São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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CASO MALUF

Diagnóstico foi dado após rodada de exames; ex-prefeito está perturbado, fala coisas sem nexo e toma antidepressivos

Maluf precisa de psiquiatra, diz seu médico

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Paulo Maluf e a mulher, Sylvia, no hospital Sírio Libanês, em SP, onde o ex-prefeito fez exames


MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO

Paulo Maluf está psicologicamente perturbado e precisa de tratamento psiquiátrico. Após 40 dias na prisão, ele está tomando antidepressivos, chora, fala coisas sem nexo e tem dificuldade para se comunicar até mesmo com pessoas íntimas dele.
Com essas palavras, o médico particular de Maluf Sérgio Nahas descreveu o estado de saúde do ex-prefeito, que ontem passou por exames no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Apesar de ser especialista em doenças do sistema digestivo, Nahas observou que a alteração de comportamento de Maluf é preocupante e disse que o ex-prefeito tem uma doença de comportamento: "Ele precisa de cuidados médicos e chegou a ser atendido por psiquiatras na Polícia Federal. Ele não está bem. Não é só doença orgânica, ele tem uma doença de comportamento. Vocês o conhecem melhor do que eu, e ele não é assim [catatônico], com essa indisposição generalizada expressada no rosto. Mas não compete a mim julgar, estou apenas observando o que aconteceu", disse.
Nahas entende que esse transtorno foi gerado pelo trauma que Maluf teria sofrido durante os 40 dias em que esteve preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo. Por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, o ex-prefeito e seu filho Flávio foram soltos na última quinta-feira.
"Ele está muito mal emocionalmente. Tem dificuldade para se comunicar, para articular as frases, as palavras. O quadro emocional dele é o que mais preocupa agora. Não tem muito antídoto para o mal ao qual ele foi submetido [de passar 40 dias preso]."
Sobre se a atitude incomum do ex-prefeito (retraído e calado, em vez de expansivo) seria uma estratégia de "vitimização" de Maluf, isto é, um fingimento para atenuar os ânimos contra ele, Sérgio Nahas foi enfático.
"Levar por esse lado é fazer mal juízo de mim também. Eu parto do princípio que aquilo que faço tem bases fundamentadas em 30 anos de trabalho", afirmou.
Segundo o médico, a perturbação psicológica acabou agravando o estado físico do ex-prefeito, mas ele entende ser normal essa reação em virtude do "quadro acentuado de estresse".
"Ele tem 74 anos, é um paciente cardiopata, coronariopata, hipertenso, já teve um infarto, problema de próstata, hérnia de hiato, uma gastrite, e ainda foi exposto a esse estresse. Todas essas doenças citadas têm fotografia e estão muito bem documentadas."
Um dos principais argumentos dos advogados de defesa de Maluf quando pediram a prisão domiciliar dele era que o ex-prefeito estava com problemas de saúde.

O primeiro dia
Em seu primeiro dia de liberdade depois de passar 40 dias sob vigilância policial, Maluf acordou por volta de 7h15, segundo seu assessor político Jesse Ribeiro, que às 9h visitou o ex-prefeito. De acordo com o assessor, Maluf tomava café da manhã com sua mulher, Sylvia, quando ele chegou.
Saiu de casa às 10h20, sem ter feito a barba, rumo ao Sírio Libanês, onde chegou vinte minutos depois, acompanhado de assessores e escoltado por seguranças.
Antes de sair do Santana azul (que o levou à Polícia Federal quando foi preso e o buscou de lá), Maluf pediu por Sylvia, que o pegou pela mão. Sentou-se em uma cadeira de rodas e entrou num elevador. Saiu do hospital às 16h40, quando voltou para casa.


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