São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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Governador mineiro afirma que atitude é para "não influenciar" decisões da legenda em relação ao governo federal
Itamar anuncia que vai se desligar do PMDB

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, anunciou ontem o seu "desligamento" do PMDB para que o partido possa decidir, sem "qualquer influência" sua, se continua ou não dando sustentação ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A decisão foi anunciada após encontro com o deputado Paes de Andrade (PMDB-CE), no Palácio da Liberdade. Com ela, Itamar vai aguardar um posicionamento sem se desgastar politicamente. Caso a sua vontade seja atendida pelas bases do PMDB, ele voltaria à legenda.
Os peemedebistas que defendem a oposição ao governo FHC garantem ter instrumentos legais, conforme prevê o estatuto do PMDB, para a convocação de uma convenção nacional em Belo Horizonte, em janeiro de 2000, para que as bases do partido tomem uma posição.
Essa medida legal, segundo Paes de Andrade, é um documento assinado por nove presidentes regionais do PMDB, ou um terço dos diretórios, que seria suficiente para garantir a convenção. Essa articulação foi feita pelo deputado cearense e também pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR).
Os diretórios que assinaram esse documento, entretanto, não foram divulgados. Segundo o vice-governador de Minas, Newton Cardoso, essa omissão é uma "estratégia" dos oposicionistas do PMDB. Essa posição nada mais é do que a radicalização da disputa interna, já que a decisão de apoiar ou não FHC seria tomada possivelmente em fevereiro pelo conselho político do partido.
"A decisão do conselho nós já conhecemos por antecipação. Não expressa o desejo majoritário do partido", disse Paes de Andrade. Segundo ele, "só as bases podem dar essa definição" sobre apoiar ou não o governo federal.
O deputado afirmou que se a executiva nacional do PMDB não aceitar essa "decisão legal" dos oposicionistas, caberá a esse grupo "remeter o documento para a imprensa e para o Diário Oficial" e realizar a convenção nacional.
Na nota que leu, Itamar diz que a postura crítica que mantém em relação ao governo federal se dá em função "da condução política, econômica e social, que vem sujeitando o país a imposições externas, profundamente agressivas ao interesse nacional e às justas aspirações do povo brasileiro". E conclui: "Tendo em vista que, pela vontade dos que a convocam, a convenção deverá realizar-se em Belo Horizonte, estou me desligando hoje do partido, a fim de que os seus delegados deliberem com absoluta independência".


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