São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2004

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SAIA JUSTA

O ex-presidente do BNDES e seu substituto se encontraram no velório de Furtado

Mantega não é "maiúsculo", diz Lessa

DO ENVIADO AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente do BNDES Carlos Lessa disse que o novo responsável pelo banco estatal, Guido Mantega, "ainda" não é um brasileiro com B maiúsculo. Ele usou o mesmo critério para Celso Furtado, afirmando que, ele sim, tinha sido "um brasileiro com B maiúsculo".
A declaração foi feita ao lado de Mantega, quando ambos se encontravam perto do caixão com o corpo do economista, velado ontem na Academia Brasileira de Letras, no Rio. Mantega, que havia cumprimentado Lessa assim que esse chegou ao velório, permaneceu calado enquanto o ex-presidente do banco dizia que a morte de Furtado se inscrevia numa "sucessão de eventos que estão me arrebentando emocionalmente".
Em seguida, Lessa falou sobre o novo presidente do BNDES: "Se vocês querem saber, eu gosto do Mantega, eu me dou bem com o Mantega, eu acho o Mantega um bom brasileiro. Não é ainda B maiúsculo, mas é um brasileiro".
Ele afirmou esperar que Mantega tente impedir "que se volte a instaurar o estado de coisas" que encontrou "dentro do BNDES". "Mas agora, por fora, o que vão tentar reinstalar vai ser uma loucura."
Questionado sobre que estado de coisas seria esse, Lessa disse que "todos sabem" do que ele fala. "Pesquise nos jornais", declarou. Ele havia dito em 2003 que o banco passara o ano lidando com "esqueletos e fantasmas" herdados do governo anterior, como a dívida que a empresa americana AES contraiu para comprar a distribuidora Eletropaulo.
Ao mencionar a possibilidade da volta desse "estado de coisas" e a expectativa de que Mantega possa deter tentativas de reinstalá-lo, ouviu do novo presidente do banco: "Pode ficar tranqüilo". Antes, Mantega havia dito a jornalistas que sua administração à frente do BNDES será "norteada" pelas idéias de Furtado, segundo ele "o economista brasileiro mais importante de todos os tempos".
"Infelizmente ele faleceu antes de eu poder visitá-lo. Agora que estou vindo para o Rio de Janeiro, uma das primeiras coisas que eu faria seria visitar o Celso Furtado", declarou.


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