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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO
Prefeito recebe Paulinho, do PDT; Aloysio Nunes conversa com Quércia, do PMDB, e diz que candidatura tem o apoio do PTB e do PPS
Serra costura alianças para sair ao governo
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora se declare indeciso, o
prefeito de São Paulo, José Serra,
já costura uma aliança para disputar o Palácio dos Bandeirantes.
Anteontem, por exemplo, Serra
recebeu o presidente estadual do
PDT, Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho, e o deputado Geraldo
Vinholi (PDT). Programada para
tratar sobre um centro de solidariedade, a conversa desviou para a
corrida ao governo de São Paulo.
Amigos do prefeito apostam
num anúncio até o fim de semana, após uma romaria a seu gabinete. "Serra disse que não tem como escapar. E não tem muito
tempo", disse Paulinho, segundo
o qual os dois discutiram uma
eventual aliança, mesmo que apenas no segundo turno, caso o PDT
decida manter a candidatura de
Carlos Apolinário.
Animado, o secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira,
afirmou, na audiência, que a candidatura Serra contaria com amplo suporte partidário, incluindo
PTB e PPS. Ainda anteontem,
Aloysio conversou com o ex-governador e presidente estadual do
PMDB, Orestes Quércia. O secretário acenou com a possibilidade
de Quércia concorrer ao Senado
pela chapa de Serra, caso o prefeito venha mesmo a disputar.
Segundo tucanos, Quércia respondeu que a candidatura Serra
não inibiria a hipótese de se lançar
ao governo do Estado, mas reconheceu que ainda não se decidiu.
Tanto o PDT como o PMDB argumentam que é preciso esperar a
acomodação do cenário nacional
antes do desenho das candidaturas no Estado.
A composição com Quércia não
é a que mais agrada ao PFL, que
prefere o nome de Guilherme Afif
Domingos para o Senado. Nesse
caso, o deputado e presidente nacional do PMDB, Michel Temer,
poderá ser candidato a vice.
Além da articulação de alianças,
Serra autorizou a peregrinação de
tucanos a seu gabinete. Segundo o
líder do PSDB na Assembléia, Ricardo Tripoli, ele mesmo marcou
para as 15h de hoje o ato em que
22 deputados estaduais deverão
oficializar o apoio à candidatura.
Foi seu chefe-de-gabinete quem
programou, para o início da noite
de ontem, a ida de 9 dos 12 vereadores tucanos a seu gabinete.
Segundo o vereador Juscelino,
Serra se disse contente com o gesto. Questionado pelos vereadores
sobre a disposição de concorrer,
reagiu: "Calma, calma. Preciso
ouvir mais gente".
Pré-candidato ao Governo, José
Aníbal não estava lá. Na véspera,
Tripoli e o líder do governo na Assembléia, Edson Aparecido, foram destacados para informar ao
vereador a decisão da bancada em
favor da candidatura Serra. "Vou
disputar porque é legítimo. O que
é isso? Interdição?", disse ontem.
Dentro do ritual estimulado pelo próprio Serra, hoje a bancada
federal se reúne em Brasília na casa do deputado Júlio Semeghini,
de onde deverá telefonar para Serra manifestando apoio à candidatura. Os dez deputados federais
também querem ir à prefeitura.
Aliados de Serra fixam como
etapa para o anúncio da decisão
uma conversa com o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin,
que também pedirá que o prefeito
do Rio, Cesar Maia (PFL), concorra ao governo fluminense. Ontem, 128 dos 208 prefeitos do
PSDB estiveram na prefeitura para entregar um abaixo-assinado
apelando para que Serra se candidate a governador. "Serra governador em nada prejudicaria os
destinos da maior capital do
país", diz o documento.
Segundo Alberto Mourão, prefeito de Praia Grande e coordenador do ato, Serra não se manifestou sobre a candidatura e disse
que iria refletir. O prefeito de Itararé, João Jorge Fadel, usou carro
oficial na visita, o que é proibido.
Sua assessoria alegou que cumpria agenda oficial na cidade.
Ao longo do dia, Serra deu sinais contraditórios. Classificou a
visita dos prefeitos como "gesto
de simpatia", "o que não significa
tirar daí conseqüência imediata".
Por falar demais em futebol, foi
questionado por um jornalista se
anunciaria a candidatura em caso
de vitória do Palmeiras. "Mais fácil o Palmeiras ganhar", disse ele.
Mas fez questão de frisar que estava de brincadeira.
Outro sinal da intenção de sair
seria o cuidado de deixar a prefeitura organizada para a saída. Segundo tucanos, Serra tem discutido a substituição dos secretários
que concorrerão à Câmara. Uma
das apostas é a indicação do secretário de Serviços, Andrea Matarazzo, para a Secretaria de Subprefeituras.
A peregrinação de tucanos não
foi a única à prefeitura. Um grupo
de 80 motoboys protestou ontem
à tarde em frente ao edifício contra a exigência de adquirir um kit
para poder trafegar.
(CATIA SEABRA E CONRADO CORSALETTE)
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