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Câmara propõe gastos mais fáceis e salário de R$ 16 mil
Projeto que eleva em 26,5% salários de parlamentares, Lula e ministros irá a plenário
Comissão de Finanças ainda aprova proposta que deixa congressistas usarem parte de verba indenizatória sem precisarem comprovar fim
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto de reajustar salários no Congresso e no Executivo saiu ontem da gaveta. A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou, em
poucos minutos, reajuste de
26,5% nos subsídios do presidente da República, de seu vice,
dos 34 ministros de Estado e
dos 594 congressistas, além de
permitir aos deputados federais e senadores gastar até mais
R$ 5.417 mensais em verbas
sem prestar contas.
O impacto nos cofres públicos será de pelo menos R$ 566
milhões ao ano, já que o reajuste causa um efeito cascata nas
27 Assembléias e nas mais de
5.000 Câmaras Municipais.
Os projetos aprovados -que
levam em conta a inflação acumulada entre fevereiro de 2003
e fevereiro deste ano- precisam ser ratificados pelos plenários da Câmara e do Senado.
Pelas propostas, os salários
de deputados federais e senadores sobem de R$ 12.847 para
R$ 16.250, o do presidente da
República de R$ 8.885,48 para
R$ 11.239,24, e o do seu vice e
dos ministros de R$ 8.362,80
para R$ 10.578,11.
Os salários do presidente e
dos ministros não tiveram reajustes que superaram 4% desde
1995. Em posse ministerial há
uma semana, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva chamou os
ministros de "heróis" por aceitarem a atual remuneração.
Nos anos posteriores, foram
aplicados os mesmo índices
concedidos aos servidores públicos da União. Já os congressistas tiveram, em 2003, um
aumento de 53,8%. Depois disso, o único reajuste foi de 1%.
A recente articulação em torno dos reajustes começou em
2006, com a frustrada tentativa
de elevar em 91% o salário de
parlamentares. Desde então,
surgiram propostas de elevação
não só em salários como em
verbas. A cota de passagens aéreas dos deputados subiu 2,6%
na semana passada.
Na reunião de ontem, as propostas de aumento chegaram a
ser retiradas da pauta de votação, mas, quase no final, com a
sala esvaziada, o assunto voltou
à pauta e foi aprovado rapidamente e por unanimidade.
Líderes
A Folha apurou que antes da
realização da sessão, líderes governistas teriam conversado
sobre as propostas. Com do líder do PTB, Jovair Arantes
(GO), os demais negaram e disseram que os projetos foram
gerados na cabeça do presidente da Comissão de Finanças,
Virgílio Guimarães (PT-MG).
"Fomos surpreendidos e vamos analisar com os líderes.
Não acompanhei a discussão e
não sei como foram analisados
os aspectos daquela proposta",
afirmou o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP),
apesar de deputados dizerem
que ele foi avisado um dia antes. Chinaglia se posicionou
contra o reembolso de verbas
sem prestação de contas.
Por outro projeto aprovado
ontem, até R$ 5.416,81 de um
total de R$ 15.000 da atual verba mensal para manutenção de
escritórios dos congressistas
nos Estados poderão ser reembolsados sem apresentação de
notas fiscais. Hoje, só há reembolso mediante comprovante.
Na prática, se aprovado, o
reajuste parlamentar poderá
superar teoricamente os 60%,
já que o dinheiro poderá ser
simplesmente embolsado.
Virgílio Guimarães justificou
assim a medida: "Os parlamentares têm reclamado muito disso. É o sujeito que pega um táxi
e esquece de pedir a nota. Imagina essa situação desagradável
de um deputado ter que aumentar uma nota para compensar a outra. É natural que
haja uma flexibilidade".
(RANIER BRAGON, LETÍCIA SANDER E FÁBIO ZANINI)
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