São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Lula vs. Hugo Chávez

O Irã era a manchete de ontem, da Folha Online ao site do "New York Times", por enriquecer urânio em desafio às Nações Unidas. Não demorou e, pelos sites, a Reuters e outras agências passaram a noticiar que "Lula proibiu a transferência de tecnologia que possa ajudar o Irã a desenvolver seu programa nuclear".
Está aí a resposta para "a pergunta da semana nos círculos diplomáticos" do hemisfério, segundo o "Miami Herald": "O gigante regional Brasil está para se aproximar um pouco de Washington e se distanciar um pouco do líder narcisista-leninista da Venezuela, Hugo Chávez?". Como se sabe, o presidente do Irã andou pelo subcontinente de mãos dadas com Chávez -e desde então é atração cotidiana no canal Telesur.

O PAÍS DO AUTOMÓVEL
A duas semanas de baixar por aqui, o presidente dos EUA, George W. Bush, visitou ontem uma usina de etanol na Carolina do Norte, cheirou amostra e examinou carro a álcool, segundo a agência AP.
De outra parte, segundo o "Washington Post", a General Motors vem fazendo lobby junto à Nascar, categoria maior do automobilismo nos EUA, para trocar gasolina por etanol. A Indy já mudou. O lobista, vice da GM, entrou na empresa anos atrás, no Brasil.

A MENINA DOS OLHOS
O biodiesel, "a menina dos olhos de Lula", rende mais manchete no "Valor", sobre investimentos sem controle.
E a Bloomberg destaca, de Tóquio, como uma empresa japonesa se associou a uma holandesa para erguer três usinas por aqui, de uma vez.

CONTRA O ETANOL
Com os irmãos Bush, a GM e até o "Wall Street Journal" em campanha, o britânico "Financial Times" pisa no freio do etanol -sob títulos como "Crescimento dos biocombustíveis é atingido pelo preço em alta do grão".
Além do milho, sobrou para a cana, do Brasil, que estaria "destruindo floresta tropical".

CONTRA A VIRADA
E mais, o correspondente Jonathan Wheatley, versão financeira de Larry Rohter, postou uma "análise", usando entrevistas de Dilma Rousseff e Celso Amorim, sob o título "Virada à esquerda à frente? O PAC de Lula pode condenar o Brasil à mediocridade".
Cobrando a reforma da Previdência, o texto denuncia o suposto "novo alinhamento de idéias entre os governos brasileiro e venezuelano".

BBC World/Reprodução

OUTRO AMOR
Enquanto George W. Bush e Lula trocam mensagens estratégicas de "amor", em "lovefest", na expressão do colunista Andres Oppenheimer, Hugo Chávez e Néstor Kirchner tentam o mesmo, entre eles. Bush não vai a Buenos Aires, em sua viagem, e o argentino saiu espalhando que "muito tem sido dito que, no caso do presidente Lula e no meu, nós deveríamos conter o presidente Chávez... um erro absoluto". O argentino chamou o venezuelano de "irmão" e acertou, diz a Agência Brasil, a criação do Banco do Sul.
O jogo dos EUA na região foi tema de debate na BBC (acima) com participação de Silio Boccanera, da Globo, que cobrou respeito dos EUA às "diferentes esquerdas".

RECORDES, RECORDES
No dizer do site do "Wall Street Journal", ontem, "as ações brasileiras continuam seu ataque aos livros dos recordes". A agência Reuters ouviu analistas e avaliou que a Bovespa tem espaço para crescer ainda mais no ano, em comparação a outros Brics.

"MONEY SHOW"
Foi, registre-se, a avaliação também do World Money Show, uma feira financeira nos EUA, semana passada, com 10 mil investidores.
"Especialistas apostam no Brasil", era o enunciado de um dos posts sobre o evento no blog de finanças do portal AOL, Blogging Stocks. Um outro anunciava "Perfurando atrás de dólares no Brasil", sobre as ações da Petrobras.

O GERENTE E OS JUROS
Em parte ao menos, até o "Financial Times" faz apostas no mercado brasileiro. Em entrevista semana passada, o gerente do fundo Allianz, tido como primeiro no setor de emergentes, espalhou que é hora de jogar no Brasil. O país já estaria sinalizando alta.
Ele reclamou, no entanto, que os elevados juros básicos impedem o país de seguir o ritmo de Rússia, Índia, China.

"BRICA"
A "euforia" do capital global alcança outros emergentes. O site do "WSJ" registrou que vários árabes, segundo estudo europeu, permitem falar em Brica, não Bric. A Bloomberg descreveu o Vietnã, a Ucrânia e a Croácia como "ombro a ombro" com os quatro Brics.

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@ - Nelson de Sá


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