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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO CELSO DANIEL
Inconclusivo, laudo aponta que perito sofreu asfixia por "excesso de secreção'; delegado indica hipótese de suicídio e descarta também morte natural
Polícia Civil descarta homicídio de legista
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A investigação da Polícia Civil
sobre a morte do perito-criminal
Carlos Delmonte Printes, que foi
o primeiro a indicar sinais de tortura no corpo do prefeito assassinado Celso Daniel (PT), aponta
para a hipótese de suicídio e descarta a possibilidade de morte natural ou homicídio.
O delegado José Antonio do
Nascimento, do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), descarta também
qualquer vínculo entre as mortes
de Daniel e do legista.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal), que demorou 70 dias
para ficar pronto, é inconclusivo.
Diz que Printes sofreu uma asfixia
mecânica causada por excesso de
secreção mucosa no canal respiratório, mas não conseguiu determinar a substância que teria provocado esse quadro.
Antes de morrer, Printes estava
com a saúde debilitada por conta
de uma broncopneumonia, o que
explica a presença da mucosa.
"Esse tipo de morte [asfixia mecânica] seria natural se a vítima tivesse 90 anos ou se fosse um recém-nascido, quando os mecanismos de autodefesa são mais
frágeis. O legista tinha 55 anos.
Não dá para falar em morte natural", disse Nascimento.
O laudo do IML, produzido por
12 médicos, entre legistas, patologistas, toxicologistas e técnicos de
laboratório, identificou a presença de três substâncias no corpo de
Printes: lidocaína (anestésico local), Dormonid (sonífero) e propalonol (para doenças cardíacas).
Os legistas do IML disseram que
essas três substâncias juntas, no
entanto, não poderiam ter ocasionado a asfixia -elas foram encontradas em baixa quantidade.
"Por meio do laudo e da investigação em curso, podemos descartar a possibilidade de assassinato.
A hipótese de suicídio é a mais
provável", afirmou Nascimento.
A conclusão de que Printes teria
ingerido alguma substância letal
metabolizada pelo organismo, a
ponto de inviabilizar a perícia,
afirmou Nascimento, é uma "dedução lógica", já que a investigação não aponta outras hipóteses.
O inquérito final sobre a morte
do legista deverá ser concluído
em janeiro. Na segunda-feira, o
delegado irá se reunir com peritos
do IML e representantes do Ministério Público para discutir o
laudo e dirimir eventuais dúvidas.
Celso Daniel
Após analisar o corpo do prefeito de Santo André, Printes criou
polêmica ao dizer que o petista foi
brutalmente torturado antes de
ser morto, em janeiro de 2002. A
explicação do perito era contraditória com a tese de crime comum,
defendida pela Polícia Civil.
Segundo Printes, ele havia sido
censurado pelo comando da Polícia Civil após ter defendido a tese
de tortura -a polícia nega.
O perito era uma das testemunhas do Ministério Público no
processo por homicídio movido
contra Sérgio Gomes da Silva e
outras sete pessoas acusadas pelo
assassinato do prefeito. Ele morreu antes de ser ouvido na Justiça.
Seis pessoas que tiveram algum tipo de vínculo com o crime foram
assassinadas.
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