São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Lobão Filho ignorava irregularidades, diz sócio

"O Edinho não sabia", disse empresário Marco Antonio Costa sobre transferência das ações para empregada doméstica

Costa responsabiliza a sua ex-mulher Maria Luiza de falsificar assinaturas; ela nega a acusação e diz que Lobão Filho sabia de tudo

HUDSON CORRÊA
DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Marco Antonio Costa, 56, afirmou ontem que o suplente de senador Edison Lobão Filho (DEM-MA) não sabia do uso de laranja e de assinaturas falsas na transferência de ações da Bemar Distribuidora de Bebidas em 1998.
Costa fez a afirmação à Folha, por meio de seu advogado, e em uma entrevista, exibida no "Jornal Nacional" da TV Globo ontem à noite. Lobão Filho diz que Costa "foi seu verdadeiro sócio" na Bemar de 96 a 98, período em que o democrata ficou na empresa.
Quando deixou a empresa, parte das ações de Lobão Filho foi transferida para uma empregada doméstica, que teve a assinatura falsificada no negócio, segundo laudo da Polícia Federal. "Quem não sabia que era a doméstica, digamos assim, mas uma pessoa de muita confiança, era o Edinho [Lobão Filho]. O Edinho não sabia, mas eu sabia", afirmou Costa ao "Jornal Nacional".
Por meio de seu advogado, Costa responsabilizou sua ex-mulher, Maria Luiza Thiago de Almeida, por indicar uma laranja para transferir as ações e por falsificar assinaturas. Costa e Maria Luiza estão separados desde o fim de 2002 e brigam na Justiça para definir valor de pensão alimentícia.
Maria Luiza rebateu a acusação e afirmou ontem à Folha que Lobão Filho sabia da transferência das cotas para a empregada doméstica, usada como laranja. Maria Lúcia Martins, a laranja, trabalha na casa de Maria Luiza.
Segundo Maria Luiza, as assinaturas foram falsificadas por uma funcionária da Itumar Distribuidora de Bebidas, empresa administrada por Costa e seu irmão Marco Aurélio.
O Ministério Público Estadual do Maranhão investiga se Lobão Filho é sócio oculto da Itumar. Ele nega.
Advogado da Itumar e de Costa, José Antonio Almeida, diz que pode ter havido uma confusão pois o tio de Lobão Filho, Neuton Lobão Filho, trabalhou na área financeira da Bemar e depois na Itumar.
Neuton recebeu em 1999 uma procuração de Maria Lúcia, a empregada doméstica, para administrar a Bemar. Em cartório, Maria Lúcia disse que teve assinatura falsificada nessa procuração.
Lobão Filho deixou a sociedade, transferindo 5.000 cotas da empresa para Maria Lúcia, a empregada doméstica. Outras 5.000 foram transferidas a Ana Maria dos Santos, que já aparecia como sócia de Lobão Filho desde 1996.
O suplente de senador é suspeito de transferir as ações para laranjas para fugir de dívidas da Bemar no valor de R$ 13 milhões. Ele nega.
Ontem, via assessoria, informou que ainda está em viagem fora do Brasil e voltou a reafirmar teor da nota divulgada na semana. Na nota, Lobão Filho diz que Costa, "seu verdadeiro sócio", foi o responsável pela transferência das ações à empregada doméstica.
Formalmente na Junta Comercial, não aparece o nome de Costa na sociedade. Maria Luiza constava na Bemar como sócia de Lobão Filho junto com Ana Maria.


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