rígidas contra a guerra fiscal.
Outro ponto de atrito é o Fundo
de Desenvolvimento Regional,
que Jucá manteve como uma fonte de empréstimos ao setor privado. Os governadores, que rejeitam o formato proposto pelos deputados, tampouco aceitaram a
alternativa do Senado: um percentual mínimo de investimentos
federais e financiamentos do
BNDES para Norte, Nordeste e
Centro-Oeste.
(GUSTAVO PATÚ)
Texto Anterior: Mídia: Ciro faz ataque à imprensa e defende juízes Próximo Texto: Descontração Índice
|