São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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CÂMARA
Manobra de governistas barra votação de CPI em SP

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local


Em mais uma manobra para não colocar em votação pedidos de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a administração Celso Pitta (PTN) e denúncias contra os próprios colegas, vereadores governistas esvaziaram a sessão de ontem da Câmara de São Paulo.
Dos 55 vereadores paulistanos, 29 -todos de partidos que apóiam o prefeito- não responderam à chamada, e a sessão de ontem acabou encerrada por falta de quórum. A ausência governista não inclui Ivo Morganti (PMDB), que estava ontem de licença. Era necessária a presença de 28 vereadores para pedidos de CPI serem colocados em votação, mas só 25 parlamentares ficaram em plenário.
Uma informação que circulou no Legislativo levantou a suspeita de que a estratégia governista para barrar a aprovação de uma CPI para apurar denúncias feitas pela ex-primeira-dama Nicéa Pitta inclui a pressão do PPB, do ex-prefeito Paulo Maluf, para evitar que um vereador da bancada continue apoiando a oposição.
Nicéa, entre outras coisas, acusa o prefeito de participar de um esquema de pagamento de propina a vereadores para não ser investigado no Legislativo.
Ameaçado de perder a legenda em um ano de eleição, o vereador Salim Curiati Júnior (PPB), que rompeu com Pitta no ano passado e vinha votando com a oposição, também teria deixado a sessão de ontem para não votar a apuração das denúncias da ex-primeira-dama.
A assessoria de imprensa do vereador negou ontem que ele tenha sido ameaçado de expulsão pelo PPB . Segundo a assessoria, Curiati Júnior deixou a sessão de ontem para ir a um velório.

Contas
Os partidos de oposição, junto com o PL e Curiati Júnior, contavam ter 26 dos 28 votos necessários para aprovar a CPI. Sem Curiati Júnior, eles ficam, em tese, com 25 votos.
Do outro lado, governistas também não conseguem reunir os 28 votos para arquivar o pedido de CPI, protocolado pelo vereador José Eduardo Cardozo (PT).
O impasse deve se repetir na sessão de hoje, principalmente porque o PMDB ainda não decidiu se a bancada apoiará ou não o pedido de CPI. Com dez vereadores, o partido vai ter o poder de decidir se as denúncias serão ou não investigadas pela Câmara.
De acordo com o líder do partido na Câmara, Jooji Hato, a decisão deverá ser tomada na semana que vem.
"Queremos aguardar a chegada do pedido de impeachment que vai ser apresentado pelo presidente da OAB (Rubens Approbato Machado). Só depois disso vamos decidir sobre o pedido de impeachment e sobre a CPI."


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