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Fogaça quer quebrar dualismo PT-PSDB
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Depois de 16 anos sob administração petista, a hegemonia pode
ser quebrada no dia 31 pelas mãos
do PPS de José Fogaça, 57. O candidato diz que sua eventual eleição serviria para acabar com a polarização entre PT e PSDB no cenário político nacional.
"É uma boa maneira de romper
com esse dualismo, se vier mesmo a ocorrer", afirmou, durante
entrevista concedida para a Agência Folha.
O ex-senador, cujo partido integra a base do governo Luiz Inácio
Lula da Silva, tem críticas e elogios
à administração do governo federal. Leia a seguir, os principais trechos da entrevistas.
Agência Folha - Sendo candidato
do PPS, como o sr. avalia o governo
do petista Luiz Inácio Lula da Silva,
do qual seu partido é aliado?
José Fogaça - Avalio como um
governo que logrou uma vitória
importante, uma geração de confiança interna e externa. Não há
fuga de capital, e não há nenhuma
visão catastrofista permeando os
investidores estrangeiros. Ele gerou confiança pela seriedade na
condução econômica, monetária.
Não é uma grande vitória. O que
ele conseguiu foi uma estabilidade a partir de uma postura responsável. Mas há outras áreas do
governo federal em que a visão
petista se expressa de forma mais
incisiva, como no setor elétrico,
que é avesso a novos investimentos. A expansão dos serviços de
energia não vai ocorrer porque
criaram regras que dependem de
decisões governamentais. No setor tributário, a carga de 38% do
PIB é insuportável. Isso inibe o
país de crescer.
Agência Folha - O sr. vê seu adversário, Raul Pont, como representante dessas áreas com uma "visão
mais petista"?
Fogaça - Está identificado com
isso. Tenho impressão de que isso
diverge do governo Lula como
um todo. Mas essa não é uma
questão que estou colocando como prioritária. O foco tem de ser
o município.
Agência Folha - O sr. é definido
pelo seu adversário como um privatista. O que o sr. acha disso?
Fogaça - É uma definição que se
poderia dar também ao ministro
Palocci [Antonio Palocci, da Fazenda], que veio ao meu gabinete
pedir que eu votasse a favor da
privatização do saneamento básico em Ribeirão Preto (interior de
São Paulo), quando ele era prefeito da cidade.
Onde há um documento nosso
defendendo privatizações? Não só
não vou privatizar como é impossível que isso ocorra, porque há lei
proibindo.
Agência Folha - O sr. acredita que
uma vitória sua pode atenuar a
propalada tendência de divisão do
país entre o PT e o PSDB?
Fogaça - É uma boa maneira de
romper com esse dualismo, se isso vier mesmo a ocorrer. Na verdade, há sempre dois partidos que
se confrontam na política municipal. Mas isso é dinâmico, não é
permanente.
Agência Folha - Como o sr. vê as
pesquisas eleitorais, que o indicam
como líder na disputa pela prefeitura?
Fogaça - As pesquisas têm sido
favoráveis, mas não podemos
considerar as eleições ganhas. O
partido do governo [federal e municipal] espalha boatos nas vilas,
na periferia. Há um trabalho intenso de boataria, de gerar desinformação, inventar situações.
Mesmo que eu tenha passado toda a campanha dizendo que vou
manter o Orçamento Participativo e creches comunitárias, dizem
que vamos acabar com elas. Eu digo que o que é bom vai ficar, e eles
querem desqualificar isso.
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