São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Procuradoria amplia apuração sobre Renan

Inquérito sobre o senador, que articula candidatura Sarney, vai além das denúncias arquivadas no Congresso

FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Absolvido duas vezes pelos colegas de plenário, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ainda é investigado pela Procuradoria Geral da República. Tramitando em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal), o inquérito está com 29 volumes e vai além das denúncias arquivadas pelo Congresso em 2007.
Depois de ter deixado a presidência do Senado no final de 2007 envolvido em uma série de denúncias, Renan voltou com força à cena política como principal articulador da campanha do colega José Sarney (PMDB-AP) à presidência da Casa. Em fevereiro o senador assumirá a liderança da bancada do partido.
Instaurado em agosto de 2007 a pedido do próprio senador para esclarecer as supostas notas frias usadas para comprar e vender gado, o inquérito do STF se voltou contra Renan. Ele aparece como indiciado no procedimento que tramita em segredo de Justiça.
Procurado pela Folha para falar sobre a ampliação das investigações, o senador respondeu que não quer "falar sobre essas coisas". Alegando sigilo, a Procuradoria e o Supremo se negaram a informar se Renan já prestou depoimento.
Quando solicitou a investigação, o senador queria provar que não era procedente a suspeita do uso de notas frias para justificar o rendimento de R$ 1,9 bilhão em quatro anos com compra e venda de gado. Ele queria comprovar que não precisava de recursos de um lobista para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
A pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, foram encaminhados ao STF ofícios com informações prestadas por diferentes órgãos federais, entre eles os ministérios da Integração, Esporte, Turismo e Cultura, os Correios e a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
Os documentos indicam que a investigação foi ampliada. Como se trata de um processo contra um senador, que tem foro privilegiado, cabe ao chefe do Ministério Público Federal conduzir as apurações.

Ponte
Entre os documentos em análise pela Procuradoria estão dados de convênios firmados para a construção de uma ponte em Barra de Santo Antônio, litoral alagoano. A obra, que desde 2002 já recebeu R$ 15,6 milhões dos ministérios da Integração e do Turismo, foi paralisada há mais de um ano sob suspeita de sobrepreço.
Renan é um dos padrinhos da ponte, segundo o vice-prefeito da cidade, Carlos Alexandre Pereira Lins. Além de indicar emendas para a obra, Lins afirma que o senador colaborou para liberar os recursos e retomar a obra já no próximo mês.
Em discurso no segundo semestre do ano passado, o próprio senador anunciou que aguardava a liberação para a concluir a ponte.
À Folha, na sexta-feira passada, Renan Calheiros disse a obra será retomada porque os recursos já estão garantidos. Mas segundo a área técnica da Caixa, a construção da ponte foi suspensa, a pedido do Ministério do Turismo, por indícios de sobrepreço.
A Procuradoria analisa ainda a movimentação financeira do senador. A pedido do STF, a Receita Federal, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o Banco Central e o Bradesco enviaram ofícios com informações bancárias e fiscais do senador. Ele teve a quebra de seus sigilos autorizada pelo STF em 2007.


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