São Paulo, domingo, 23 de março de 2008

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Lula descarta aliança nacional com PSDB

Para presidente, a coligação costurada em Minas Gerais entre tucanos e petistas não deve se repetir em outros Estados

Em entrevista à TV Gazeta, presidente diz, sobre sua relação com Serra e Aécio, que não há possibilidade de não ser amigo de governante

DA REDAÇÃO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não acreditar que a aliança PSDB-PT que está sendo articulada pelo governador tucano Aécio Neves (MG) e pelo prefeito petista de Belo Horizonte Fernando Pimentel para a sucessão na capital mineira seja repetida em outros Estados.
"Hoje [essa aliança no país] é impossível. O fato de o Aécio fazer um acordo com o prefeito Pimentel não quer dizer que seja aceito pelo PT", disse em entrevista ao programa "Em Questão", da TV Gazeta, gravado durante a semana e que vai ao ar hoje, a partir das 23h45.
Apesar das diferenças entre os dois partidos, Lula disse ter bom relacionamento com os governadores tucanos Aécio e José Serra (SP). "Não há possibilidade de não ser amigo de quem for governante".
Sobre eleições, o petista afirmou que trabalha para fazer seu sucessor em 2010, mas que ainda não está discutindo o assunto e nem tem um candidato. Ele espera que os partidos que compõem a base de sustentação do governo comecem a trabalhar um nome após as eleições municipais deste ano.
Lula relatou que o governo procura negociar com o Congresso Nacional uma nova maneira para editar as medidas provisórias, que têm sido alvo de reclamação de parlamentares. "Precisamos encontrar um ponto de equilíbrio para que nem o Congresso Nacional deixe de cumprir sua função nem o governo deixe de governar."
Durante a entrevista, que durou 35 minutos, o presidente falou ainda que espera que os Estados Unidos "debelem sua crise financeira o quanto antes, para não jogar nas costas dos países em desenvolvimento os prejuízos dela". Ressaltou que o Brasil não tem nenhuma participação na crise por não possuir investimentos no mercado imobiliário norte-americano e que se sente em uma situação financeira confortável.
As turbulências no mercado norte-americano tiveram início na inadimplência entre os consumidores do segmento "subprime" (de alto risco). Para analistas, os Estados Unidos estão entrando em recessão.
Na última semana, as principais Bolsas do mundo, com exceção das asiáticas, fecharam em queda. A Bolsa de Valores de São Paulo chegou a registrar sua segunda pior queda no ano: 5,01%, para 58.827 pontos.

Diplomacia e reforma
Questionado sobre os problemas diplomáticos com a Espanha, provocados pelo veto à entrada de brasileiros, Lula disse que se sentiu ofendido e que o assunto será resolvido em breve pelo Itamaraty.
O aumento de brasileiros inadmitidos na Espanha ganhou repercussão quando a mestranda em física da USP Patrícia Magalhães foi barrada, no início de fevereiro.
Conforme o Ministério do Interior espanhol, nos meses de janeiro e fevereiro, 880 brasileiros foram impedidos de entrar na Espanha. Em contrapartida, após o agravamento da crise, o governo brasileiro começou a impedir a entrada de espanhóis no Brasil. Desde então, ao menos 24 foram barrados nos aeroportos brasileiros.
Na entrevista, o petista disse também que a reforma tributária que está em tramitação no Congresso Nacional não é um projeto de governo, mas uma necessidade do país.
Lula reiterou que é contrário à proposta de um terceiro mandato e que não vê a hora de chegar o dia 2 de janeiro de 2011, quando, segundo ele, estará em sua casa, em São Bernardo do Campo (SP), sem o compromisso de governar o Brasil.
"Peço a Deus que chegue esse dia. Comecei na militância política aos 23 anos. Hoje tenho 62 anos. Penso que chega um momento que a gente precisa parar", concluiu, dizendo que não deixará de fazer política.


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