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Polícia liga deputado do PMDB a mensalão do DF
Relatório da PF cita Eunício Oliveira, ex-ministro de Lula e pré-candidato ao Senado
Polícia considera discrepante pagamento de R$ 666 mil feito pelo governo do DF a uma empresa do deputado; ele nega irregularidades
FILIPE COUTINHO
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O escândalo do mensalão do
DEM chegou ao Congresso e ao
maior partido do país, o PMDB.
Relatório da Polícia Federal pela primeira vez incluiu um deputado federal no inquérito da
Operação Caixa de Pandora:
Eunício Oliveira, ex-ministro
do governo Lula e hoje o peemedebista mais importante do
Ceará.
A polícia suspeita que uma
empresa de Eunício se beneficiou do esquema que desviou
dinheiro público e distribuiu
propinas no Distrito Federal
-e que levou à prisão do governador agora cassado José Roberto Arruda.
A Folha obteve cópia desse
novo relatório da PF, que já foi
entregue ao Ministério Público
Federal. Ele é o resultado da
análise do material apreendido
na segunda etapa da Caixa de
Pandora, realizada em 21 de
dezembro do ano passado.
O documento cita quatro vezes o nome de Eunício e oito
vezes os de empresas das quais
ele é sócio. Ele sugere ainda
que sejam aprofundadas as investigações sobre os contratos
das empresas com o DF.
Como deputado, Eunício
tem foro especial. Para que ele
seja alvo da polícia, é preciso
que o inquérito da Caixa de
Pandora receba a chancela do
Supremo Tribunal Federal.
As suspeitas da PF giram em
torno de uma autorização de
pagamento a uma das empresas de Eunício, a prestadora de
serviços de limpeza Manchester. A verba foi liberada por Gibrail Gebrim, ex-funcionário
do governo e apontado como
operador do mensalão na Secretaria de Educação do DF.
A polícia classificou como
"paradoxal e discrepante" um
dos pagamentos à Manchester,
no valor de R$ 666 mil. Disse
haver indícios que a autorização de liberação dessa verba foi
"enxertada fora do padrão".
Chamou a atenção dos investigadores o descompasso entre
datas e números da autorização dos repasses. O pagamento
para a Manchester ganhou o
número 1.197 e foi autorizado
em 15 de dezembro de 2009
-antes de outras empresas que
estavam à frente na ordem de
liberação. A autorização 325,
por exemplo, foi expedida três
dias após a da Manchester.
"As solicitações de pagamento apresentam incompatibilidade cronológica, como se tivessem sido enxertadas posteriormente em uma sequência
previamente existente", escreveu a PF no texto.
"Resta indagarmos acerca da
verdadeira natureza que possa
envolver, ainda que eventualmente, os parlamentares", afirmou a PF, aludindo a Eunício e
ao ex-deputado distrital Leonardo Prudente (ex-DEM e hoje sem partido), cujos filhos
têm contratos na Secretaria de
Educação.
Eunício é da ala governista
do PMDB. Foi ministro das Comunicações de 2004 a 2005 e é
pré-candidato ao Senado.
O delator do mensalão do
DEM, Durval Barbosa, já havia
entregue à PF um vídeo em que
deputados do PMDB eram citados como beneficiários do esquema. Entre eles, o presidente da Câmara, Michel Temer.
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