São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

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Falta de máquinas atrasará obras

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento dos investimentos nas estradas pegou o setor de surpresa e, em alguns locais, há falta de máquinas, o que pode atrasar as obras. De acordo com Hilderaldo Luiz Caron, diretor de Infra-Estrutura Terrestre do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), o investimento neste ano deve ser o dobro do realizado no ano passado.
Em alguns locais já faltam máquinas de fresagem (raspagem da camada de asfalto da pista): "Em algumas regiões do país está faltando equipamento neste momento. Como nos últimos dez anos não teve muito recurso, não há muitas máquinas dessas [de fresagem] no país", disse o diretor do Dnit. "Se você tem um Orçamento de R$ 1 bilhão, tem máquina sobrando. Agora, se você vai executar um Orçamento de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões, vai faltar máquina. Hoje já está faltando. Tem trechos hoje de rodovias em que o trabalho está lento porque não tem máquinas disponíveis".
Para Carlos Pacheco Silveira, presidente do Sinicesp (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo), faltou planejamento por parte do governo. "Hoje você não acha essas máquinas no mercado, porque são poucas. O setor ficou ocioso e se desmontou um pouco", disse. Ele criticou o programa emergencial do governo: "Tapa-buraco não resolve nada. Tem que fazer restauração". Na avaliação de Pacheco, o problema da falta de máquinas pode ser resolvido a curto prazo, "mas não do dia para a noite". Segundo o presidente do Sinicesp, seria necessário que o Dnit tivesse uma estrutura melhor.
Para o presidente do Sicepot-MG (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de Minas Gerais), Luiz Augusto de Barros, o problema da falta de máquinas não é o principal. "Não acredito que seja esse o problema", diz. Na avaliação dele, também falta planejamento. "Tapa-buraco não resolve o problema da infra-estrutura", afirma. Para ele, o que é preciso fazer é restauração. "Soltaram um programa sem um diagnóstico real, técnico. Tenho certeza que a duração das obras vai ser menor", afirmou.
O Dnit argumenta que o governo vem aumentando os investimentos nos últimos anos: "Sempre dissemos que precisaríamos de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões para recuperar as rodovias. Não teve em 2004 e 2003 e não teve nos anos anteriores. Então uma parte da malha continuou se degradando. Para recuperar toda a malha, nós vamos precisar de dois ou três anos, com investimentos em torno de R$ 2 bilhões por ano em manutenção", disse Caron.
Segundo ele, após esse prazo será preciso manter investimentos entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões por ano em restauração e entre R$ 300 e R$ 400 milhões por ano em manutenção e conservação. Na manutenção e na conservação as obras são mais superficiais. Na restauração, a camada que fica sob o asfalto também é tratada.


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