São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2005

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Esvaziando Severino
Além de cortejar a parcela oposicionista do PMDB, o Planalto trabalhará para tirar parlamentares do PP e abrigá-los em legendas que praticam toma-lá-dá-cá de forma menos agressiva.

Voz da experiência
Apesar da nomeação suspensa da filha, José Sarney (PMDB-AP) afirma ter compreendido o gesto de Lula: "Fui presidente. Sei que quando as águas estão revoltas não há muito a fazer".

Pai é pai
Aliados dizem que, apesar da compostura pública, Sarney sentiu a suspensão da ida de Roseana para o ministério. "Não estou entendendo nada", teria dito ontem cedo a um amigo.

24 horas
Ainda ontem, o novo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT-PR), iria à posse do Conselho Gestor das PPPs. Hoje, participa de reunião do CMN. E até 30 de abril tem de despachar a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o Congresso.

Palavras ao vento 1
Embora procedente, a tese do fortalecimento de José Dirceu foi algo prejudicada pelo "pára tudo" decretado por Lula. A queda de Aldo Rebelo, objetivo maior do chefe da Casa Civil na reforma, por ora virou fumaça.

Palavras ao vento 2
Dirceu chegou a convidar Roseana Sarney (PFL) e Ciro Nogueira (PP) para o ministério. Por fim, jamais desejou ver Arlindo Chinaglia (PT-SP) na liderança do governo da Câmara.

Sinais trocados
Na contramão de alguns de seus colegas de PMDB, Geddel Vieira Lima, da parcela oposicionista da sigla, aprovou a suspensão da reforma ministerial: "Cumprimento o presidente por querer fazer uma discussão de mérito e por não ter se rendido aos interesses fisiológicos".

Sem alarde 1
Severino Cavalcanti (PP-PE) bem poderia pedir umas dicas a Renan Calheiros (PMDB-AL). Na surdina, o Senado aumentou na quinta passada de R$ 12 mi para R$ 15 mi a verba de gabinete de seus parlamentares. O comunicado chegou por e-mail.

Sem alarde 2
De forma igualmente discreta, a Mesa do Senado aprovou a criação de mais um cargo de assessor para cada um dos gabinetes, com salário de R$ 9.000.

Para poucos
Uma festa-surpresa organizada pela filha Verônica reuniu grupo seleto de tucanos, no sábado, para comemorar o aniversário do prefeito José Serra. Estavam lá os casais FHC-Ruth e Geraldo-Lu Alckmin. O cardápio incluiu a sucessão de 2006.

Contra o relógio
Quer envie ou não projetos para a Assembléia, Geraldo Alckmin continuará sob pressão. O presidente da Casa, Rodrigo Garcia (PFL), definiu ontem que, sem acordo entre líderes, colocará em plenário, dentro de 20 dias, 48 pedidos de CPI.

Defesa vazada
Enquanto a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, auxiliada por Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), dizia o diabo sobre a Febem ontem, não havia sequer um deputado da base governista disposto a defender Alckmin na sessão.

Setor estratégico
Como parte do acordo que elegeu o pefelista Rodrigo Garcia presidente da Assembléia paulista, os petistas vão controlar a estrutura de comunicação da Casa, incluindo o "Diário Oficial" a TV Assembléia.

Visita à Folha
Martin Hackett, diretor-presidente da Prosegur, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Nuria Casadevall, gerente de marketing da Prosegur, e de Marcia Schuler, da MSchuler & Associados Comunicação Empresarial.

TIROTEIO

Do líder do PTB na Câmara dos Deputados, José Múcio (PE), sobre a suspensão da reforma ministerial de Lula:
-Nunca estivemos tão do mesmo jeito quanto hoje.

CONTRAPONTO

Boas maneiras

Suspensa ontem depois que o presidente da Câmara encostou a faca no pescoço do governo de maneira demasiadamente explícita, a reforma do primeiro escalão de Lula se arrastava havia meses, deixando os ministros à beira de um ataque de nervos.
De tanto freqüentar o noticiário na condição de candidatos à degola, até ministros de modos afáveis, como Aldo Rebelo, chegaram a perder a paciência com políticos e jornalistas.
O ambiente de nervos à flor da pele fez com que o ex-presidente e hoje senador José Sarney se lembrasse da demissão de Ernesto Simões Filho (1886-1957) da pasta da Educação no governo de Getúlio Vargas.
O baiano perdeu o cargo por telefone. Estava num navio que o trazia da Europa. Um repórter estranhou sua calma ao desembarcar, e Simões Filho explicou:
-Meu filho, perdi o ministério, mas não a educação.


Próximo Texto: Após 4 meses, Lula nomeia apenas dois e pára reforma
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.