|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TCU pára licitação e cobra diretor do Dnit
Indicação de Luiz Pagot gerou polêmica; tribunal vê indícios de irregularidades que podem gerar prejuízo de R$ 12 mi
Edital permitia que empresa fornecesse material e não mais a Petrobras, a um custo menor; "assunto está sob exame", afirma ministério
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois meses depois da polêmica indicação de Luiz Antonio
Pagot para chefiar o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), o
Tribunal de Contas da União
determinou a suspensão da licitação das obras da BR-429,
em Rondônia, por indícios de
"irregularidades graves" no
edital que, se não forem sanadas, acarretarão prejuízo de ao
menos R$ 12 milhões à União.
O prazo para entrega das propostas das empresas que quisessem concorrer à licitação
expirava ontem.
O edital foi lançado no dia 22
de novembro, logo após Pagot
assumir o cargo. A pavimentação da rodovia, em quatro trechos, está orçada em R$ 375,5
milhões e deveria ser incluída
no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O despacho assinado pelo
ministro Ubiratan Aguiar determina que Pagot envie explicações sobre o caso em 15 dias
-prazo termina no Natal- e
autoriza a realização de diligências e inspeções.
De acordo com a área técnica
do tribunal, o edital permitia
que a própria empresa vencedora da concorrência para executar as obras fornecesse o material betuminoso (cimento asfáltico de petróleo e asfalto diluído). No entanto, o Dnit tem
um contrato que prevê a compra desse tipo de material diretamente com a Petrobras, a
custo mais barato.
A irregularidade foi apontada
pela Secretaria de Fiscalização
de Obras e Patrimônio do tribunal. De acordo com as planilhas, se não for fornecido pela
Petrobras, o asfalto fica até
44% acima do preço.
O TCU cobrou: "A não-apresentação de justificativas ou
seu não-acolhimento poderá
ensejar a fixação de prazo para
adoção de medidas legais com
vistas à anulação do edital de
concorrência".
Até outubro deste ano, havia
uma brecha que permitia às
empresas comprarem material
betuminoso onde queriam.
Mas, diante de indícios de ilegalidade, a portaria foi revogada. Na ocasião, o TCU determinou que o Dnit montasse um
grupo para apresentar alternativas, em 30 dias, de fornecimento de asfalto. Mas, de acordo com o o tribunal, "não se
tem notícias sobre as conclusões formuladas pelo referido
grupo de trabalho".
A assessoria do Ministério
dos Transportes argumentou
que se "esgotou o quantitativo
de material (200 mil toneladas)
dada a ampliação da carteira de
obras do DNIT" e que o órgão
pretende firmar contrato de
ampliação desse montante com
a Petrobras. "Este assunto está
sob exame, pois o contrato
atual está na iminência de expirar e pode ser renovado em outras bases", disse o ministério,
que respondeu sobre o caso.
A nomeação de Pagot foi cercada de polêmica, com forte resistência do PSDB no Senado.
Filiado ao PR, ele foi indicado
ao cargo pelo governador de
Mato Grosso, Blairo Maggi
(PR). Braço operacional do Ministério dos Transportes, também cota do PR na Esplanada, o
Dnit gerencia orçamento anual
de quase R$ 12 bilhões -somados restos a pagar.
O PSDB condenou a indicação de Pagot sob argumento de
que ele omitiu que trabalhou
no Senado entre 1995 e 2002,
mas simultaneamente atuava
em empresa privada, o que seria ilegal.
Texto Anterior: Outro lado: Dirigentes negam poder sobre partidos Próximo Texto: Frase Índice
|