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Bernardo tenta acalmar "briga de amor"
SHEILA D'AMORIM
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa tentativa de amenizar o
clima ruim no governo depois das
críticas da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao programa de
ajuste fiscal de longo prazo, na semana passada, Paulo Bernardo
(Planejamento) afirmou que a
proposta "é incipiente e precisa de
muita discussão".
Ontem, Bernardo passou o dia
tentando colocar panos quentes
na briga, defendeu que é preciso
"diminuir a temperatura desse
debate" e saiu em defesa de Antonio Palocci (Fazenda).
"Não dá para ficar batendo boca. Nunca fui a favor de fazermos
debates acalorados, especialmente em público", afirmou logo cedo, depois de participar de um seminário. Bem-humorado, chegou
a dizer que a briga com a ministra
Dilma era uma "briga de amor".
Bernardo argumentou que é natural que ministros que cuidam
de áreas específicas tenham posições diferentes de quem está
preocupado em manter o Orçamento num nível determinado.
Disse também que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva apóia de
forma equivalente todos os seus
ministros.
"Seria esquisito ele apoiar só um
ministro", disse, ao ser questionado sobre a situação de Palocci
após os embates com a Casa Civil.
Mais tarde, em solenidade no Palácio do Planalto, Bernardo foi
mais enfático e defendeu diretamente seu colega da área econômica. Nas últimas semanas, Palocci tem sido bombardeado,
dentro e fora do governo.
"Não importa quem seja"
Ontem, o presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf,
disse, depois de encontro com Lula, que "não importa" quem seja o
ministro da Fazenda, o importante é que haja mudanças na política
econômica.
"Interessa que o governo baixe
os juros, tome providências no
câmbio, combata os gastos públicos, [...] não importa quem seja",
afirmou Skaf, destacando que o
crescimento deste ano, estimado
em 3%, será "medíocre".
Segundo o ministro do Planejamento, não há debate interno para mudar a política econômica
mas uma discussão sobre o tamanho da economia feita para cobrir
os juros que incidem sobre a dívida pública, o superávit primário.
Segundo o ministro, o programa de ajuste fiscal para os próximos dez anos continua em debate, nos termos em que foi proposto. Técnicos do ministério estão
fazendo as simulações cobradas
inicialmente por Dilma, mostrando o impacto das medidas para as
pessoas e as empresas.
"Vamos conversar assim que
for possível agendar uma reunião
[para mostrar os resultados]. Evidentemente que o mais correto e
justo é fazermos a discussão interna no governo antes de falar sobre
o projeto", disse Bernardo.
O ministro afirmou ainda que a
discussão está apenas começando
e que, em nenhum momento, a
área econômica impôs o momento para se adotarem as medidas.
"Não tínhamos concluído se é o
momento ou não. Começamos
um debate e ele não está concluído. Ninguém disse que o momento é este. De qualquer maneira,
em 2007 acaba a vigência da
CPMF [contribuição sobre movimentação financeira] e da DRU
[Desvinculação das Receitas da
União]. Resta saber se vamos fazer discussão antecipada ou se vamos deixar isso lá para a frente."
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