São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

O "imbatível"

Sites e blogs de bastidores políticos, como o de Claudio Humberto, vêm batendo nos últimos dias que Lula "ameaça" não concorrer no ano que vem. É comédia, claro.
O presidente e seus assessores fazem o "spin", espalham, mas é só aparecer uma pesquisa de popularidade para Lula se esvair em campanha.
Ontem foi a pesquisa CNT/ Sensus, na qual Globo Online, Jovem Pan, Band News e vários outros destacaram as projeções eleitorais favoráveis ao petista. Num título mais descontrolado, do site global:
- Lula continua imbatível para a eleição de 2006.
Diante do "imbatível", não adiantou a Folha Online e depois o Jornal da Record avisarem, em destaque, que "a aprovação do governo sofreu uma pequena queda".
Ele sozinho, Lula, não sofreu queda e até "oscilou" para cima. Então, tome discurso fingindo não ser candidato, na Globo News e outros:
- A oposição está doida para fazer campanha já. Da minha parte, meus caros, a eleição só vai entrar na minha cabeça no momento certo. 2005 é um ano de fazer o Brasil crescer e gerar os empregos de que este povo tanto precisa.
E tem mais, de um segundo discurso eleitoral:
- Geramos em 2004 o maior volume de empregos em dez anos. Eu garanto: vamos crescer 5% de novo.
A insistência no bordão dos empregos para o povo coincide com a apuração, pela mesma pesquisa CNT/Sensus, de que o desemprego continua sendo, de longe, a maior preocupação dos brasileiros.

MAIS DOIS

Mais até que a pesquisa, o que parece animar Lula é o encaminhamento da crise no Pará, que começa a saciar a cobertura externa. O "El País" publicou longa reportagem com elogios às prisões "fulminantes" e à "determinação" de Lula, sob o título:
- Fim da impunidade na Amazônia.
Na seqüência, à tarde, o site do "New York Times" e outros traziam a notícia de que "o Exército brasileiro" havia "capturado" o terceiro envolvido.
Num de seus discursos, Lula se empolgou e saiu bradando, até no Jornal Nacional, contra "alguns empresários do setor madeireiro" e em defesa dos "trabalhadores rurais", garantindo que "a impunidade acabou".
Parecia o Lula dos velhos tempos, em nova campanha. E não importa que outra manchete do JN tenha citado "dois novos assassinatos" no Pará.

NO AR

Reprodução
Da esq. para a dir., imagens das redes americanas ABC, PBS (pública) e NBC nos últimos três dias, na cobertura da investigação do assassinato da freira americana naturalizada brasileira Dorothy Stang

Mais um
E foi assassinado ontem mais um menor de idade na Febem, agora em Bauru. No destaque da Globo News, à tarde:
- Febem lamenta quarta morte de interno neste ano.
Quatro mortos depois, além de mais uma rebelião na capital, o SPTV e até o Jornal Nacional ainda cobrem a seqüência de horrores na instituição como se tudo estivesse caminhando para a normalidade.
E tome o governador e seu presidente da Febem, dizendo que são só "reações". Que vai dar tudo certo.

Nova história
Talvez por desinformação, uma comentarista da CBN -e do blog de Ricardo Noblat- saiu dizendo ontem:
- Volta e meia circulam boatos sobre deputados que teriam vendido o voto. Na emenda da reeleição, no governo Fernando Henrique, falou-se muito que a cotação de alguns chegou a R$ 200 mil. Ninguém quis apurar, ninguém cobrou.
De bate-pronto, o também blogueiro Maurício Fernandes citou a cobertura da Folha em 97 e criticou a "singela" tentativa de "reescrever a história".

committeetoprotectbloggers.blogspot.com/Reprodução
CAMPANHA Os blogs de Jeff Jarvis e, por aqui, Tiago Dória convocavam ontem ao esforço virtual para libertar dois bravos blogueiros iranianos. É a primeira campanha da Comissão de Proteção aos Blogueiros


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