São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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CACIQUE PETISTA

Lula hesita, mas usa cocar em solenidade

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A seis meses da eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ignorou ontem a "maldição do cocar" e colocou o adereço na cabeça durante cerimônia com índios no Planalto. Depois disso, no mesmo evento, ouviu uma representante indígena pedir mais quatro anos do petista na Presidência.
"Torcemos que, na próxima gestão, estejamos mais uma vez juntos com o senhor [presidente], com o movimento indígena apoiando o senhor. E, quem sabe, na próxima gestão, o senhor assine o Conselho Nacional de Política Indigenista do Brasil", disse Azelene Kaingang, presidente da Warã Instituto Indígena Brasileiro, em discurso no Planalto.
O presidente participou pela manhã da assinatura do decreto que cria a Comissão Nacional de Política Indigenista. Antes de assinar o decreto, Lula posou ao lado de índios Rikbaktsa e recebeu um cocar do cacique Francisco Urbano Pokze. Discretamente, um integrante do cerimonial da Presidência ainda tentou evitar que Lula colocasse o objeto, mas não houve tempo. Constrangido, Lula se curvou para que o índio colocasse o cocar em sua cabeça. "É um cocar conhecido por myhara. Significa paz e amor", disse Pokze. Depois, Lula nem discursou.
Políticos acham que o adorno dá azar e citam os casos de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, que foram fotografados com ele. Em 1994, Lula ganhou um cocar em Campo Grande (MS) e depois perdeu a eleição. A ex-primeira-dama Ruth Cardoso também integra a lista: em 1995, ela quebrou o braço após ter ganho um de mulheres indígenas.


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