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JUDICIÁRIO
Ministério Público deve acionar STJ sobre suposto enriquecimento ilícito de desembargadores do TRF
Procuradoria quer investigar juízes
FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local
A Procuradoria Geral da República deverá requisitar ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) a instauração de inquérito para apurar
"suposto enriquecimento ilícito"
dos desembargadores Paulo
Theotonio Costa e Roberto Luiz
Ribeiro Haddad, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo.
Em comunicado distribuído
ontem à imprensa, em Brasília, a
Procuradoria Geral da República
informa que o procurador-geral
da República, Geraldo Brindeiro,
já havia requisitado à Receita Federal uma investigação da origem
patrimonial dos dois juízes.
Brindeiro baseara-se em parecer do subprocurador-geral Flávio Giron. Posteriormente, Brindeiro foi informado pelo secretário da Receita Federal, Everardo
Maciel, que -ainda segundo a
nota- essa investigação fora impedida por medida cautelar concedida, a pedido dos desembargadores, pela juíza federal Naíde
Azevedo de Almeida, de São Bernardo do Campo.
As procuradoras regionais Ana
Lúcia Amaral, Rosária de Fátima
Almeida Vilela e Jovenilha Gomes
do Nascimento iniciaram procedimento investigatório contra os
dois magistrados.
A instauração de um novo inquérito junto ao STJ, "inclusive
com a liberação das investigações
fiscais pela Receita Federal", ainda segundo a nota oficial, deverá
ser requisitada pela subprocuradora-geral da República Yedda de
Lourdes Pereira, designada por
Brindeiro na última sexta-feira.
Yedda passará a acompanhar
também dois outros inquéritos
que tramitam no STJ, envolvendo
o desembargador Paulo Theotonio Costa, e que estavam a cargo
da subprocuradora Delza Curvello Rocha.
Num desses inquéritos, o STJ
apura a suspeita de manipulação
na distribuição de habeas corpus
no TRF. Inquérito instaurado pela Polícia Federal apurou as circunstâncias que cercaram a distribuição de habeas corpus em favor do major reformado Sérgio
Roberto de Carvalho, da PM do
Mato Grosso do Sul.
O habeas corpus foi concedido
pelo desembargador Theotonio
Costa, que, no dia 2 de janeiro de
1998, fizera a distribuição manual
do processo (pela distribuição automática, o habeas corpus deveria
ter sido enviado para a juíza Suzana Camargo, que já negara o benefício ao major).
No mês passado, Carvalho foi
condenado a 16 anos e oito meses
de prisão por chefiar quadrilha de
traficantes de drogas.
No dia 11 de julho, a Folha revelou que os desembargadores Paulo Theotonio Costa e Roberto
Haddad ostentam sinais de riqueza que contrastam com o padrão
comum dos juízes brasileiros. Os
dois magistrados entraram com
ação de indenização contra o jornal.
A decisão da Procuradoria Geral da República de requisitar
abertura de inquérito contra os
dois magistrados é anunciada
dias depois de o presidente do
Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães, haver pedido a
"fiscalização imediata" no TRF da
3ª Região, tendo feito referência,
em discurso, ao episódio do habeas corpus do major Carvalho.
A medida ocorre também dias
depois que o Órgão Especial do
TRF, em São Paulo, decidiu, por
maioria, que é o fórum competente para julgar agravo (recurso)
apresentado pelos advogados de
Costa e Haddad.
Os dois juízes haviam obtido a
suspensão de procedimento administrativo instaurado pelo Ministério Público Federal, em São
Paulo, para apurar eventual ato
de improbidade administrativa.
O Órgão Especial, formado por
18 dos mais antigos desembargadores do TRF, entende que é o fórum adequado para investigar a
origem e a evolução do patrimônio dos dois magistrados.
Ontem à tarde, a Folha enviou
cópia do comunicado da Procuradoria Geral da República ao advogado Sebastião Tojal, que defende os dois desembargadores
na investigação no TRF, solicitando manifestação a respeito. O pedido foi reafirmado ao sócio de
Tojal, Frederico Prado Lopes.
Até a conclusão desta edição, os
advogados não haviam entrado
em contato com o jornal.
Os dois desembargadores não
foram localizados. A Assessoria
de Comunicação do TRF não
atendeu às ligações. O tribunalencontra-se em recesso.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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