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Lobão Filho ignorava irregularidades, diz sócio
"O Edinho não sabia", disse empresário Marco Antonio Costa sobre transferência das ações para empregada doméstica
Costa responsabiliza a sua ex-mulher Maria Luiza de falsificar assinaturas; ela nega a acusação e diz que Lobão Filho sabia de tudo
HUDSON CORRÊA
DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Marco Antonio Costa, 56, afirmou ontem
que o suplente de senador Edison Lobão Filho (DEM-MA)
não sabia do uso de laranja e de
assinaturas falsas na transferência de ações da Bemar Distribuidora de Bebidas em 1998.
Costa fez a afirmação à Folha, por meio de seu advogado,
e em uma entrevista, exibida no
"Jornal Nacional" da TV Globo
ontem à noite. Lobão Filho diz
que Costa "foi seu verdadeiro
sócio" na Bemar de 96 a 98, período em que o democrata ficou
na empresa.
Quando deixou a empresa,
parte das ações de Lobão Filho
foi transferida para uma empregada doméstica, que teve a
assinatura falsificada no negócio, segundo laudo da Polícia
Federal. "Quem não sabia que
era a doméstica, digamos assim, mas uma pessoa de muita
confiança, era o Edinho [Lobão
Filho]. O Edinho não sabia, mas
eu sabia", afirmou Costa ao
"Jornal Nacional".
Por meio de seu advogado,
Costa responsabilizou sua ex-mulher, Maria Luiza Thiago de
Almeida, por indicar uma laranja para transferir as ações e
por falsificar assinaturas. Costa
e Maria Luiza estão separados
desde o fim de 2002 e brigam
na Justiça para definir valor de
pensão alimentícia.
Maria Luiza rebateu a acusação e afirmou ontem à Folha
que Lobão Filho sabia da transferência das cotas para a empregada doméstica, usada como laranja. Maria Lúcia Martins, a laranja, trabalha na casa
de Maria Luiza.
Segundo Maria Luiza, as assinaturas foram falsificadas
por uma funcionária da Itumar
Distribuidora de Bebidas, empresa administrada por Costa e
seu irmão Marco Aurélio.
O Ministério Público Estadual do Maranhão investiga se
Lobão Filho é sócio oculto da
Itumar. Ele nega.
Advogado da Itumar e de
Costa, José Antonio Almeida,
diz que pode ter havido uma
confusão pois o tio de Lobão
Filho, Neuton Lobão Filho, trabalhou na área financeira da
Bemar e depois na Itumar.
Neuton recebeu em 1999
uma procuração de Maria Lúcia, a empregada doméstica,
para administrar a Bemar. Em
cartório, Maria Lúcia disse que
teve assinatura falsificada nessa procuração.
Lobão Filho deixou a sociedade, transferindo 5.000 cotas
da empresa para Maria Lúcia, a
empregada doméstica. Outras
5.000 foram transferidas a Ana
Maria dos Santos, que já aparecia como sócia de Lobão Filho
desde 1996.
O suplente de senador é suspeito de transferir as ações para laranjas para fugir de dívidas
da Bemar no valor de R$ 13 milhões. Ele nega.
Ontem, via assessoria, informou que ainda está em viagem
fora do Brasil e voltou a reafirmar teor da nota divulgada na
semana. Na nota, Lobão Filho
diz que Costa, "seu verdadeiro
sócio", foi o responsável pela
transferência das ações à empregada doméstica.
Formalmente na Junta Comercial, não aparece o nome de
Costa na sociedade. Maria Luiza constava na Bemar como sócia de Lobão Filho junto com
Ana Maria.
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