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Procuradoria amplia apuração sobre Renan
Inquérito sobre o senador, que articula candidatura Sarney, vai além das denúncias arquivadas no Congresso
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Absolvido duas vezes pelos
colegas de plenário, o senador
Renan Calheiros (PMDB-AL)
ainda é investigado pela Procuradoria Geral da República.
Tramitando em sigilo no STF
(Supremo Tribunal Federal), o
inquérito está com 29 volumes
e vai além das denúncias arquivadas pelo Congresso em 2007.
Depois de ter deixado a presidência do Senado no final de
2007 envolvido em uma série
de denúncias, Renan voltou
com força à cena política como
principal articulador da campanha do colega José Sarney
(PMDB-AP) à presidência da
Casa. Em fevereiro o senador
assumirá a liderança da bancada do partido.
Instaurado em agosto de
2007 a pedido do próprio senador para esclarecer as supostas
notas frias usadas para comprar e vender gado, o inquérito
do STF se voltou contra Renan.
Ele aparece como indiciado no
procedimento que tramita em
segredo de Justiça.
Procurado pela Folha para
falar sobre a ampliação das investigações, o senador respondeu que não quer "falar sobre
essas coisas". Alegando sigilo, a
Procuradoria e o Supremo se
negaram a informar se Renan
já prestou depoimento.
Quando solicitou a investigação, o senador queria provar
que não era procedente a suspeita do uso de notas frias para
justificar o rendimento de
R$ 1,9 bilhão em quatro anos
com compra e venda de gado.
Ele queria comprovar que não
precisava de recursos de um lobista para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com
quem tem uma filha.
A pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, foram encaminhados ao STF ofícios com informações prestadas por diferentes órgãos federais, entre
eles os ministérios da Integração, Esporte, Turismo e Cultura, os Correios e a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
Os documentos indicam que
a investigação foi ampliada.
Como se trata de um processo
contra um senador, que tem foro privilegiado, cabe ao chefe
do Ministério Público Federal
conduzir as apurações.
Ponte
Entre os documentos em
análise pela Procuradoria estão
dados de convênios firmados
para a construção de uma ponte em Barra de Santo Antônio,
litoral alagoano. A obra, que
desde 2002 já recebeu R$ 15,6
milhões dos ministérios da Integração e do Turismo, foi paralisada há mais de um ano sob
suspeita de sobrepreço.
Renan é um dos padrinhos da
ponte, segundo o vice-prefeito
da cidade, Carlos Alexandre Pereira Lins. Além de indicar
emendas para a obra, Lins afirma que o senador colaborou
para liberar os recursos e retomar a obra já no próximo mês.
Em discurso no segundo semestre do ano passado, o próprio senador anunciou que
aguardava a liberação para a
concluir a ponte.
À Folha, na sexta-feira passada, Renan Calheiros disse a
obra será retomada porque os
recursos já estão garantidos.
Mas segundo a área técnica da
Caixa, a construção da ponte
foi suspensa, a pedido do Ministério do Turismo, por indícios de sobrepreço.
A Procuradoria analisa ainda
a movimentação financeira do
senador. A pedido do STF, a
Receita Federal, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o Banco Central e o Bradesco enviaram ofícios com informações bancárias e fiscais do senador. Ele teve a quebra de seus sigilos autorizada pelo STF em 2007.
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