|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Renan renova licença da chefia do Senado
Estratégia do Planalto agora é votar a CPMF antes da escolha do substituto do peemedebista, que vai renunciar ao cargo
Senador, que teria de voltar ao cargo domingo, prorroga seu afastamento até o dia 29 de dezembro, seguindo
o conselho do Planalto
VALDO CRUZ
FELIPE SELIGMAN
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a renovação da licença
de Renan Calheiros do posto de
presidente do Senado por mais
35 dias, o Palácio do Planalto
vai armar uma estratégia para
que a CPMF seja votada em primeiro turno antes da escolha
do novo comandante da Casa.
A idéia é que o primeiro turno ocorra logo depois da votação do processo de cassação do
senador, prevista para a primeira semana de dezembro.
Como Renan vai renunciar antes da sessão, em cinco dias
úteis deverá ser feita a eleição
do novo presidente do Senado.
O temor do governo é que a
eleição gere insatisfações na
bancada do PMDB e provoque
perdas de votos hoje favoráveis
à CPMF. Pelo calendário inicial, o processo de cassação de
Renan irá a plenário entre 4 e 5
de dezembro. Já a CPMF, na
semana seguinte, no dia 14. Só
que, assim, a votação do tributo
ocorreria exatamente logo depois da escolha do novo presidente da Casa.
Pelos cálculos do governo, ou
a votação do processo de Renan
terá de ser postergada por alguns dias ou a análise da CPMF
pelo plenário será antecipada.
É por isso que o governo avaliou como benéfica a operação
da oposição que retardou a votação do caso Renan, prevista
inicialmente para ocorrer ontem. Agora, somente na próxima semana é que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) vai analisar o relatório que
pede a cassação do alagoano. Se
for preciso, um governista irá
pedir vistas e atrasar ainda
mais a análise na CCJ.
Esse novo calendário, avalia
o Planalto, garante um prazo de
dez dias para atender os "pedidos pontuais" (cargos e verbas)
de senadores da base governistas que ameaçam votar contra e
retomar conversa com tucanos.
Na próxima semana, o governo quer resolver os casos de senadores como Expedito Jr.
(PR-RO) e Magno Malta (PR-ES), que reivindicam a nomeação de afilhados para cargos em
seus Estados -o primeiro, na
Funasa, o segundo, na Docas.
O governo acredita que a fila
de senadores atrás de cargos e
verbas vai aumentar. "Não temos outra saída a não ser atender esses casos", relatou à Folha um governista.
Quanto à sucessão no Senado, o governo ainda trabalha
com a hipótese de convencer
José Sarney (PMDB-AP) a
aceitar disputar. Sem ele, os
candidatos atuais são Garibaldi
Alves (RN), José Maranhão
(PB) e Edison Lobão (MA).
Ontem, o presidente Lula
disse que a escolha do substituto é um problema "eminentemente do Senado". Para Lula,
na hipótese de renúncia de Renan, "por direito" a candidatura tem que ser do PMDB. "O
PMDB é que tem que se reunir
internamente e escolher."
Licença
Sem alternativa, Renan renovou sua licença por mais 35
dias, estendendo-a até o dia 29
de dezembro. O senador teria
de voltar ao cargo neste domingo, mas foi aconselhado pelo
governo a prorrogar a licença
depois que a oposição adiou a
votação do processo que pede
sua cassação. Renan é suspeito
de usar laranjas para comprar
emissoras de rádio e um jornal.
Em nota, Renan justificou
sua atitude como forma de desvincular o seu processo da votação da CPMF. "Não dá para
juntar alhos com bugalhos. Não
se pode misturar um juízo de
valor político com a renovação
da CPMF, são coisas completamente diferentes", disse.
A intenção inicial do peemedebista era anunciar sua decisão sobre a licença apenas no final de semana. A votação na
CCJ deve ser na próxima quarta-feira, somente depois disso o
processo pode seguir para o
plenário. A oposição deve pedir
vista, adiando a votação.
Texto Anterior: Minas Gerais: Conselho recusa hora extra a juízes Próximo Texto: Frases Índice
|