CHICO DE GOIS
da Reportagem Local


Em depoimento ao Ministério Público, o filho do prefeito Celso Pitta, Victor Camargo Pitta do Nascimento, confirmou todas as denúncias feitas por sua mãe, a ex-primeira-dama Nicéa Pitta, e ainda afirmou que o carro utilizado para sua segurança -um Gol cinza, placa CNM 5630 -, pertence ao PPB, partido do ex-prefeito Paulo Maluf, que diz estar rompido com o prefeito.
Com base no depoimento, o procurador de Justiça coordenador do Setor de Apuração de Delitos Praticados por Prefeitos Municipais, Alberto de Oliveira Andrade Neto, disse ontem que o Ministério Público irá solicitar hoje a abertura de um inquérito policial para investigar os casos de corrupção narrados tanto por Victor quanto por Nicéa.
Andrade Neto pede que sejam ouvidos no inquérito policial o próprio Pitta, os secretários da Saúde, Jorge Pagura, do Governo, Carlos Augusto Meinberg, e da Comunicação Social, Antenor Braido, além do presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), e de empregados que trabalham ou trabalharam na casa de Nicéa.
"O depoimento do Victor fortaleceu a convicção da necessidade de abertura de inquérito policial", disse o procurador. Esse é o primeiro inquérito policial no qual Pitta é citado diretamente. "A partir de agora, o prefeito passa a ser formalmente investigado por corrupção", afirmou.
No depoimento, Victor confirma uma reunião que teria ocorrido em sua casa em maio, da qual teriam participado, além de Pitta, Meinberg, Braido e Mellão. Nesse encontro, segundo Victor, teria sido negociado o pagamento a vereadores para que votassem contra o impeachment do prefeito.
Victor disse que não participou da reunião, mas afirmou que em seguida foi realizada uma conversa entre Pitta, Nicéa, Roberta e ele na qual o assunto foi tratado. Segundo o filho do prefeito, Pitta teria dito que "realmente havia pago aos vereadores e que a situação iria se acalmar".
O filho de Pitta levantou suspeitas sobre os empréstimos que teriam sido concedidos pelo empresário Jorge Yunes a Pitta. No total, segundo o prefeito e o próprio empresário, foram R$ 800 mil. De acordo com Victor, seu pai lhe disse que "precisava justificar sua renda perante a opinião pública e a solução encontrada foi o empréstimo com Yunes".
Victor também disse que "sua mãe nunca trabalhou com venda de obras de arte para Yunes". A afirmação contraria versão divulgada pelo próprio empresário, que sempre disse que pagou aproximadamente R$ 150 mil a Nicéa para que ela intermediasse a compra de obras de arte.
O filho do prefeito disse que recebeu dinheiro do pianista João Carlos Martins em duas ocasiões. Em seu depoimento, Nicéa havia afirmado que fora apenas um empréstimo, de US$ 5 mil. Segundo Victor, além desse valor, depositado no banco Espírito Santo em Londres, houve um outro, quando ele estava em Nova York, em dezembro do ano passado. Nesse, o valor foi de US$ 8 mil.
Victor disse que o filho do ex-prefeito Paulo Maluf, Flávio, pediu para que Pitta nomeasse Ricardo Castelo Branco para a presidência da Anhembi Turismo e Eventos.
Além disso, segundo Victor, Flávio pediu para que Pitta "não tomasse nenhuma providência para modificar o sistema de estacionamento da Anhembi e que Flávio falava que ganhava muito dinheiro lá".


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