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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DE DIRCEU
Relator nega ter distorcido declarações e afirma que acusação de que comprou carro com dinheiro vivo "foi uma matéria plantada"
Dirceu usa tese para rebater fato, diz Delgado
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse ontem que José Dirceu
(PT-SP) usa "teses para rebater
fatos" ao desqualificar o relatório
em que pede a cassação do petista
por quebra decoro parlamentar.
"Ele tem de ler melhor o relatório. Não coloquei nenhuma frase
na boca de ninguém", disse, em
entrevista por telefone. Delgado
contou que ouviu a fala de Dirceu
pelo rádio. "Estava viajando, a caminho de Juiz de Fora (MG)."
Delgado rebateu todos os pontos colocados em questão por
Dirceu durante a entrevista. "Não
tirei nada de contexto. Em momento algum deixei de colocar as
frases entre aspas", disse.
O relator insinuou que é Dirceu
quem retira as declarações de
contextos determinados para fazer a defesa dele. "Quando interessa, ele usa as declarações do
Marcos Valério. Quando não interessa, ele despreza", disse.
Delgado comentou o suposto
uso das declarações do deputado
Arlindo Chinaglia (PT-SP), que é
testemunha de defesa de José Dirceu no processo de cassação: "Foi
o Arlindo que disse que ele [Dirceu] ainda tinha força no PT".
Delgado explicou o comentário
de Dirceu sobre a denúncia de
que teria comprado um automóvel em agosto passado com dinheiro vivo: "Aquilo foi uma matéria plantada por gente insatisfeita com minha saída do PPS".
Sobre sua audiência com Dirceu
na Casa Civil, Delgado disse que
só esteve no Palácio do Planalto
uma vez: "E isso não constou na
agenda. Como também não constaram as oito vezes que o Roberto
Jefferson passou por lá também".
Delgado apontou também que
Dirceu faltou com a verdade ao
insinuar que ele deveria saber sobre o suposto "mensalão", já que
as primeiras denúncias foram
apresentadas pelo deputado Miro
Teixeira, que fez parte da bancada
do PPS no período em que o relator havia sido líder. "Ele sabe que,
na época que teria ocorrido o
mensalão, o Miro era ministro
das Comunicações e pertencia ao
PDT", disse Delgado. "Ele [Dirceu] fala mais em mensalão do
que eu. Eu não cito essa palavra
no meu relatório. Falo em repasse
de recursos a partidos sem periodicidade específica", completou.
Delgado rebateu os argumentos
de Dirceu relacionados à citação
no relatório dos empréstimos dos
bancos Rural e BMG ao PT. "Não
há como negar o aumento patrimonial dos bancos Rural e BMG
depois do início das relações com
o governo e com o PT", disse.
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