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Governador mineiro afirma que atitude é para "não influenciar" decisões da legenda em relação ao governo federal
Itamar anuncia que vai se desligar do
PMDB
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco, anunciou ontem o
seu "desligamento" do PMDB para que o partido possa decidir,
sem "qualquer influência" sua, se
continua ou não dando sustentação ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A decisão foi anunciada após
encontro com o deputado Paes de
Andrade (PMDB-CE), no Palácio
da Liberdade. Com ela, Itamar vai
aguardar um posicionamento
sem se desgastar politicamente.
Caso a sua vontade seja atendida
pelas bases do PMDB, ele voltaria
à legenda.
Os peemedebistas que defendem a oposição ao governo FHC
garantem ter instrumentos legais,
conforme prevê o estatuto do
PMDB, para a convocação de
uma convenção nacional em Belo
Horizonte, em janeiro de 2000,
para que as bases do partido tomem uma posição.
Essa medida legal, segundo
Paes de Andrade, é um documento assinado por nove presidentes
regionais do PMDB, ou um terço
dos diretórios, que seria suficiente
para garantir a convenção. Essa
articulação foi feita pelo deputado
cearense e também pelo senador
Roberto Requião (PMDB-PR).
Os diretórios que assinaram esse documento, entretanto, não foram divulgados. Segundo o vice-governador de Minas, Newton
Cardoso, essa omissão é uma "estratégia" dos oposicionistas do
PMDB. Essa posição nada mais é
do que a radicalização da disputa
interna, já que a decisão de apoiar
ou não FHC seria tomada possivelmente em fevereiro pelo conselho político do partido.
"A decisão do conselho nós já
conhecemos por antecipação.
Não expressa o desejo majoritário
do partido", disse Paes de Andrade. Segundo ele, "só as bases podem dar essa definição" sobre
apoiar ou não o governo federal.
O deputado afirmou que se a
executiva nacional do PMDB não
aceitar essa "decisão legal" dos
oposicionistas, caberá a esse grupo "remeter o documento para a
imprensa e para o Diário Oficial"
e realizar a convenção nacional.
Na nota que leu, Itamar diz que
a postura crítica que mantém em
relação ao governo federal se dá
em função "da condução política,
econômica e social, que vem sujeitando o país a imposições externas, profundamente agressivas
ao interesse nacional e às justas
aspirações do povo brasileiro". E
conclui: "Tendo em vista que, pela vontade dos que a convocam, a
convenção deverá realizar-se em
Belo Horizonte, estou me desligando hoje do partido, a fim de
que os seus delegados deliberem
com absoluta independência".
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