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ANÁLISE
Partido virou máquina refém da força de Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A importância das eleições
do PT pode ser medida por uma
decisão do presidente Lula: ele
não liberou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, para
ser candidato a presidente do
partido. Julgou mais importante mantê-lo ao seu lado até o último minuto do governo.
A decisão reflete a diferença
de peso político entre o presidente e o seu partido. O PT virou uma máquina eleitoral refém da força de Lula, que coordena diretamente a oficiosa
campanha presidencial de Dilma Rousseff e determina ao
partido quais sacrifícios devem
ser feitos pela aliança com o
PMDB e outras siglas aliadas.
José Eduardo Dutra, ex-senador e ex-presidente da BR
Distribuidora, será eleito. Moderado, é uma liderança fraca.
Virou candidato porque Lula
acha pouco deixar seu mais importante auxiliar presidir o PT.
Desde o escândalo dos aloprados, em 2006, a gestão de
Ricardo Berzoini vem se arrastando. Lula dará graças a Deus
de que haverá troca na tesouraria -rumores de "modus operandi" semelhante ao de Delúbio Soares são frequentes no
partido. Mesmo assim, figuras
ilustres do episódio do mensalão recuperarão influência na
máquina petista. Todos integram a chapa vencedora.
Num PT apaziguado e que
tenta reescrever a história do
mensalão, que teria sido uma
conspiração nas palavras mais
recentes de Lula, o presidente
continuará a dar as cartas.
O PT seguirá como coadjuvante daquele que deverá deixar a Presidência como o líder
político mais popular da história do Brasil. Se Dilma for eleita, Lula será sua âncora política
e talvez não concorra ao Planalto em 2014. Se a ministra perder, sua candidatura será posta
na rua no dia seguinte.
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