São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

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PAINEL

Vazamento calculado
Meros expectadores das novas revelações sobre a movimentação financeira de Duda Mendonça no exterior, parlamentares da CPI dos Correios avaliam que o próprio governo alimenta as informações, para mostrar que o caixa dois do marqueteiro é bem anterior a Lula.

Samba do avião
Incomodada com a falta de informações sobre Duda, a CPI avalia que a viagem aos EUA pode resultar inócua. Na melhor das hipóteses, teriam acesso à "primeira camada" de dados das contas, sem tempo para aprofundar a investigação.

Medidas extremas
O desespero é tanto que a CPI estuda a contratação de um escritório de advocacia nos EUA para levantar informações sobre Duda junto ao governo e aos bancos. Mas há dúvidas sobre se o material teria valor de prova.

Dois figurinos
Conversa de tucanos e pefelistas na semana passada chegou ao seguinte diagnóstico: a CPI-palanque será a dos Bingos. Na dos Correios, o importante é apresentar resultado concreto.

Fiscal do Serraglio
O PSDB deu ordem a seus deputados na CPI para que aumentem o corpo-a-corpo com Osmar Serraglio (PMDB-PR). Acha que o relator, na reta final, está sob influência demasiada de Delcídio Amaral (PT-MS).

Fila andando
O relator do processo de João Paulo Cunha (PT-SP), Cezar Schirmer (PMDB-RS), espera apenas receber documentos do Tribunal de Contas da União e da CPI dos Correios para concluir seu parecer, que deve entregar na semana que vem.

Tarefa inglória
Saia-justa é a de Júlio Delgado (PSB). O algoz de José Dirceu é o último a votar no Conselho de Ética no caso do conterrâneo Roberto Brant (PFL). Ficará entre a coerência e o conhecido compadrio mineiro.

Passo de tartaruga
Encerrou-se na sexta-feira o prazo para José Janene (PP-PR) apresentar sua defesa prévia ao Conselho de Ética. A relatora Angela Guadagnin (PT-SP) será pressionada a correr com o processo do pepista.

Vendendo o governo
O Palácio do Planalto aumentou em 19,6% o gasto com publicidade institucional da Presidência na proposta orçamentária de 2006 enviada ao Congresso, em comparação com a do ano passado. Serão R$ 156 milhões no ano eleitoral.

Compensação indireta
O aumento do gasto com publicidade agrada às agências que têm a conta do Planalto, que não quer envolvê-las diretamente na campanha de Lula -ao menos em tese, a ser paga pelo PT.

Acumulando milhas
Em ritmo de campanha, Geraldo Alckmin participou sábado de palestra para empresários e do Carnaval fora de época de Aracaju, o Pré-Caju. Ontem, inaugurou escola no interior de Sergipe ao lado de Marco Maciel (PFL), Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Nelson Jobim.

Mãos à obra
Gilberto Kassab (PFL) já trabalha na montagem de sua base na Câmara paulistana. O vice de José Serra tem conversado com PTB, PL e PP, que atualmente compõe o "independente" Centrão. Vereadores tucanos também foram procurados.

Juras de fidelidade
Promessa de Cláudio Lembo (PFL) a Geraldo Alckmin: se herdar o governo, fará o possível para manter os secretários-adjuntos no lugar daqueles que deixarem suas pastas para acompanhar o tucano na campanha eleitoral deste ano.

TIROTEIO

Do líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), sobre o panfleto que o PT distribuirá no Fórum Social Mundial, em Caracas, acusando a oposição de golpismo:
-É lamentável que a esquerda latino-americana sirva de platéia para uma mistificação que tenta transformar corruptos em perseguidos. A roubalheira do PT não é ideológica.

CONTRAPONTO

De primeira viagem

Em 2001, na viagem inaugural do porta-aviões São Paulo, da Marinha Brasileira, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi surpreendido por um sinal de incêndio, que desencadeou uma série de providências a bordo.
Embora fosse um alarme falso, o almirante que estava no comando notou que FHC ficara apreensivo e, quando o porta-aviões já estava perto de seu destino final, decidiu descontraí-lo.
O almirante chamou o ministro Pedro Parente, então chefe da Casa Civil, e ensinou a ele todas as vozes de comando da operação para atracar a embarcação no porto de Santos.
Quando o presidente viu seu ministro no comando das manobras, tomou outro susto.
-O que Pedro está fazendo?-, perguntou FHC.
Não foi preciso resposta, já que, a essa altura, toda a tripulação ria à volta do presidente.


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