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PT NO DIVÃ
Em resolução, alto comando do partido diz que fracassos se devem a questões locais
PT nacional contradiz Marta e poupa Lula pelas derrotas
CHICO DE GOIS
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
Resolução aprovada ontem por
maioria do Diretório Nacional do
PT (34 votos contra 22 das tendências de esquerda) poupa o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva das derrotas sofridas pelo partido, sobretudo nos grandes centros, como São Paulo e Porto Alegre, e, ao mesmo tempo, avalia
que o presidente sai fortalecido
com o resultado das eleições municipais, nas quais o PT elegeu 411
prefeitos. É uma avaliação diferente da apresentada anteontem
pela prefeita Marta Suplicy.
"O desempenho positivo da
economia foi um fator que nós
consideramos positivo para o desempenho do PT nessas eleições
em todo o país", afirmou o presidente do partido, José Genoino.
Quando trata das derrotas, o Diretório Nacional as atribui ao fortalecimento dos adversários, a supostos preconceitos difundidos
contra o partido e a problemas locais. "As derrotas, certamente, encontram explicações em causas
municipais e em causas gerais, relacionadas com a atuação do PT",
afirma o documento.
"A disputa teve um caráter essencialmente municipal, com a
incidência de alguns temas nacionais, principalmente no segundo
turno, momento em que a disputa ficou mais polarizada", avalia o
texto divulgado ontem. "De modo geral, o governo Lula exerceu
uma influência equilibrada e positiva sobre o eleitorado."
A resolução aprovada pelo Diretório Nacional discrepa, em vários sentidos, a um documento
distribuído à imprensa e lido por
Marta Suplicy na reunião de sábado. Nesse texto, a prefeita de São
Paulo analisa as causas de sua derrota e, entre outros fatores, inclui
a performance do governo Lula.
"A avaliação do governo Lula
passou a influenciar o contexto da
disputa municipal, numa situação marcada pela deterioração do
poder aquisitivo dos setores populares, incluídos os setores médios, além da tradicional influência conservadora própria à cidade
de São Paulo."
O documento do Diretório Nacional, que é quase uma cópia da
tese apresentada pela corrente
Campo Majoritário, tem uma visão oposta à defendida por Marta.
"O crescimento do PT, do ponto
de vista político, expressa também uma vitória e o fortalecimento do governo Lula. Acrescente-se
a isso que, de modo geral, os partidos da base aliada saíram fortalecidos do processo eleitoral", diz
o texto aprovado ontem.
Marta, que reassumiu a função
de vice-presidente nacional do
PT, integra o Campo Majoritário,
mas não participou da reunião
para a elaboração da tese. O encontro ocorreu na sexta, em São
Paulo e teve a participação do ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Carlos Zarattini, um dos coordenadores da campanha da prefeita e é membro do Diretório Nacional, esteve nessa reunião. No
sábado, vários coordenadores da
campanha à reeleição de Marta
foram ao encontro, apesar de não
o integrarem oficialmente.
Diferenças
As diferenças entre Marta e o
Diretório Nacional na análise das
eleições municipais manifestam-se, ainda, no trato das alianças.
Enquanto a resolução afirma que
"a política de alianças definida pelo Diretório Nacional se mostrou
necessária e eficaz", Marta diz que
"foram intervenções externas ao
âmbito municipal e alheias a meu
governo que levaram o PMDB a
romper o acordo com o PT e demais forças aliadas no âmbito
municipal".
Sem referir-se especificamente
à prefeita de São Paulo, o texto do
Diretório Nacional observa que
"há de se assinalar, no entanto,
que, em algumas circunstâncias, o
sentido político e as implicações
nacionais das alianças e mesmo
sua natureza não foram assimilados pelo conjunto do partido".
Para um dos coordenadores da
campanha de Marta, o texto do
Diretório Nacional não atinge a
prefeita, que fez um amplo acordo
para o primeiro turno, incluindo
partidos como PTB, PL, PTN, PC
do B, PRTB e PSL.
José Genoino voltou a se negar a
analisar das declarações de Marta.
"O discurso dela foi uma intervenção da Marta Suplicy como integrante do Diretório Nacional."
Ele frisou que a resolução não trata de nenhuma cidade especificamente. "O Diretório Nacional
apenas faz indicações." Para ele,
"o governo Lula teve uma posição
equilibrada e positiva nas eleições
municipais em todas as cidades".
Em São Paulo, o presidente teve
participação destacada na campanha à reeleição de Marta. O caso
mais polêmico foi a presença dele
na inauguração de um trecho da
av. Radial Leste, em setembro. Em
razão de ter pedido votos à prefeita na ocasião, Lula foi condenado
pela Justiça Eleitoral de São Paulo
a pagar multa de R$ 50 mil.
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