São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Elefante branco

Nenhum tucano admitirá publicamente, mas a única expectativa nutrida por algumas de suas principais lideranças em relação ao congresso do partido que começa hoje é a de que o evento não crie grandes embaraços, notadamente no que diz respeito ao esforço do governo Lula para aprovar a prorrogação da CPMF.
Estão nessa todos os governadores do partido -José Serra e Aécio Neves à frente- e a parcela da bancada do Senado menos refratária aos argumentos do Planalto. Embora a turma da conciliação dê de barato que o discurso de Fernando Henrique Cardoso incluirá alguma pregação contra o imposto do cheque, estava em curso ontem um movimento para tentar circunscrever o assunto à fala do ex-presidente.

Who? Deputados tucanos que optaram por Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES) na disputa interna pela presidência do Instituto Teotônio Vilela explicam que também receberam telefonemas do candidato Paulo Renato (SP), mas que este, depois, não os cumprimentava em plenário, pois não os conhece pessoalmente.

Obra aberta. Ontem, véspera do congresso do PSDB, o texto com a nova diretriz programática do partido ainda era incessantemente emendado. Um dos últimos a mandar suas contribuições foi o embaixador Rubens Barbosa.

Indócil. Patrícia Saboya (PDT-CE) reclama do Planalto, que tenta aproveitar o anúncio da siderúrgica no Ceará para cabalar os votos dos senadores do Estado em favor da CPMF, mas que, na verdade, "nada fez" para viabilizar o empreendimento. "Essa vitória não tem nada a ver com o governo", sentencia a ex-mulher de Ciro Gomes.

Vai rolar? Antes de Renan Calheiros (PMDB-AL) oficializar a prorrogação de sua licença, o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), telefonou três vezes para o gabinete do colega perguntando se, por acaso, o documento já estava pronto. Precisa ler o texto em plenário no tempo regimental da Casa.

Conjunto vazio. Que ninguém se deixe enganar por uma ou outra declaração de efeito. Não existe hoje no Senado uma única alma trabalhando para cassar Renan.

Topa? No esforço para adiar a votação na CCJ da Câmara da entrada da Venezuela no Mercosul, e assim conseguir mais alguns cargos no governo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apelou até a deputados da oposição. Sem sucesso.

Cursinho. Celso Amorim ligou para líderes da base na manhã de ontem perguntando se já tinham todos os subsídios para defender a entrada da Venezuela no Mercosul. O chanceler se colocou à disposição para tirar dúvidas.

Pires na mão. Yeda Crusius (PSDB) vai hoje a Brasília pedir ao ministro Guido Mantega (Fazenda) algum adiantamento de repasses ao Rio Grande do Sul. A governadora argumenta que, sem ajuda, não conseguirá pagar o 13º salário do funcionalismo. Os senadores do Estado devem acompanhá-la no encontro.

Só love. O ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, nega qualquer divergência com o governador petista Jaques Wagner. O peemedebista reconhece que há disputa por espaço entre seus respectivos partidos na Bahia, mas diz que ela não atinge a "relação fraterna" entre ambos.

Start. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, apresentará hoje à direção do partido o formato da campanha nacional que os petistas vão promover a fim de emplacar uma Constituinte exclusiva para reformar o sistema político.

Outra coisa. Os dirigentes petistas juram de pé junto que a idéia não é aprovar a possibilidade de terceiro mandato para Lula. O partido distribuirá o primeiro anúncio da campanha no dia 2 de dezembro, em suas eleições internas.

Tiroteio

"Ignorar a conferência de saúde e as pesquisas que apontam a oposição do brasileiro à legalização do aborto é de um autoritarismo que eu pensava já ter sido superado."


De d. GIANCARLO PETRINI, bispo-auxiliar de Salvador, sobre o ministro José Gomes Temporão, que disse estar disposto a ignorar a resolução antiaborto aprovada na Conferência Nacional de Saúde.

Contraponto

Estranho no ninho

Chamado a discursar durante um simpósio sobre a Amazônia realizado anteontem no Congresso, Mangabeira Unger achou por bem fazer um esclarecimento inicial:
-Confesso que não sou a pessoa mais habilitada a discorrer sobre o tema. Não sou especialista e nem sequer o estudei-, advertiu o ministro do Longo Prazo.
Ao perceber o pouco interesse da platéia, evidenciado pelo burburinho de conversas paralelas no auditório, Mangabeira resolveu radicalizar na autocrítica:
-Além de não ser especialista, o sotaque faz de mim uma pessoa sem charme neste país de charmosos...


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