São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 2005

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Bernardo tenta acalmar "briga de amor"

SHEILA D'AMORIM
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa tentativa de amenizar o clima ruim no governo depois das críticas da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao programa de ajuste fiscal de longo prazo, na semana passada, Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou que a proposta "é incipiente e precisa de muita discussão".
Ontem, Bernardo passou o dia tentando colocar panos quentes na briga, defendeu que é preciso "diminuir a temperatura desse debate" e saiu em defesa de Antonio Palocci (Fazenda).
"Não dá para ficar batendo boca. Nunca fui a favor de fazermos debates acalorados, especialmente em público", afirmou logo cedo, depois de participar de um seminário. Bem-humorado, chegou a dizer que a briga com a ministra Dilma era uma "briga de amor".
Bernardo argumentou que é natural que ministros que cuidam de áreas específicas tenham posições diferentes de quem está preocupado em manter o Orçamento num nível determinado. Disse também que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apóia de forma equivalente todos os seus ministros.
"Seria esquisito ele apoiar só um ministro", disse, ao ser questionado sobre a situação de Palocci após os embates com a Casa Civil. Mais tarde, em solenidade no Palácio do Planalto, Bernardo foi mais enfático e defendeu diretamente seu colega da área econômica. Nas últimas semanas, Palocci tem sido bombardeado, dentro e fora do governo.

"Não importa quem seja"
Ontem, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse, depois de encontro com Lula, que "não importa" quem seja o ministro da Fazenda, o importante é que haja mudanças na política econômica.
"Interessa que o governo baixe os juros, tome providências no câmbio, combata os gastos públicos, [...] não importa quem seja", afirmou Skaf, destacando que o crescimento deste ano, estimado em 3%, será "medíocre".
Segundo o ministro do Planejamento, não há debate interno para mudar a política econômica mas uma discussão sobre o tamanho da economia feita para cobrir os juros que incidem sobre a dívida pública, o superávit primário.
Segundo o ministro, o programa de ajuste fiscal para os próximos dez anos continua em debate, nos termos em que foi proposto. Técnicos do ministério estão fazendo as simulações cobradas inicialmente por Dilma, mostrando o impacto das medidas para as pessoas e as empresas.
"Vamos conversar assim que for possível agendar uma reunião [para mostrar os resultados]. Evidentemente que o mais correto e justo é fazermos a discussão interna no governo antes de falar sobre o projeto", disse Bernardo.
O ministro afirmou ainda que a discussão está apenas começando e que, em nenhum momento, a área econômica impôs o momento para se adotarem as medidas.
"Não tínhamos concluído se é o momento ou não. Começamos um debate e ele não está concluído. Ninguém disse que o momento é este. De qualquer maneira, em 2007 acaba a vigência da CPMF [contribuição sobre movimentação financeira] e da DRU [Desvinculação das Receitas da União]. Resta saber se vamos fazer discussão antecipada ou se vamos deixar isso lá para a frente."


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