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Presidente do PSDB afirma a Aécio que partido quer Serra
Mineiro respondeu que ainda está na disputa para 2010 e vai tentar viabilizar seu nome
Sérgio Guerra defendeu
acordo para evitar prévias;
reação de Aécio à nomeação
de Alckmin por governador
paulista causou mal-estar
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse
anteontem ao governador de
Minas, Aécio Neves, que a
maioria da cúpula do partido
deseja que o governador de São
Paulo, José Serra, seja o candidato da legenda em 2010. O
principal argumento é que o
agravamento da crise econômica indica ser a vez de Serra.
Segundo apurou a Folha,
Guerra disse que o PSDB quer
patrocinar acordo para evitar
prévias, unir esforços para eleger Serra e bancar o fim da reeleição com um único mandato
presidencial de cinco anos para
Aécio concorrer em 2015.
Em conversa reservada antes
da reunião de anteontem em
Belo Horizonte com Aécio,
Guerra disse que recebera da
cúpula do partido uma das missões mais difíceis de sua vida.
Após conversa com dirigentes,
entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, senadores, governadores e prefeitos, Guerra encontrou mais
apoio a Serra do que a Aécio.
Guerra ouviu da maioria desses dirigentes que as prévias
não seriam boa alternativa,
porque resultariam numa luta
interna que deixaria sequelas
para a campanha. Para eles, os
tucanos se dividiriam em hora
econômica difícil para o governo Lula, na qual deveriam se
unir contra a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil).
A Folha apurou que Aécio
reagiu mal. Disse a Guerra que
ainda está no jogo, que fará
campanha pelo Brasil para tentar se viabilizar e que a realização de prévias lhe daria saída
honrosa da disputa com Serra.
Um acordo político passaria a
imagem, crê o mineiro, de ter
sido atropelado. Aécio avalia
que, se crescer nas pesquisas,
reverteria a tendência pró-Serra majoritária hoje.
Na última pesquisa Datafolha, Serra alcançou 41%. Aécio
passou de 4% no final de março
para 17% ao final de novembro,
quando foi realizado o levantamento. Mas a maioria dos tucanos avalia que Aécio não conseguirá superar Serra.
O principal defensor de Serra é FHC, que gosta de falar que
"política tem fila". Ele tem dito
reservadamente que Aécio é jovem e que precisaria entender
que é a vez de Serra. Aécio fará
49 anos em 10 de março. Serra
completará 67 anos no dia 19
do mesmo mês. FHC tem afirmado que Serra é mais preparado para fazer o debate econômico com o governo Lula, que o
paulista lidera as pesquisas e
que prévias só ajudariam o PT.
FHC aconselhou Serra a fazer um compromisso com Aécio para acabar com a reeleição,
caso o paulista se eleja em
2010. Segundo o ex-presidente,
deveriam ser dadas as garantias a Aécio de que ele será o
próximo postulante do PSDB à
Presidência e de que teria forte
influência na formação do governo. Sem essas garantias, diz
o ex-presidente, o mineiro recusará o acordo, e Serra poderia ficar sem apoio político vital
em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país. A Folha
apurou que Serra está disposto
a dar essas garantias.
O governador paulista tem
feito acordos com desafetos
políticos para viabilizar seu voo
presidencial. Foi assim no ano
passado com o peemedebista
Orestes Quércia e agora com o
tucano Geraldo Alckmin. O
PSDB nasceu em 1988 com o
discurso anti-Quércia. Alckmin foi abandonado em 2008
por Serra na disputa contra o
prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab (DEM), mas assumirá
secretaria do Estado.
A reação ruim de Aécio à indicação de Alckmin para o governo Serra também pesou na
avaliação de dirigentes de que
ele não deve ser o candidato.
Tucanos dizem que Serra jogou
dentro das regras, ao contrário
do que afirmam os aecistas.
O mal-estar foi tamanho que
Serra telefonou para Aécio na
noite de quarta-feira, antes de
embarcar para a Colômbia, para justificar o sigilo que envolveu o convite a Alckmin. Ele
alega que não queria que a conversa vazasse antes da resposta
do ex-governador.
Para FHC, houve uma reação
exagerada. "Não acho que deveria ter reação nenhuma. É
uma decisão do governador de
São Paulo. Achei uma coisa
magnânima e madura. Imagine
se o governador de Minas resolve botar alguém no secretariado lá. O que o Serra tem a ver
com isso? E eu? Nada", disse o
ex-presidente à Folha.
Tucanos serristas argumentam que Aécio, quando fez
aliança na eleição municipal de
2008 com o PT, tentou criar
um fato político embaraçoso
para Serra. O mineiro tentou se
mostrar como mais conciliador, apostando na fama de trator e desagregador de Serra.
Mas o governador paulista
surpreendeu o colega mineiro.
Aproximou-se de Lula e criou
pontes com antigos inimigos.
Serra vai apoiar nos bastidores
a eleição do ex-presidente José
Sarney (PMDB-AP) para presidente do Senado. O senador
responsabiliza politicamente
Serra por uma operação da Polícia Federal em 2002 que detonou a candidatura presidencial de sua filha, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA).
Agora, Serra acena a Sarney,
que precisa dos votos do PSDB.
Serra também fez as pazes
com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Virgílio e Serra se desentenderam
no final de 2007, quando o senador liderou movimento para
enterrar a CPMF.
Hoje, no Senado e no PSDB,
o mais destacado aliado tucano
de Aécio é Tasso Jereissati
(CE), que perdeu peso político
no partido e no Estado.
Colaborou CATIA SEABRA,
da Reportagem Local
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