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OS CASSÁVEIS
Brant se diz "injustiçado" e vai abandonar política
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Deputado federal desde 1987, o
ex-ministro da Previdência Roberto Brant (PFL-MG), 63, vai
deixar a vida pública em 2006,
mesmo se for absolvido no julgamento da Câmara sobre a cassação do seu mandato.
Considerando-se "injustiçado
pelo sistema" por, segundo ele,
não ter praticado crime, Brant
disse que a suspeição foi o suficiente para afetar sua imagem, o
que nem a absolvição mudará.
Abandonar a política será uma
forma de "protesto pessoal", afirmou o deputado federal.
Brant afirmou à Folha que não
fez uso de caixa dois na campanha
à Prefeitura de Belo Horizonte em
2004. Em 21 de julho passado,
quando afirmou que os R$
102.812,76 sacados na conta da
agência SMPB por um assessor da
sua campanha foram uma doação
da siderúrgica Usiminas, ele disse
que o dinheiro não foi contabilizado na sua prestação eleitoral e
que faria a retificação.
Não fará mais, disse ontem,
porque a doação da Usiminas não
foi usada na sua campanha. O dinheiro, segundo ele, foi usado para pagar um programa de TV regional do PFL que foi exibido
quase três meses após a data da
ocorrência do saque.
"Não vou retificar nunca, está
na minha defesa. Eu usei esse recurso para pagar uma despesa
que não é de campanha, é do programa partidário. Como o dinheiro veio sem ser cheque nominativo à campanha, não poderia ser
dinheiro de campanha. É uma
despesa política. Eu tenho a prova, tenho a nota fiscal e a declaração da empresa [que efetuou o
serviço], declaração do PFL de
que foi eu que paguei o programa
que foi ao ar no dia 30 de maio."
Por isso, Brant afirma que não
praticou "delito fiscal nem eleitoral". "Eu pretendo encerrar a minha vida política. Esse episódio é
um absurdo. Não cometi erro de
nenhuma espécie. No meu caso
não foi caixa dois. Eu fiquei envolvido nessa coisa aí em uma situação completamente diferente. E
isso afeta a imagem da pessoa. O
político depende basicamente da
imagem."
Protesto
Ele acrescentou: "Apesar de
acreditar na minha absolvição,
plenamente, é um protesto encerrar minha vida pública. É o único
protesto pessoal que eu posso fazer, já é uma decisão tomada. É
um processo extremamente injusto, e a absolvição não apaga as
conseqüências". A Usiminas segue sem comentar o assunto.
Brant é o único deputado do
PFL na lista de cassáveis por envolvimento com o esquema montado pelo publicitário Marcos Valério de Souza para repassar recursos para políticos.
Ele foi ministro da Previdência
entre março de 2001 e março de
2002, no segundo mandato do
presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB).
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