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CONSTITUIÇÃO
Proposta não teve os votos suficientes; deputados de oposição se amordaçaram durante a sessão
Câmara rejeita Lei da Mordaça no MP
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
A Câmara rejeitou ontem o dispositivo que estabelece a Lei da
Mordaça para o Ministério Público na Constituição. Apesar da
tentativa dos líderes dos partidos
governistas de aprovar o item da
reforma do Judiciário, não houve
os votos suficientes para manter a
proposta.
O placar registrou 290 votos favoráveis à mordaça, mas eram necessários 308 votos para aprovar a
proposta. Foram 175 votos contrários e 5 abstenções. Os deputados da oposição comemoram.
Durante a sessão, os oposicionistas se amordaçaram em sinal
de protesto. O deputado Marcelo
Déda (PT-SE) exibia uma Constituição "amordaçada". Com o resultado, os deputados jogaram as
mordaças para cima.
"Sem a liberdade de imprensa
não há democracia. Chega de
mordaça. Esta casa não deve se
curvar à impunidade da elite",
afirmou o líder do PT na Câmara,
Aloizio Mercadante (PT-SP).
A derrota da Lei da Mordaça
ocorreu depois de três adiamentos de votação. Por três vezes consecutivas, os partidos da base de
apoio do presidente Fernando
Henrique Cardoso obstruíram a
votação temendo perder no voto.
O texto proibia aos membros do
Ministério Público "revelar ou
permitir indevidamente que cheguem ao conhecimento de terceiro ou aos meios de comunicação
fatos ou informações de que tenham ciência em razão do cargo e
que violem o sigilo legal, a intimidade, a vida privada, a imagem e a
honra das pessoas".
Um dispositivo semelhante instituiu a Lei da Mordaça para os
juízes. O PT disse que vai tentar
derrubar o dispositivo no segundo turno de votação da emenda
da reforma do Judiciário. Os líderes governistas defenderam a proposta da relatora da reforma, deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP),
instituindo a Lei da Mordaça.
"A Lei da Mordaça quer impedir o linchamento moral de pessoas pelo Ministério Público. O
Ministério Público não quer provar o que diz, não quer trabalhar",
disse o líder do PTB, Roberto Jefferson (RJ).
A relatora afirmou que promotores, juízes e procuradores têm
de ter limites. "O povo não pode
pagar por ato indevido de um
juiz, de um promotor ou de um
procurador. Vamos punir quem
se exceder, sim", afirmou a relatora na defesa de sua proposta.
A Lei da Mordaça está incluída
na emenda constitucional da reforma do Judiciário e em outros
dois projetos. Um deles, de autoria do Executivo, já foi aprovado
pela Câmara e está parado na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. O outro, do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC),
foi aprovado na CCJ do Senado e
espera votação pelo plenário.
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