São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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É hora de ter mulher no Planalto, diz Dilma

Ministra desconversa sobre 2010, mas afirma que "foi-se a época em que a mulher era considerada cidadã de segunda qualidade"

"Esse século 21 é o século dos negros, das mulheres, e acho que isso vai ser muito bom para o mundo", afirma Dilma a empresários no Rio

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar de não admitir oficialmente a candidatura à Presidência da República -já defendida publicamente pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva-, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, deu ontem, em evento para empresários realizado no Rio, um sinal claro de seu entusiasmo com a idéia.
"Acho que a participação das mulheres no mundo está na hora. E aí está na hora de presidente, de presidente das empresas. E isso está sendo cada vez mais reconhecido. Foi-se a época em que a mulher era considerada cidadã de segunda qualidade, que só podia participar de algumas atividades", disse a ministra.
Na entrada de uma reunião em homenagem à diretora da Petrobras Maria das Graças Foster, Dilma fez uma referência indireta ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama.
"Esse século 21 é o século dos negros, das mulheres, e acho que isso vai ser muito bom para o mundo, porque diz respeito a uma parte significativa da população", afirmou a ministra.
Questionada se estava assumindo publicamente a candidatura presidencial, preferiu desconversar: "Não estou cogitando neste momento. Estou falando em tese. Qualquer consideração a respeito vai dar origem a um tipo de avaliação que não é ainda o que está maduro".
Em entrevista a jornais italianos, na semana passada, Lula disse que Dilma seria a pessoa certa para sucedê-lo: "Depois de mim, quero que o Brasil seja governado por uma mulher. E a pessoa certa é Dilma Rousseff".
Ontem, observando que Lula ainda não formalizou diretamente a ela qualquer convite, Dilma comentou as declarações: "Obviamente que qualquer pessoa se sente bastante gratificada em ser pensada para um cargo dessa magnitude".
A entrevista foi interrompida por sucessivas intervenções do presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), o ex-deputado federal Márcio Fortes, político do PSDB ligado ao governador de São Paulo José Serra.
Educadamente, Fortes procurava encaminhar a ministra para o salão em que o evento seria realizado.
Provocada pelos jornalistas sobre a coincidência -um militante do PSDB interrompendo a entrevista de uma provável candidata do PT-, a ministra reagiu com bom humor: "Pois é, e nós gostamos que o Serra dê entrevistas".
Líder nas pesquisas de intenção de voto, Serra é apontado como o provável candidato do PSDB em 2010.

Lágrimas
No discurso em homenagem à diretora da Petrobras, escolhida executiva do ano pelo Ibef, a ministra Dilma Rousseff defendeu as ações do governo para tentar minimizar os efeitos da crise financeira.
Ela declarou que novas medidas para estimular o mercado interno serão adotadas se houver necessidade. Segundo ela, os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) serão mantidos.
No final do evento, em seu discurso sobre Foster, a ministra se emocionou -ensaiando até algumas lágrimas- ao lembrar que sua amizade com a diretora da Petrobras se intensificou ao longo dos últimos anos, quando ambas trabalharam na elaboração da política energética e na infra-estrutura que possibilitou ao país importar e produzir gás natural.


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