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SAIA JUSTA
O ex-presidente do BNDES e seu substituto se encontraram no velório de Furtado
Mantega não é "maiúsculo", diz Lessa
DO ENVIADO AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-presidente do BNDES
Carlos Lessa disse que o novo
responsável pelo banco estatal,
Guido Mantega, "ainda" não é
um brasileiro com B maiúsculo.
Ele usou o mesmo critério para
Celso Furtado, afirmando que,
ele sim, tinha sido "um brasileiro com B maiúsculo".
A declaração foi feita ao lado
de Mantega, quando ambos se
encontravam perto do caixão
com o corpo do economista, velado ontem na Academia Brasileira de Letras, no Rio. Mantega,
que havia cumprimentado Lessa assim que esse chegou ao velório, permaneceu calado enquanto o ex-presidente do banco dizia que a morte de Furtado
se inscrevia numa "sucessão de
eventos que estão me arrebentando emocionalmente".
Em seguida, Lessa falou sobre
o novo presidente do BNDES:
"Se vocês querem saber, eu gosto do Mantega, eu me dou bem
com o Mantega, eu acho o Mantega um bom brasileiro. Não é
ainda B maiúsculo, mas é um
brasileiro".
Ele afirmou esperar que Mantega tente impedir "que se volte
a instaurar o estado de coisas"
que encontrou "dentro do
BNDES". "Mas agora, por fora,
o que vão tentar reinstalar vai
ser uma loucura."
Questionado sobre que estado
de coisas seria esse, Lessa disse
que "todos sabem" do que ele
fala. "Pesquise nos jornais", declarou. Ele havia dito em 2003
que o banco passara o ano lidando com "esqueletos e fantasmas" herdados do governo anterior, como a dívida que a empresa americana AES contraiu
para comprar a distribuidora
Eletropaulo.
Ao mencionar a possibilidade
da volta desse "estado de coisas"
e a expectativa de que Mantega
possa deter tentativas de reinstalá-lo, ouviu do novo presidente do banco: "Pode ficar tranqüilo". Antes, Mantega havia dito a jornalistas que sua administração à frente do BNDES será
"norteada" pelas idéias de Furtado, segundo ele "o economista brasileiro mais importante de
todos os tempos".
"Infelizmente ele faleceu antes
de eu poder visitá-lo. Agora que
estou vindo para o Rio de Janeiro, uma das primeiras coisas
que eu faria seria visitar o Celso
Furtado", declarou.
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