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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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OPOSIÇÃO

Ao ser eleito presidente do PSDB, tucano diz que partido rompeu com a linha do "quanto pior, melhor" usada pelo PT

Lula conduz país ao retrocesso, afirma Serra

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro José Serra declarou ontem, após ser eleito presidente do PSDB, que o governo Lula está levando o país a "um retrocesso lento, gradual e seguro em todas as áreas, sem exceção".
Serra foi eleito presidente em chapa única, após acordo entre os líderes do partido, para um mandato de dois anos. Recebeu 356 votos a favor, sete contra e sete abstenções. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviou mensagem aos convencionais: "Aguardo o momento, que está próximo, de voltar ao convívio de vocês para discutirmos e pensarmos juntos os próximos desafios do nosso partido em prol das mudanças do Brasil", anunciou.
Em seu discurso, Serra, candidato à Presidência derrotado no segundo turno em 2002, disse que o PSDB não faz uma oposição do tipo "quanto pior, melhor": "Rompemos com o paradigma que o PT estabeleceu no passado para o papel de oposição, do quanto pior, melhor". Ele apontou sete problemas "da experiência do governo do PT". O primeiro seria o "bolchevismo sem utopia". Segundo ele, "existe um projeto de poder, mas não um projeto de governo propriamente dito [...], uma espécie de bolchevismo sem utopia, que, aliás, era a melhor coisa do bolchevismo".
Para ele, não se tratava de cobrar coerência entre o que o PT propunha na oposição e o que está fazendo no governo. Mas "a falta de um programa de governo explícito, consistente e coerente, mesmo que pusesse o antigo programa petista de pernas para o ar". E arrematou: "Assim, como os personagens de Pirandello à procura de um autor, o governo e seus aliados vagam pelo poder à procura de um enredo ausente".
Como "não há país sem agenda, o vazio é ocupado por uma agenda antiga" -o segundo problema. Disse que não importa se foi ou não tomada emprestada de governos anteriores. "Para eixo central da ação do governo, ela é, hoje, uma agenda velha", que não levará ao desenvolvimento: "O fetiche exercido por essa agenda sobre as forças do governo tem sido tão poderoso que parece proporcional ao boicote selvagem que tais forças fizeram a essa mesma agenda no passado recente".
Serra atacou a "conquista do Estado", o terceiro problema, com trocas de pessoal nos ministérios e o loteamento de cargos entre os aliados, "inclusive em instituições sensíveis que já vinham se livrando desse problema, retomando-se práticas antigas e perniciosas do passado, e que se supunha estarem praticamente superadas".
A dualidade entre o discurso e a prática seria o quarto problema: "Cortam-se as verbas para saneamento, mas reclama-se da falta de saneamento", disse. "Ressuscita-se na retórica um dos mais caros mitos políticos de todos os tempos: o do "inimigo externo" [...]. Fala-se até dos perigos de invasão da Amazônia ou na necessidade do Exército do Mercosul".
O quinto problema seria a política econômica, que segundo ele "é inconsistente com a estabilidade, a solidez externa e o crescimento a médio prazo". O sexto seria o que chamou de "vitimização da área social". Segundo ele, em 2003, só R$ 1 em cada R$ 15 foi gasto até outubro na área social.
"Estamos assistindo até agora a um retrocesso lento, gradual e seguro em todas as áreas, sem exceção, apesar de que o país estava pronto para avançar", citando o que avalia ser o sétimo problema.
Leia a íntegra do discurso de José Serra na
Folha Online


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