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OPOSIÇÃO
Ao ser eleito presidente do PSDB, tucano diz que partido rompeu com a linha do "quanto pior, melhor" usada pelo PT
Lula conduz país ao retrocesso, afirma Serra
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro José Serra declarou ontem, após ser eleito presidente do PSDB, que o governo
Lula está levando o país a "um retrocesso lento, gradual e seguro
em todas as áreas, sem exceção".
Serra foi eleito presidente em
chapa única, após acordo entre os
líderes do partido, para um mandato de dois anos. Recebeu 356
votos a favor, sete contra e sete
abstenções. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviou
mensagem aos convencionais:
"Aguardo o momento, que está
próximo, de voltar ao convívio de
vocês para discutirmos e pensarmos juntos os próximos desafios
do nosso partido em prol das mudanças do Brasil", anunciou.
Em seu discurso, Serra, candidato à Presidência derrotado no
segundo turno em 2002, disse que
o PSDB não faz uma oposição do
tipo "quanto pior, melhor":
"Rompemos com o paradigma
que o PT estabeleceu no passado
para o papel de oposição, do
quanto pior, melhor". Ele apontou sete problemas "da experiência do governo do PT". O primeiro seria o "bolchevismo sem utopia". Segundo ele, "existe um projeto de poder, mas não um projeto de governo propriamente dito
[...], uma espécie de bolchevismo
sem utopia, que, aliás, era a melhor coisa do bolchevismo".
Para ele, não se tratava de cobrar coerência entre o que o PT
propunha na oposição e o que está fazendo no governo. Mas "a falta de um programa de governo
explícito, consistente e coerente,
mesmo que pusesse o antigo programa petista de pernas para o
ar". E arrematou: "Assim, como
os personagens de Pirandello à
procura de um autor, o governo e
seus aliados vagam pelo poder à
procura de um enredo ausente".
Como "não há país sem agenda,
o vazio é ocupado por uma agenda antiga" -o segundo problema. Disse que não importa se foi
ou não tomada emprestada de governos anteriores. "Para eixo central da ação do governo, ela é, hoje, uma agenda velha", que não levará ao desenvolvimento: "O fetiche exercido por essa agenda sobre as forças do governo tem sido
tão poderoso que parece proporcional ao boicote selvagem que
tais forças fizeram a essa mesma
agenda no passado recente".
Serra atacou a "conquista do Estado", o terceiro problema, com
trocas de pessoal nos ministérios
e o loteamento de cargos entre os
aliados, "inclusive em instituições
sensíveis que já vinham se livrando desse problema, retomando-se
práticas antigas e perniciosas do
passado, e que se supunha estarem praticamente superadas".
A dualidade entre o discurso e a
prática seria o quarto problema:
"Cortam-se as verbas para saneamento, mas reclama-se da falta de
saneamento", disse. "Ressuscita-se na retórica um dos mais caros
mitos políticos de todos os tempos: o do "inimigo externo" [...].
Fala-se até dos perigos de invasão
da Amazônia ou na necessidade
do Exército do Mercosul".
O quinto problema seria a política econômica, que segundo ele
"é inconsistente com a estabilidade, a solidez externa e o crescimento a médio prazo". O sexto
seria o que chamou de "vitimização da área social". Segundo ele,
em 2003, só R$ 1 em cada R$ 15 foi
gasto até outubro na área social.
"Estamos assistindo até agora a
um retrocesso lento, gradual e seguro em todas as áreas, sem exceção, apesar de que o país estava
pronto para avançar", citando o
que avalia ser o sétimo problema.
Leia a íntegra do discurso de José Serra na
Folha Online
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