São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bicheiro nega ter financiado compra de dossiê

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O bicheiro Antonio Petrus Kalil, o Turcão, negou ontem, em depoimento à Polícia Federal no Rio, ter feito doações a políticos petistas ou fornecido dinheiro para a compra do dossiê antitucanos. Ele admitiu apenas ter contribuído para a campanha de um amigo seu, eleito deputado estadual do Rio por um partido nanico. A PF suspeita que parte do dinheiro apreendido com Gedimar Passos e Valdebran Padilha tenha passado por Turcão. Segundo a Folha apurou, o depoimento do bicheiro frustrou o delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito do dossiê. Conforme a Folha publicou ontem, Turcão chegou a dizer para pessoas próximas ter doado dinheiro a políticos também do PT. Curado esperava que ele desse tal declaração no depoimento, fornecendo os nomes dos candidatos, o que não ocorreu. Ao deixar a Superintendência da PF no Rio, Turcão, 81, disse que não faz doações a políticos, só a "asilos e hospitais". "Não tenho nada, não conheço ninguém, não sei dizer de dossiê. Estou adoentado ainda", acrescentou.
Laranja a R$ 30
Curado está no Rio desde a última quinta-feira. Na semana passada voltou a ouvir pessoas usadas como laranjas nas operações de dólar feitas pela casa de câmbio Vicatur, pela qual passou pelo menos parte dos US$ 248,8 mil apreendidos. Um dos laranjas admitiu ter fornecido seus dados para que fossem usados pela Vicatur. Em troca, disse ter recebido R$ 30. Ele contou que foi procurado pela funcionária da Vicatur Tânia Maria da Silva Barbosa, também chamada a depor. Ao delegado, ela reconheceu que aliciava laranjas, mas que passava seus dados para Sirley da Silva Chagas, sócia da Vicatur. Segundo Curado, foram identificados oito novos "laranjas" que teriam sido arregimentado por Tânia em Nilópolis, município da Baixada Fluminense vizinho a Nova Iguaçu, onde fica a Vicatur. Segundo a Folha apurou, os depoimentos reforçam a caracterização dos crimes que teriam sido cometidos pelos dirigentes da casa de câmbio: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e falsidade ideológica. O delegado também interrogou Luiz Cláudio Fabbriani, sócio da corretora de valores Dillon. Os dólares supostamente entregues pela Vicatur aos responsáveis pela compra do dossiê saíram da Dillon.


Colaborou ANDREA MICHAEL, da Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Petistas sabiam do dinheiro, diz Valdebran
Próximo Texto: Lula inaugura trecho de 14 km de estrada que beneficia Maggi
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.