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Partidos têm aumento de 22% no repasse público
Fundo Partidário destinou R$ 148 milhões às siglas em 2006; PT segue líder
Parte dos recursos foi liberada por decreto de Lula no final de dezembro por "superávit" das multas
eleitorais de anos anteriores
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os partidos, que têm reclamado da falta de recursos e de
mudanças na lei do Fundo Partidário, bateram recordes de
recebimento de recursos públicos no ano de 2006. Abocanharam R$ 148 milhões do fundo,
crescimento de 21,7% em relação ao ano de 2005, incluindo
recursos previstos no Orçamento da União e parte do pagamento de multas eleitorais.
Desde 2003, o valor se mantinha numa faixa de R$ 121 milhões anuais. Entre 2004 e
2005, havia caído 0,2%.
O desempenho de 2006 deveu-se, em parte, à Justiça Eleitoral ter decidido apertar a cobrança de multas, principalmente dos candidatos, que tiveram de quitar os débitos para
poder disputar as eleições.
Dos R$ 148 milhões distribuídos, R$ 30 milhões vieram
de parcelas de multas pagas
desde 2003.
Uma parte desse valor, cerca
de R$ 5 milhões, teve um empurrão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo
o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), um decreto presidencial
do final de dezembro autorizou
o repasse desse valor, que era
considerado superávit contingenciado de multas pagas em
anos anteriores e não repassadas aos partidos.
A divisão dos recursos entre
os partidos obedece a regras
definidas em lei. Um dos critérios é o tamanho da bancada
eleita no Congresso Nacional.
O tesoureiro nacional do PT,
Paulo Ferreira, e o secretário
nacional de organização partidária do PSDB, Eduardo Jorge
Caldas, disseram que os recursos do fundo estão comprometidos com a manutenção dos
seus partidos, com o repasse
obrigatório de 20% aos institutos das siglas (Fundação Perseu
Abramo, do PT, e Instituto
Teotônio Vilela, do PSDB) e
com o pagamento de dívidas
contraídas pelas campanhas
presidenciais de Luiz Inácio
Lula da Silva e Geraldo Alckmin (PSDB).
Por lei, os partidos devem repassar 20% do fundo para as
fundações.
O PT assumiu R$ 10 milhões
em dívidas da campanha de Lula. Disso, já pagou pouco mais
de R$ 2 milhões aos credores,
segundo Ferreira. O PSDB, que
em 2006 assumiu R$ 19 milhões em dívidas da campanha
de Alckmin, também reduziu o
valor em R$ 2 milhões.
As eleições de 2002, das
quais o PT saiu com o presidente da República e a maior bancada do Congresso, representaram alteração significativa de
posições entre PT e PSDB no
ranking das siglas que mais recebem recursos do fundo.
Acumulado
Os tucanos desceram do primeiro para o segundo lugar. O
PT pulou da quarta posição,
com R$ 13,2 milhões em 2002,
para o primeiro lugar, com
R$ 30,3 milhões em 2006 (ou
20,7% do total distribuído no
ano passado). O PSDB passou
de R$ 17,6 milhões para R$ 23,6
milhões (ou 15,5% do total distribuído em 2006).
Segundo o tesoureiro do PT,
o fundo continua como principal receita do partido, compreendendo 75% dos recursos
do diretório nacional petista.
O PT e os partidos da base
aliada do governo Lula registraram alto crescimento proporcional de participação na divisão do bolo do fundo. Enquanto a parte do PSDB subiu
33,8% entre 2001 e 2006 (sem
o desconto da inflação do período), o PT apontou 128%.
O PR (ex-PL) cresceu 1.099%
(de R$ 706 mil para R$ 8,4 milhões). O PSB o acompanhou,
com crescimento de 801%
(de R$ 968 mil para R$ 8,7 milhões).
Entre os grandes partidos, o
oposicionista PFL foi um dos
que menos cresceu, apenas
25% (de R$ 17,4 milhões para
R$ 21,8 milhões).
As 14 principais siglas do país
receberam ao todo, entre os
anos de 2001 e 2006, R$ 685
milhões do fundo partidário.
Considerando o total distribuído, o PT também aparece
como o principal beneficiário,
com R$ 130 milhões, o equivalente a 18,9% do total. O PSDB
ficou com R$ 117 milhões.
Os recursos do fundo podem
ser usados para quase todo tipo
de despesa, do pagamento de
passagens aéreas às despesas
com campanhas eleitorais.
A prestação de contas é anual
e deve ser entregue ao TSE até
o último dia de abril.
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