São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fogaça quer quebrar dualismo PT-PSDB

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Depois de 16 anos sob administração petista, a hegemonia pode ser quebrada no dia 31 pelas mãos do PPS de José Fogaça, 57. O candidato diz que sua eventual eleição serviria para acabar com a polarização entre PT e PSDB no cenário político nacional.
"É uma boa maneira de romper com esse dualismo, se vier mesmo a ocorrer", afirmou, durante entrevista concedida para a Agência Folha.
O ex-senador, cujo partido integra a base do governo Luiz Inácio Lula da Silva, tem críticas e elogios à administração do governo federal. Leia a seguir, os principais trechos da entrevistas.
 

Agência Folha - Sendo candidato do PPS, como o sr. avalia o governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva, do qual seu partido é aliado?
José Fogaça -
Avalio como um governo que logrou uma vitória importante, uma geração de confiança interna e externa. Não há fuga de capital, e não há nenhuma visão catastrofista permeando os investidores estrangeiros. Ele gerou confiança pela seriedade na condução econômica, monetária. Não é uma grande vitória. O que ele conseguiu foi uma estabilidade a partir de uma postura responsável. Mas há outras áreas do governo federal em que a visão petista se expressa de forma mais incisiva, como no setor elétrico, que é avesso a novos investimentos. A expansão dos serviços de energia não vai ocorrer porque criaram regras que dependem de decisões governamentais. No setor tributário, a carga de 38% do PIB é insuportável. Isso inibe o país de crescer.

Agência Folha - O sr. vê seu adversário, Raul Pont, como representante dessas áreas com uma "visão mais petista"?
Fogaça -
Está identificado com isso. Tenho impressão de que isso diverge do governo Lula como um todo. Mas essa não é uma questão que estou colocando como prioritária. O foco tem de ser o município.

Agência Folha - O sr. é definido pelo seu adversário como um privatista. O que o sr. acha disso?
Fogaça -
É uma definição que se poderia dar também ao ministro Palocci [Antonio Palocci, da Fazenda], que veio ao meu gabinete pedir que eu votasse a favor da privatização do saneamento básico em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), quando ele era prefeito da cidade.
Onde há um documento nosso defendendo privatizações? Não só não vou privatizar como é impossível que isso ocorra, porque há lei proibindo.

Agência Folha - O sr. acredita que uma vitória sua pode atenuar a propalada tendência de divisão do país entre o PT e o PSDB?
Fogaça -
É uma boa maneira de romper com esse dualismo, se isso vier mesmo a ocorrer. Na verdade, há sempre dois partidos que se confrontam na política municipal. Mas isso é dinâmico, não é permanente.

Agência Folha - Como o sr. vê as pesquisas eleitorais, que o indicam como líder na disputa pela prefeitura?
Fogaça -
As pesquisas têm sido favoráveis, mas não podemos considerar as eleições ganhas. O partido do governo [federal e municipal] espalha boatos nas vilas, na periferia. Há um trabalho intenso de boataria, de gerar desinformação, inventar situações. Mesmo que eu tenha passado toda a campanha dizendo que vou manter o Orçamento Participativo e creches comunitárias, dizem que vamos acabar com elas. Eu digo que o que é bom vai ficar, e eles querem desqualificar isso.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.