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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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OUTRO LADO

Vidigal afirma que não tem "nada a ver" com a atuação do seu filho

DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em entrevista à Folha, o ministro Edson Vidigal, do STJ (Superior Tribunal de Justiça) dissociou a sua atuação como juiz das atividades de seu filho Erick José Travassos Vidigal. "Se a gente for por esse caminho", disse ele, "amanhã, ser juiz vai ser como ser sacerdote da Igreja Católica. Não pode ter família."
"Inverta a coisa e coloque-se no meu lugar", prosseguiu Vidigal. "Você tem um filho, que é maior, que é profissional, advogado. Minha relação com os meus filhos é uma relação, vamos dizer..., cada um vive a sua vida. Ajudei a educá-los, apoiei todos, mas, no momento em cada um toma o seu rumo, não tenho nada a ver."
O ministro Edson Vidigal disse que desconhecia a viagem que seu filho fez a Cuiabá, para encontrar-se com advogados e lobistas a serviço de João Arcanjo Ribeiro.
"Nem tomei conhecimento, nem teria como tomar. Eu tenho, ao todo, cinco filhos. Em Brasília moram dois. Um deles há mais de um ano não vejo. Levo uma vida muito intensa. Às vezes, eles até procuram ir à minha casa, mas não me acham", afirmou.
"O Erick o sr. vê com que frequência?", quis saber a reportagem. Vidigal: "O Erick me visita com mais frequência. Até porque, dos que moram em Brasília, ele é o mais moço".
O repórter pede o auxílio de Vidigal para localizar Erick. "Se você me pedir o telefone de qualquer um deles, eu lhe falaria com a maior sinceridade que não tenho. Levo uma vida muito atribulada."
Estaria Erick viajando? "Também não sei. Sinceramente não sei te dizer nada a respeito da vida dele. Só posso dizer o seguinte: ele é realmente meu filho e eu tenho muito respeito pela vida dele. Apesar de muito moço, trabalha muito e leva uma vida modesta."
"Estamos entrando, no Brasil, num caminho muito perigoso", complementou Vidigal. "Amanhã um malandro combina com outro qualquer coisa, fala o seu nome e você não tem como sair."
No início da entrevista, ao ouvir o nome de José Arcanjo Ribeiro, Vidigal apressou-se em esclarecer: "Já entrou até um pedido de habeas corpus dele aqui, que eu indeferi".
O repórter indagou: "Dele ou do..." E Vidigal: "Do contador, do contador dele. Dele não entrou nada, não. Pelo menos aqui, ao meu conhecimento, não".
Vidigal afirmou que é contrário à atuação de um filho ou outro parente próximo do juiz na mesma jurisdição do pai. Embora tivesse dito que não dispunha dos telefones do filho, o ministro terminou por encontrá-lo. Chamou-o a seu gabinete e o pôs em contato com a reportagem.


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