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Justiça manda sem-terra deixarem fazendas no Pontal
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE
Quatro dias após o início da
onda de invasões de fazendas
no oeste do Estado, a Justiça do
Pontal do Paranapanema (SP)
ordenou a retirada dos sem-terra de três das propriedades
invadidas, atendendo a um pedido de reintegração de posse.
Desde domingo, 13 fazendas
foram invadidas no Pontal e na
Alta Paulista, numa ação da ala
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
de José Rainha Jr. e de agricultores ligados a sindicatos controlados pela CUT (Central
Única dos Trabalhadores).
As reintegrações de posse beneficiaram os donos das fazendas São José, em Piquerobi
(615 km de SP), Santa Lourdes,
em Flora Rica (634 km de SP), e
Água Limpa, em Presidente
Epitácio (655 km de SP).
A juíza Flávia Alves Medeiros, de Santo Anastácio, que determinou a retirada imediata
dos sem-terra da fazenda São
José, estabeleceu ainda que
eles fiquem distantes 20 quilômetros da propriedade. E estipulou multa diária de R$ 1.000
aos responsáveis pelo acampamento em caso de desobediência. Em seu despacho, a juíza
disse que o Estado, "que arrecada tributos dos proprietários
rurais, deve lhes garantir o direito de propriedade".
Com base em um laudo do
Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária), anexado ao pedido de reintegração de posse, que considera a fazenda "grande propriedade produtiva", a juíza decidiu
que a "ação dos invasores do
movimento MST é ilegal e ilegítima, não sendo amparada pela
lei nem pela Constituição".
Ontem, uma oficial de Justiça esteve na fazenda e notificou
os sem-terra da decisão. Em
uma reunião com a coordenação do MST, foi estabelecido
um prazo de 24 horas para que
a área seja desocupada.
De acordo com a Polícia Militar de Piquerobi, os sem-terra
se comprometeram a deixar a
fazenda até as 17h de hoje.
A UDR (União Democrática
Ruralista) disse que ingressou
na Justiça com pedidos de reintegração de posse das fazendas
São Luís, em Mirante do Paranapanema, e Fazenda Coqueiro, em Presidente Venceslau.
O advogado da UDR Joaquim
Botti Campos afirmou que hoje
ingressará com o pedido de outras duas áreas. Nas demais, os
donos contrataram advogados
independentes.
Já o MST deixou voluntariamente, no início da noite de anteontem, a fazenda Cachoeira,
em Itapura (692 km a noroeste
de SP), que havia sido invadida.
De acordo com organizadores das invasões, a decisão é estratégica e ocorreu no mesmo
dia em que o Incra divulgou à
imprensa nota admitindo que a
propriedade está sendo negociada com o governo para fins
de reforma agrária.
"Foi um recuo estratégico
em vista do interesse do Incra
em negociar", disse Wesley
Mauch, coordenador do MST.
Ontem, o presidente da UDR,
Luiz Antônio Nabhan Garcia,
protocolou representação no
Ministério Público pedindo
abertura de inquérito para apurar a participação da CUT nas
invasões. "A CUT deve se responsabilizar por esses crimes.
Ela, diferentemente do MST,
que não existe juridicamente,
tem personalidade jurídica. É
uma entidade constituída."
Ao ser questionado sobre a
ação da UDR, o integrante da
direção estadual da central Rubens Germano disse que "não
reconhece a representatividade" do dirigente ruralista.
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