São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DE DIRCEU

Relator nega ter distorcido declarações e afirma que acusação de que comprou carro com dinheiro vivo "foi uma matéria plantada"

Dirceu usa tese para rebater fato, diz Delgado

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse ontem que José Dirceu (PT-SP) usa "teses para rebater fatos" ao desqualificar o relatório em que pede a cassação do petista por quebra decoro parlamentar.
"Ele tem de ler melhor o relatório. Não coloquei nenhuma frase na boca de ninguém", disse, em entrevista por telefone. Delgado contou que ouviu a fala de Dirceu pelo rádio. "Estava viajando, a caminho de Juiz de Fora (MG)."
Delgado rebateu todos os pontos colocados em questão por Dirceu durante a entrevista. "Não tirei nada de contexto. Em momento algum deixei de colocar as frases entre aspas", disse.
O relator insinuou que é Dirceu quem retira as declarações de contextos determinados para fazer a defesa dele. "Quando interessa, ele usa as declarações do Marcos Valério. Quando não interessa, ele despreza", disse.
Delgado comentou o suposto uso das declarações do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que é testemunha de defesa de José Dirceu no processo de cassação: "Foi o Arlindo que disse que ele [Dirceu] ainda tinha força no PT".
Delgado explicou o comentário de Dirceu sobre a denúncia de que teria comprado um automóvel em agosto passado com dinheiro vivo: "Aquilo foi uma matéria plantada por gente insatisfeita com minha saída do PPS".
Sobre sua audiência com Dirceu na Casa Civil, Delgado disse que só esteve no Palácio do Planalto uma vez: "E isso não constou na agenda. Como também não constaram as oito vezes que o Roberto Jefferson passou por lá também".
Delgado apontou também que Dirceu faltou com a verdade ao insinuar que ele deveria saber sobre o suposto "mensalão", já que as primeiras denúncias foram apresentadas pelo deputado Miro Teixeira, que fez parte da bancada do PPS no período em que o relator havia sido líder. "Ele sabe que, na época que teria ocorrido o mensalão, o Miro era ministro das Comunicações e pertencia ao PDT", disse Delgado. "Ele [Dirceu] fala mais em mensalão do que eu. Eu não cito essa palavra no meu relatório. Falo em repasse de recursos a partidos sem periodicidade específica", completou.
Delgado rebateu os argumentos de Dirceu relacionados à citação no relatório dos empréstimos dos bancos Rural e BMG ao PT. "Não há como negar o aumento patrimonial dos bancos Rural e BMG depois do início das relações com o governo e com o PT", disse.


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