|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALIADOS EM CRISE
Senador desiste de tentar atacar ex-diretora do Prodasen e vai sustentar que nunca ordenou violação
Depoimento leva ACM a mudar sua defesa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O depoimento da ex-diretora
do Prodasen Regina Célia Borges
forçou o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) a mudar a
estratégia para se defender da
acusação de que teria ordenado a
violação do painel do Senado.
A riqueza de detalhes com que
Regina narrou as razões que a levaram a violar o painel fez ACM
desistir de tentar desmoralizá-la.
Poderia consagrar-lhe a posição
de vítima, cunhada no Conselho
de Ética. O senador destacou quatro pontos do depoimento de Regina para tentar se descolar da posição de "mandante" da violação.
1. Dirá que em nenhum momento Regina Célia Borges declarou ter recebido dele qualquer ordem para executar a fraude.
2. Negará a autoria da ligação
em que, segundo a ex-diretora do
Prodasen, ele teria agradecido o
serviço prestado. Seu principal argumento será a forma reticente
com que a ex-diretora do Prodasen descreveu o episódio, no qual
ACM teria utilizado o termo "valeu" para lhe agradecer.
3. Caracterizará como incompatível a experiência profissional de
Regina, que é funcionária do Prodasen há 26 anos, com a obediência incondicional ao que teria sido
a ordem de um senador (ACM)
transmitida por outro (Arruda),
sem verificar os fatos.
No depoimento, Regina disse
que confiava na suposta origem
da ordem porque entregaria a lista ao pefelista. ACM dirá que a ex-diretora, como ela mesma declarou, entregou a lista a Domingos
Lamoglia, um assessor de Arruda.
4. Lembrará as relações políticas
de Regina, que é filiada ao PSDB
(partido de Arruda) desde 1994.
Outro fator será dizer que Regina
afirmou ser contra o voto secreto.
5. Regina disse disse que sofreu
pressão psicológica para cumprir
a ordem. ACM levantará a seguinte questão: como é possível ter havido pressão psicológica, se a ordem supostamente teria sido dada por volta das 21h e foi cumprida até a manhã do dia seguinte?
6. Contará duas histórias que
demonstrariam que Regina estava instruída a não executar ordens que não tivessem sido dadas
diretamente por ele.
Uma delas refere-se à contratação de um filho da delegada Débora Menezes pelo Prodasen. A
contratação foi feita, segundo ele,
porque Regina entendeu que era
feita a pedido dele, porque Débora era namorada de Rubens Galerani, seu amigo pessoal e ex-representante do governo da Bahia
em Brasília.
ACM relata que exigiu a demissão do contratado assim que soube do ocorrido e disse ter instruído Regina a não mais inferir quais
seriam seus desejos.
ACM tentará manter o governo
fora do caso. Teme que o presidente Fernando Henrique Cardoso possa usar o momento para resolver suas diferenças com ele.
(ANDRÉA MICHAEL e WILLIAM FRANÇA)
Texto Anterior: "Acho difícil abafar", diz Saturnino Próximo Texto: Sucessão de crises preocupa FHC Índice
|