São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO

Prefeito recebe Paulinho, do PDT; Aloysio Nunes conversa com Quércia, do PMDB, e diz que candidatura tem o apoio do PTB e do PPS

Serra costura alianças para sair ao governo

DA REPORTAGEM LOCAL

Embora se declare indeciso, o prefeito de São Paulo, José Serra, já costura uma aliança para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Anteontem, por exemplo, Serra recebeu o presidente estadual do PDT, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e o deputado Geraldo Vinholi (PDT). Programada para tratar sobre um centro de solidariedade, a conversa desviou para a corrida ao governo de São Paulo.
Amigos do prefeito apostam num anúncio até o fim de semana, após uma romaria a seu gabinete. "Serra disse que não tem como escapar. E não tem muito tempo", disse Paulinho, segundo o qual os dois discutiram uma eventual aliança, mesmo que apenas no segundo turno, caso o PDT decida manter a candidatura de Carlos Apolinário.
Animado, o secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, afirmou, na audiência, que a candidatura Serra contaria com amplo suporte partidário, incluindo PTB e PPS. Ainda anteontem, Aloysio conversou com o ex-governador e presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia. O secretário acenou com a possibilidade de Quércia concorrer ao Senado pela chapa de Serra, caso o prefeito venha mesmo a disputar.
Segundo tucanos, Quércia respondeu que a candidatura Serra não inibiria a hipótese de se lançar ao governo do Estado, mas reconheceu que ainda não se decidiu. Tanto o PDT como o PMDB argumentam que é preciso esperar a acomodação do cenário nacional antes do desenho das candidaturas no Estado.
A composição com Quércia não é a que mais agrada ao PFL, que prefere o nome de Guilherme Afif Domingos para o Senado. Nesse caso, o deputado e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, poderá ser candidato a vice.
Além da articulação de alianças, Serra autorizou a peregrinação de tucanos a seu gabinete. Segundo o líder do PSDB na Assembléia, Ricardo Tripoli, ele mesmo marcou para as 15h de hoje o ato em que 22 deputados estaduais deverão oficializar o apoio à candidatura. Foi seu chefe-de-gabinete quem programou, para o início da noite de ontem, a ida de 9 dos 12 vereadores tucanos a seu gabinete.
Segundo o vereador Juscelino, Serra se disse contente com o gesto. Questionado pelos vereadores sobre a disposição de concorrer, reagiu: "Calma, calma. Preciso ouvir mais gente".
Pré-candidato ao Governo, José Aníbal não estava lá. Na véspera, Tripoli e o líder do governo na Assembléia, Edson Aparecido, foram destacados para informar ao vereador a decisão da bancada em favor da candidatura Serra. "Vou disputar porque é legítimo. O que é isso? Interdição?", disse ontem.
Dentro do ritual estimulado pelo próprio Serra, hoje a bancada federal se reúne em Brasília na casa do deputado Júlio Semeghini, de onde deverá telefonar para Serra manifestando apoio à candidatura. Os dez deputados federais também querem ir à prefeitura.
Aliados de Serra fixam como etapa para o anúncio da decisão uma conversa com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que também pedirá que o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), concorra ao governo fluminense. Ontem, 128 dos 208 prefeitos do PSDB estiveram na prefeitura para entregar um abaixo-assinado apelando para que Serra se candidate a governador. "Serra governador em nada prejudicaria os destinos da maior capital do país", diz o documento.
Segundo Alberto Mourão, prefeito de Praia Grande e coordenador do ato, Serra não se manifestou sobre a candidatura e disse que iria refletir. O prefeito de Itararé, João Jorge Fadel, usou carro oficial na visita, o que é proibido. Sua assessoria alegou que cumpria agenda oficial na cidade.
Ao longo do dia, Serra deu sinais contraditórios. Classificou a visita dos prefeitos como "gesto de simpatia", "o que não significa tirar daí conseqüência imediata".
Por falar demais em futebol, foi questionado por um jornalista se anunciaria a candidatura em caso de vitória do Palmeiras. "Mais fácil o Palmeiras ganhar", disse ele. Mas fez questão de frisar que estava de brincadeira.
Outro sinal da intenção de sair seria o cuidado de deixar a prefeitura organizada para a saída. Segundo tucanos, Serra tem discutido a substituição dos secretários que concorrerão à Câmara. Uma das apostas é a indicação do secretário de Serviços, Andrea Matarazzo, para a Secretaria de Subprefeituras.
A peregrinação de tucanos não foi a única à prefeitura. Um grupo de 80 motoboys protestou ontem à tarde em frente ao edifício contra a exigência de adquirir um kit para poder trafegar. (CATIA SEABRA E CONRADO CORSALETTE)

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