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ROMBO AMAZÔNICO
Procuradoria quer examinar contas dos ex-superintendentes Maurício Vasconcelos e Arthur Tourinho
Justiça quebra sigilo bancário de acusados
LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS
A Justiça Federal em Tocantins
aprovou a quebra do sigilo bancário dos integrantes do Grupo Soares, que tem oito projetos de financiamento da Sudam em Tocantins, Pará e Amapá, e de seis
sócios de três empresas criadas
em Paraíso (TO).
O Ministério Público Federal
em Tocantins vai pedir nesta semana a quebra do sigilo bancário
de outros 39 integrantes do grupo
acusado de fraudar a Sudam nos
três Estados. Entre eles estão os
donos de escritórios de consultoria Geraldo Pinto da Silva e Maria
Auxiliadora Barra Martins.
Também será pedida a quebra
de sigilo do ex-secretário-executivo do Ministério da Integração
Nacional e ex-superintendente da
Sudam Maurício Vasconcelos e
do ex-superintendente da Sudam
José Arthur Guedes Tourinho.
As três empresas criadas em Paraíso seriam, segundo o Ministério Público, de Romildo Onofre
Soares, líder do Grupo Soares,
que já recebeu R$ 18 milhões da
Sudam. Também tiveram o sigilo
quebrado os sócios José Soares
Sobrinho e Sebastião José Soares.
Os seis sócios das empresas
-três deles empregados de Romildo- teriam sido usados como "laranjas". Romildo é procurador das empresas Frango Líder
e Paraíso Agroindustrial. Ronaldo
Soares, filho de Romildo, é um
dos sócios da Refrigerante Xuí.
Os escritórios de Geraldo Pinto
e de Maria Auxiliadora apresentaram projetos e documentos das
empresas de Paraíso à Sudam.
Num dos depoimentos colhidos
pela Polícia Federal em Palmas,
Clodoaldo de Abreu Arruda, sócio da Paraíso Agroindustrial, disse que Romildo é seu procurador
"com plenos poderes para gerenciar e administrar a empresa".
Clodoaldo, Ezequiel da Costa e
Sidely Santana, sócios das empresas Paraíso Agroindustrial e Frango Líder, não comprovaram a origem dos seus bens e são todos
empregados de Romildo. Ezequiel e Sidely, que estiveram presos na PF, se deslocaram de Altamira (PA) a Palmas de ônibus.
Nas investigações da Polícia Federal, não foi identificado nos cartórios de registros de imóveis nenhum dos imóveis declarados pelos três. Sidely, sócio da Frango
Líder, declarou ser proprietário
da fazenda Petrópolis, de 3.190
hectares, em Vitória do Xingu
(TO). O cartório local informou
não ter registro desse imóvel.
No pedido da carta-consulta à
Sudam, Clodoaldo enviou cópia
de declaração de renda: um rendimento anual de R$ 11,6 mil. Seu
patrimônio declarado era de R$
3,6 milhões. Seu sócio, Ezequiel,
apresentou renda anual de R$ 10,2
mil e patrimônio de R$ 4 milhões.
O Ministério Público tem convicção de que os projetos fraudulentos só foram aprovados porque houve conivência de funcionários e diretores da Sudam. O órgão chegou a realizar auditoria
sobre o caso Frango Líder, em outubro e novembro. Os auditores
apuraram que a empresa havia integralizado R$ 2,7 milhões.
O Ministério Público concluiu,
porém, que o relatório da auditoria "é mera simulação para referendar e consolidar a inversão de
capital público em benefício de
terceiros, "laranjas", em franco
prejuízo do Finam. Os sócios da
Frango Líder jamais integralizaram os R$ 2,7 milhões".
A Sudam também não investigou a veracidade da declaração de
bens dos sócios da Frango Líder.
"A Sudam engoliu em seco tal declaração, ignorando e não determinando diligências para apurar
a contradição entre a renda dos
contribuintes e o farto acervo patrimonial por eles apresentados",
conclui o Ministério Público.
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