São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Troca-troca já envolve 20 deputados da nova Câmara

Migrações afetarão sobretudo a oposição, que poderá reunir apenas 134 cadeiras

Conta é conservadora, mas até aqui o nível de mudança de siglas é menor do que o registrado em 2003, no início da legislatura passada

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 20 deputados, pelas contas mais conservadoras, devem trocar de partido antes mesmo de tomar posse. São políticos eleitos no último dia 1º de outubro por uma determinada sigla, mas que, no momento em que assumirem seus mandatos, estarão em outra agremiação política.
Essas trocas não são proibidas pela lei nem um fenômeno novo. Em 1º de fevereiro de 2003, nada menos do que 37 dos 513 deputados federais eleitos já haviam trocado de partido. Agora, um levantamento da Folha mostra possível migração de até 28 políticos -número ainda preliminar.
Pode variar, para mais ou para menos, a depender das negociações em curso para a montagem do ministério do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa constatação fica clara quando se observa o sentido da migração. O fluxo é sempre dos partidos de oposição em direção aos que estão hoje abrigados no guarda-chuva da coalizão lulista.
Os três principais partidos oposicionistas -PSDB, PFL e PPS-, elegeram, juntos, 153 deputados. Se confirmadas as defecções previstas nos bastidores do Congresso, essas agremiações devem cair para apenas 134 cadeiras no mês que vem, quando começam a ser nomeados os novos ministros.
As maiores defecções devem ocorrer no PFL, partido que ficou sem governadores em Estados fortes pela primeira vez desde a sua criação, nos anos 80. A única unidade da federação a ser comandada pelo PFL é o Distrito Federal (José Roberto Arruda).
Os pefelistas perderam a Bahia (com a derrota do grupo de Antonio Carlos Magalhães) e também se deram mal em outras locais nos quais eram hegemônicos, como o Maranhão (Roseana Sarney perdeu).
Sem governadores, muitos deputados federais ficam com poucos atrativos para permanecerem no PFL. Não têm facilidades locais e sofrem também no plano federal, dominado pelo PT. Por essa razão, a Folha conseguiu identificar nove pefelistas como potenciais defecções para a legenda em fevereiro -uma queda de 14% sobre o total de 65 eleitos em outubro.
O PSDB, pelo fato de ter conquistado governos estaduais relevantes -São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul-, deve ter menos perdas do que o PFL. Dos 66 tucanos eleitos, a expectativa é que cinco deixem a legenda.
O PPS, por ser menor e recentemente ter enfrentado a saída do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, pode ter sua bancada reduzida de 22 para 17 cadeiras -uma queda substancial de quase 23%.


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