São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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ANÁLISE

Partido virou máquina refém da força de Lula

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A importância das eleições do PT pode ser medida por uma decisão do presidente Lula: ele não liberou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, para ser candidato a presidente do partido. Julgou mais importante mantê-lo ao seu lado até o último minuto do governo.
A decisão reflete a diferença de peso político entre o presidente e o seu partido. O PT virou uma máquina eleitoral refém da força de Lula, que coordena diretamente a oficiosa campanha presidencial de Dilma Rousseff e determina ao partido quais sacrifícios devem ser feitos pela aliança com o PMDB e outras siglas aliadas.
José Eduardo Dutra, ex-senador e ex-presidente da BR Distribuidora, será eleito. Moderado, é uma liderança fraca. Virou candidato porque Lula acha pouco deixar seu mais importante auxiliar presidir o PT.
Desde o escândalo dos aloprados, em 2006, a gestão de Ricardo Berzoini vem se arrastando. Lula dará graças a Deus de que haverá troca na tesouraria -rumores de "modus operandi" semelhante ao de Delúbio Soares são frequentes no partido. Mesmo assim, figuras ilustres do episódio do mensalão recuperarão influência na máquina petista. Todos integram a chapa vencedora.
Num PT apaziguado e que tenta reescrever a história do mensalão, que teria sido uma conspiração nas palavras mais recentes de Lula, o presidente continuará a dar as cartas.
O PT seguirá como coadjuvante daquele que deverá deixar a Presidência como o líder político mais popular da história do Brasil. Se Dilma for eleita, Lula será sua âncora política e talvez não concorra ao Planalto em 2014. Se a ministra perder, sua candidatura será posta na rua no dia seguinte.


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