São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Toda Mídia

NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

Recessão cá?

O site do "Wall Street Journal" noticiou já anteontem o corte dos juros no Brasil, descrevendo no título como "arrojado" e "especialmente inesperado, considerando a história do atual Banco Central". Na reportagem de papel, ontem, sublinhou no título que "manifestantes querem mais" e o país ainda tem "uma das mais altas taxas no mundo". E "um número crescente de economistas estima que a maior economia da América Latina sofreu contração no último trimestre de 2008 e deve sofrer no primeiro de 2009, atingindo a definição técnica de recessão".
Nas manchetes on-line daqui, ontem, "Contra a crise, mais R$ 100 bilhões ao BNDES" , para crédito, "mas governo quer garantia de empregos". Depois, na Agência Brasil, vem aí um programa para "estimular a troca de geladeiras velhas por novas".

RECESSÃO LÁ?
S. Kambayashi/economist.com
O site do "China Daily" deu a manchete "Crescimento desacelera para 6,8% no quarto trimestre de 2008", mas logo abaixo acrescentou que "outros indicadores mostraram sinais de retomada".
A nova "Economist" já saiu ontem com os 6,8%, mais a avaliação de que o número "implica que o crescimento é virtualmente zero, em bases ajustadas". Mas a revista recusa a visão de que a China já estaria "escorregando para aberta recessão" e também prevê reação, para a metade do ano. Já o blog de Nouriel Roubini postou que o crescimento do "demônio chinês" foi zero ou negativo. E, como o primeiro trimestre de 2009 "indica ser pior", apostou o Senhor Apocalipse, "a China está em recessão".

OBAMA VS. CHINA
Nas manchetes on-line de "WSJ" e "Financial Times", ontem no fim do dia, o ataque a Pequim lançado pelo novo secretário do Tesouro dos EUA, equivalente a ministro da Fazenda. Tim Geithner afirmou que o próprio Barack Obama "acredita que a China manipula sua moeda".
E prometeu reação diplomática "agressiva", o que, avalia o "FT", "deve provocar tensão" com Pequim.

FELIZ ANO NOVO
O londrino "Guardian" postou longo artigo de Rodrigo Orihuela, editor do argentino "Perfil", sobre "a ascensão da China na América Latina", que "afirmou a sua independência avançando nas relações comerciais" com Pequim, em "resposta à negligência americana". Ontem também, a agência Xinhua noticiou a mensagem de Lula ao povo chinês, pelo Ano Novo Lunar.

VOZES ESTATAIS
AFP
Na foto de agência, bolivianos leem o "Cambio"

O cubano "Granma" publicou ontem a coluna de Fidel Castro e encerrou a especulação sobre sua morte. Ele escreveu acreditar nas "nobres intenções" e na "honestidade" das palavras de Obama, "mas restam muitas questões a responder", citando só meio ambiente. E saiu o jornal estatal boliviano "Cambio", ontem também. Evo Morales lançou a publicação ao celebrar seu terceiro ano como presidente, para uma cobertura de apoio ao governo, em contraste com a oposição de jornais como "El Deber", de Santa Cruz de La Sierra.

A CIDADE DOS GÊMEOS
telegraph.co.uk
Jovens de Cândido Godoy, "loiros e de olhos azuis"

O londrino "Telegraph" publicou ontem e foi a reportagem mais lida de seu site ao longo do dia. Ecoou pelos sites dos tabloides "Sun" e "Daily Mail" e foi parar no "Jerusalem Post" e até na Rússia.
Era a teoria de um argentino, de que o "Anjo da Morte" Josef Mengele teria "criado a cidade dos gêmeos no Brasil", Cândido Godoy, no Rio Grande do Sul, onde um em cada cinco nascimentos seria de gêmeos. Ele teria prosseguido, em visitas à cidade a partir do início dos anos 60, com as experiências que já fazia antes no campo de concentração de Auschwitz.

SEU PRÓPRIO PASSADO
Com o título "A loucura do asilo" e o subtítulo "Por que esta indulgência com um assassino condenado?", a "Economist" questiona a decisão brasileira sobre o italiano Cesare Battisti. Ironiza que o Rio "é um lugar atraente para se viver como fugitivo da Justiça" e cita Ronald Biggs, mas também escreve, em tom sério, que "há pouca dúvida na Itália de que seu julgamento foi justo".
A revista deduz o motivo real para a concessão de asilo: "A relutância do Brasil em examinar seu próprio passado. Sempre que surge a questão de um inquérito sobre o governo militar, ela é logo esmagada. Um segundo sentimento é a solidariedade de alguns membros do partido de Lula, de extrema esquerda nos anos 70".


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@ - Nelson de Sá



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