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CAMPO MINADO
Nos últimos 3 anos do governo FHC foram 44 crimes; entre 2003 e 2004, foram 58; Norte tem maior número de vítimas
Sob Lula, mortes no campo crescem 31%
DO ENVIADO A SIDROLÂNDIA (MS)
O número de assassinatos decorrentes de conflitos fundiários
nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva cresceu 31% em relação aos três últimos anos da gestão Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002),
avançando de 44 para 58 casos.
Além disso, de 2003 a 2004, a
quantidade de invasões de terra
cresceu 47% no país, passando de
222 para 327 casos.
Em relação às mortes, segundo
relatório final de 2004 divulgado
ontem pela Ouvidoria Agrária
Nacional, a maioria delas, no ano
passado, ficou concentrada na região Norte, com 6 dos 16 casos.
Em 2003, dos 42 assassinatos no
campo, 31 ocorreram na região,
sendo 19 deles apenas no Pará.
O interior paraense, aliás, é o recordista de mortes entre janeiro
de 2003 e dezembro de 2004. Dos
58 casos registrados pela ouvidoria neste intervalo em todo o país,
23 (ou seja, 39%) ocorreram no
Estado em que a freira Dorothy
Stang e pelo menos três sindicalistas e dois fazendeiros foram mortos nos últimos dez dias.
A repercussão da morte da freira levou o governo a enviar o
Exército para o Estado e anunciar
um pacote ambiental com uma
série de medidas para a região.
Em 2004, porém, o Pará (com
quatro mortes) aparece na vice-liderança do ranking de assassinatos que a ouvidoria comprovou
terem ligações com conflitos
agrários. No topo ficou Minas Gerais, por causa dos cinco mortos
da chacina de Felisburgo, ocorrida no final do ano.
Em 2004, segundo a ouvidoria
(ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário), além das 16
mortes que integram o balanço
divulgado ontem, existem outras
19 ocorridas no campo (9 delas no
PA) que ainda estão sob investigação policial, o que impede cravá-las no relatório como "motivadas" por conflitos fundiários.
No ano passado, depois do Norte (6), aparecem as regiões Sudeste (5), Sul (3) e Nordeste (2). No
Centro-Oeste não houve mortes
com tal motivação.
Invasão de terra
Em relação às invasões de terra,
o governo Lula tem batido seguidos recordes. O número de 327
casos registrados no ano passado
é o mais alto já apontado pela ouvidoria, criada em 1999 mas que
publica seus balanços desde 2000.
Antes, os dados do governo eram
elaborados pela CPT (Comissão
Pastoral da Terra), cuja metodologia é diferente.
Em 2003, por exemplo, o braço
agrário da Igreja Católica registrou 73 mortes, contra 42 divulgadas pela ouvidoria agrária.
Nos dois primeiros anos do governo Lula, a cada mês ocorreram
em média 22,8 invasões de terra,
contra 13,8 nos três últimos anos
do governo de Fernando Henrique Cardoso. Sob Lula, no ano
passado, há também o registro do
chamado "abril vermelho", onda
de ações lideradas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) com a marca recorde
de 109 invasões num único mês.
No ano passado, o Estado de
Pernambuco aparece com 76 invasões de terra, seguido de São
Paulo (49), Minas Gerais (31), Paraná (26) e Bahia (24). O Pará, por
exemplo, teve apenas oito casos
entre janeiro e dezembro de 2004.
Antes da divulgação dos números, o ministro Miguel Rossetto
(Desenvolvimento Agrário) disse,
durante evento em Sidrolândia,
no Mato Grosso do Sul, que o governo tem feito uma reforma
agrária de qualidade. Afirmou,
porém, que é preciso trabalhar
muito mais na área.
(EDUARDO SCOLESE)
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